ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Perfil de sensibilidade de cepas de Escherichia coli isoladas de alimentos comercializados na cidade de Fortaleza.

AUTORES: SOARES, K.P (UECE) ; MENDES, L.G (UFC. UECE) ; AMORIM, L.N. (UFC) ; NASCIMENTO, K.M (UECE) ; CUNHA, F.A (UFC) ; SOUSA, G.C (UFC. CENTEC) ; SANTOS, G.R (UFC) ; LIMA NETO, J.G. (UECE.UFC) ; MENEZES, E.A (UFC)

RESUMO: Bactérias resistentes a antibióticos ou seus determinantes de resistência podem se disseminarem de animais para humanos via cadeia alimentar. Foram coletadas e analisadas 80 amostras de hortaliças minimamente processadas e 80 amostras de carne de frango comercializadas em Fortaleza. Foram avaliadas o perfil de sensibilidade de 40 cepas de E.coli isoladas desses alimentos (11 cepas de carne de frango e 29 de hortaliças). Das cepas de E.coli estudadas 27,5% foram resistentes a ampicilina, 72,5% resistentes à doxiciclina, 47,5% as sulfonamidas, 27,5% a estreptomicina e sulfametoxazol e trimetroprima, 5% a ciprofloxacina, 7,5% a gentamicina, 2,5% amicacina, não foram observadas resistência para a ceftazidima e imipenem. E. coli é a principal bactéria do intestino é uma bactéria patogênica.

PALAVRAS CHAVES: escherichia coli. resistência. antimicrobianos

INTRODUÇÃO: Escherichia coli é um habitante normal do trato intestinal de animais e do homem e exerce um efeito benéfico sobre o organismo, suprimindo a multiplicação de bactérias prejudiciais. Dentre as cepas de E. coli, entretanto, há um grupo capaz de provocar doenças em humanos e animais, coletivamente chamadas de E. coli enteropatogênicas (EEC)(7). Bactérias resistentes a antibióticos ou seus determinantes de resistência são conhecidos por se disseminarem de animais para humanos via cadeia alimentar (2). Os alimentos representam um importante veículo de transmissão de doenças, principalmente quando manipulados de forma inadequada e cultivados com água contaminada. A administração de antibióticos em doses sub-terapêuticas, como promotores de crescimento, a animais tem favorecido a disseminação de organismos resistentes (11). O consumo de carne de aves tem aumentado em todo o mundo, em virtude de fatores como a imagem saudável do produto associada pelo seu baixo teor de gordura e alto teor de proteína, disponibilidade crescente de produtos processados à base de carne e seu baixo preço (3,11). É reconhecido mundialmente que os alimentos de origem animal são os mais importantes veiculadores de microrganismos causadores de doenças de origem alimentar. A identificação desses agentes ajudará a elaborar medidas de controle e prevenir sua distribuição no produto final e, consequentemente, impedir sua ingestão pela população, diminuindo o risco de doença e de redução no meio ambiente. A qualidade microbiológica das hortaliças minimamente processadas está relacionada à presença de microrganismos deteriorantes (1). O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de sensibilidade de cepas de E.coli isoladas de alimentos comercializados em Fortaleza.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas e analisadas 80 amostras de hortaliças minimamente processadas comercializadas em Fortaleza. As hortaliças estudadas foram: 8 amostras AC – Acelga; 10 amostras de AF - alface; 8 de TC - tomate cereja; 8 de RRRV – repolho roxo, repolho verde; 10 de CV – cenoura e vagem; 8 de CR – cenoura ralada; 10 de CRRVRR – cenoura ralada, repolho verde e repolho roxo; 10 de SAL – saladas e 8 de CCSP – coentro, cebola e salsa picados. Foram coletadas 80 amostras de carne de frango resfriada e congelada, na forma de carcaça e em cortes, comercializada em vários estabelecimentos localizados na cidade de Fortaleza, Ceará. Foram realizadas as análises microbiológicas para determinação do Número Mais Provável de coliformes a 35°C e a 45°C (8). Dos coliformes fecais isolados foram selecionados e avaliadas o perfil de sensibilidade de 40 cepas de E.coli isoladas de alimentos (11 cepas foram isoladas de carne de frango e 29 foram isoladas de hortaliças minimamente processadas). Foi avaliado o perfil de sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: amicacina (10µg), ampicilina (10µg), ciprofloxacina (5µg), ceftazidima (30µg), estreptomicina (10µg), doxiciclina (10µg), gentamicina (10µg), imipenem (10µg), sulfonamidas (10µg) e sulfametoxazol + trimetroprim (25/1,5µg). As cepas foram testadas utilizando a metodologia de Kirby-Bauer, método de difusão de discos contendo o antimicrobiano em meio de cultura Muller-Hinton. Como controle foi utilizada a cepa K. pneumoniae ATCC 13883 (5).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas cepas de E.coli estudadas o padrão de resistência observado foi: 27,5% das cepas resistentes à ampicilina, 72,5% resistentes à doxiciclina, 47,5% à sulfonamidas, 27,5% à estreptomicina e sulfametoxazol e trimetroprima, 5% à ciprofloxacina, 7,5% a gentamicina, 2,5% a amicacina, não foram observadas resistência para a ceftazidima e imipenem. E. coli é a principal bactéria do intestino é uma bactéria patogênica e é o principal patógeno em infecções da corrente sanguínea (4). As cepas de E. coli oriundas de amostras de carne de frango foram mais resistentes a antibióticos. Em um estudo realizado no estado do Ceará com 124 cepas de E.coli, isoladas de alimentos de origem animal, 63% apresentaram resistência a pelo menos dois antibióticos, a sulfonamida foi a droga que apresentou menor ação sobre as cepas (6). No nosso estudo das 19 cepas testadas 47,5% apresentaram resistência a sulfonamida. Em um estudo com 406 cepas de E.coli isoladas de fezes foi observado resistência de 16,7% à ampicilina, 0,7% à ciprofloxacina e 8,6% ao sulfametoxazol e trimetroprim (9). No nosso trabalho 27,5% das cepas de E. coli foram resistentes à ampicilina e 27,5% resistentes ao sulfametoxazol + trimetroprim. O fenômeno da resistência inclui uma variedade de microrganismos e uma variedade de drogas, sendo um fenômeno global. As conseqüências, para saúde pública, do fenômeno da resistência são gigantescos, por que restringem as opções terapêuticas, além disso grandes companhias farmacêuticas têm restringido os investimentos na descoberta de novos fármacos (4). Resistência a antibióticos por parte de cepas de E. coli têm sido reportado em todo mundo. A resistência varia em decorrência da área geográfica e origem da amostra. É preocupante o isolamento de cepas resistentes a ciprofloxacina.

CONCLUSÕES: As cepas de E. coli apresentaram uma elevada resistência a ampicilina e as sulfonamidas e a doxiciclina essas drogas são muito utilizadas em medicina humana e essa resistência observada pode comprometer o tratamento de pacientes com essas bactérias. Foi possível perceber um número mais elevado de cepas de E. coli isoladas de hortaliças, isso demonstra a falta de qualidade na produção dessas hortaliças e pode ser uma ameaça à saúde, pois hortaliças são consumidas cruas. As cepas oriundas de frango apresentaram maior resistência devido à utilização de antibióticos como promotores de crescimento. Cepas de E. coli resistentes à ciprofloxacina foram detectadas uma droga desenvolvida para essa bactéria. È necessário realizar constante monitoramento da resistência dessas bactérias.

AGRADECIMENTOS:

À FUNCAP pelo apoio financeiro para realização desta pesquisa e a Universidade Federal do Ceará por permitir a realização dessa pesquisa.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. BEUCHAT, L.T. Ecologic factor influencing survival and growth of human pathogens on raw fruits and vegetables. Microbes Infection. 4:413-23.2002.
2. BOEHME, S.; WERNER, G.; KLARE, I.; REISSEBROOT, R.; WITTE, W. Occurrence of antibiotic-resistant enterobacteia in agricultural foodstuffs. Mol. Nuttr. Food Res. 48(7):522-31.2004.
3. CARDOSO, A.L.S.P.; CASTRO, A.G.M.; TESSARI, E.N.C.; BALDASSI, L.; PINHEIRO, E.S. Pesquisa de Salmonella spp, coliformes totais, coliformes fecais, mesófilos, em carcaças e cortes de frango. Higiene Alimentar, v.19, n.128, p.144-150, 2005.
4. ERB, A.; STÜRMER, T.; MARRE, R.; BRENNER, H. Prevalence of antibiotic resistance in Escherichia coli: overview of geographical, temporal, and methodological variations. Eur. J. Clin. Microbiol. Infect. Dis. 26:83-90.2007.
5. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN JR., W. C. – Diagnóstico microbiológico. Editora MEDSI, São Paulo, 2006.
6. MARTINS, S.C.S.; LIMA, J.R.; ALMADA, J.S.; PEREIRA, A.I.B. Screening de linhagens de Escherichia coli multiresistentes a antibióticos em alimentos de origem animal do estado do Ceará, Brasil. Higiene Alimentar. 17(104/105):71-76.2003
7. SILVA, N. et al. Ocorrência de Escherichia coli O157:H7 em hortaliças e resistência aos agentes de desinfecção de verduras. Cienc. Tecnol. Aliment.. 23(2):167-73.2003.
8. SIQUEIRA, R. S. Manual de microbiologia de alimentos. Brasília: EMBRAPA, 1995. 159 p.
9. STÜRMER, T.; ERB, A.; MARRE, R.; BRENNER, H. Prevalence and determinants of colonization with antibiotics-resistant Escherichia coli in unselected patients attending general practitioners in Germany. Pharmacoepidemiol. Drug. Saf. 13:303-308.2004.
10. THREFALL, E.J. et al .The emergence and spread of antibiotic resistance in food-borne bacteria.Int.. J. Food. Microbiol. 62:1-5.2000.
11. VIEIRA, C.R.N. & TEIXEIRA, C.G. Condições higiênico-sanitárias de carcaças resfriadas de frango comercializadas em Poços de Caldas-MG. Higiene Alimentar, v.11, n.48, p.36-40, 1997.