ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: INFLUENCIA DO MÉTODO DE EXTRAÇÃO E DA ALTITUDE NO TEOR DE ÓLEO EXTRAÍDO DE SEMENTES DE MAMONA CULTIVADAS NO RN

AUTORES: SANTOS, A.G.D (UERN) ; SOUZA, L.D (UERN) ; SOUSA JÚNIOR, F.S (UERN) ; ARAUJO, A.M.M (UERN) ; EVANGELISTA, J.P.C (UERN)

RESUMO: Mediu-se o teor de óleo de sementes de mamona cultivadas em diferentes municípios no RN, selecionados por apresentarem diferentes altitudes. Analisou-se também o volume de óleo obtido por dois métodos de extração. As medidas foram feitas a frio usando um filtro prensa adaptado em prensa mecânica de 15 ton e a quente num sistema Soxhlet com refluxo durante 5 h. Constatou-se que a altitude e a forma do cultivo da mamona influenciam no teor de óleo obtido. Estes resultados indicam que o zoneamento precisa ser revisto para considerar a produtividade da mamona, o volume de óleo obtido e a qualidade deste óleo, em um zoneamento que seja orientado para produzir mamona para biodiesel.

PALAVRAS CHAVES: extração, óleo de mamona e zoneamento

INTRODUÇÃO: Apesar de não ser recente o interesse por óleos vegetais para fins combustíveis, esse vem aumentado, em função da necessidade de se produzir maior quantidade de óleo para fabricação de Biodiesel, para que se possa entrar em vigor a lei federal 11.097, 2005. No RN o cultivo que vem tendo maior incentivo é o da mamona. Segundo alguns autores [AZEVEDO E LIMA (2001), APUD Anthonisen (2006)], a semente de mamona é constituída em média por 35% de casca e 65% de amêndoas, sendo que aproximadamente 50 % desta é óleo. O percentual de amêndoa varia de acordo com as condições edafoclimáticas de produção. A procura por semente com maior teor de amêndoa torna necessária a realização de zoneamentos que indiquem os locais mais produtivos. Outra preocupação deve ser a forma com que esse óleo vai ser extraído, aja visto que em grande escala, qualquer valor desperdiçado implica em prejuízos.
Esse trabalho fez a extração a frio via prensagem e à quente via extração por solventes de óleos de sementes de mamona cultivados em cidades de diferentes localidades do RN selecionadas em função da altitude e do zoneamento existente, para analisar se há influência da altitude e do tipo de extração no % de óleo obtido.


MATERIAL E MÉTODOS: Para extração a frio adaptou-se um filtro prensa usando uma prensa mecânica Ribeiro de 15 ton . Pesou-se um quilo de amêndoas e levou-se para prensar com a casca. Na extração a quente, inicialmente triturou-se as sementes, em um liquidificador, logo após preparou-se saches usando papel de filtro comum (tipo Mellita). Destes foram extraídos o óleo usando-se hexano como solvente num sistema Soxhlet com refluxo durante 5 h, sendo o solvente recuperado num rotavaporador.
Em ambas as extrações, a semente passou pelos processos prévios de lavagem e secagem por 24 h em uma estufa a 70º C.
Extraíram-se óleos de sementes de mamonas das cidades de Martins, Luis Gomes (zoneadas), Mossoró e Severiano Melo (não zoneadas). Os Experimentos foram feitos em triplicata, adotando como resultado a média aritmética.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as amostras quanto ao teor de óleo obtido estão abaixo do previsto na literatura. Quanto ao volume de óleo obtido na extração a quente, as cidades com menores altitudes, apresentaram os maiores volumes, o que se faz crer que essas sementes, possuem uma maior quantidade de compostos apolares, aja visto que o solvente utilizado é apolar. Cabe ainda ressaltar, que nessas sementes existe um percentual de compostos polares, que ao ser extraído com solventes polares, aumentam significativamente o teor de óleo até valores próximos da literatura. No caso da extração a frio devemos lembrar que a mesma foi feita numa termoprensa adaptada, o que torna este processo difícil de ser comparado com outras extrações que usam filtros prensa comerciais.
Na extração a frio, com exceção de Mossoró, os demais valores seguem o previsto no zoneamento, de que quanto maior for à altitude melhor a produtividade. No entanto, este trata somente da produtividade relacionada à quantidade de semente produzida por hectare e não o volume de óleo obtido. Tendo isso em vista, pode-se inferir que esta forma de zonear é equivocada, já que não adianta produzir uma grande quantidade de semente, se o produto de interesse (óleo) não for de qualidade satisfatória. Quanto ao óleo de sementes cultivadas em Mossoró, tem-se conhecimento de como este foi feito, destacando-se que foi constantemente acompanhado durante todo o ciclo por agrônomos, que faziam o suporte técnico. Isto certamente altera a qualidade do produto e influência no volume de óleo obtido suplantando em alguns casos o efeito da altitude. Ao comparar os índices de óleos obtidos das duas extrações, nota-se que a extração a frio, apresentou maiores valores, isso ocorre pelo fato dessa não ser seletiva, como a quente.




CONCLUSÕES: Os resultados obtidos indicam que:
1.Deve-se rever o zoneamento para considerar a produtividade da mamona, o volume de óleo obtido e a qualidade, em um zoneamento que seja orientado para produzir mamona para biodiesel.
2.A forma de como a semente de mamona foi cultivada, implica diretamente na quantidade de óleo produzido, sendo necessário um estudo mais aprofundado, para que se possa obter uma maior quantidade de óleo com qualidade para fabricação de biodiesel.
3.O método de extração altera o valor do volume obtido, bem como a composição das diversas frações que formam o óleo.


AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, pela bolsa de IC do sistema PIBIC/UERN.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AZEVEDO, D.M.P; LIMA,E.F. O agronegócio da mamona no Brasil . Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, 2001.350p; APUD ANTHONISEN, D; SCHIRMER , M ; SILVA , S. D. A; FREIRE , E . K . Teor de óleo em sementes de Mamona de variedades introduzidas na Zona Sul do Rio Grande do Sul. Embrapa Clima Temperado, 2006.
BRASIL. Presidência da República. Lei 11.097. Brasília: 2005
www.citybrasil.com.br , visitado em 29/05/2007, às 14h30min.
MACEDO, I.C. e NOGUEIRA, L.A .H. , Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República –Cadernos NAE, 2004 ,2.
OLIVIERA, L.B. e COSTA, A.O. - Biodiesel: Uma experiência de desenvolvimento sustentável,2004. Disponivel na página http://www.ivig.coppe.ufrj.br/pbr/proj_biodiesel , acessada em maio 2006