ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: QUANTIDADE OU QUALIDADE: A ACIDEZ COMO INDICATIVO DA NECESSIDADE DE APRIMORAMENTO NO ZONEAMENTO DA MAMONA.

AUTORES: SANTOS,A.G.D (UERN) ; SOUZA, L.D (UERN) ; JÚNIOR, F.S.S. (UERN) ; EVANGELISTA, J.P.C. (UERN) ; ARAUJO,A.M.M. (UERN)

RESUMO: Mediu-se a acidez de óleos de sementes de mamona cultivadas em diferentes cidades do RN escolhidas por apresentarem diferentes altitudes. Analisou-se também a acidez com diferentes formas de obtenção dos óleos. A medida foi feita usando o método descrito na ASTM D-664. Constatou-se que tanto a forma de obtenção do óleo e a altitude interferem na acidez, indicando que o zoneamento será de grande valor se considerar, além dos aspectos de produtividade um estudo das propriedades que irão interferir diretamente na qualidade do combustível a ser produzido.

PALAVRAS CHAVES: óleo de mamona, zoneamento e acidez

INTRODUÇÃO: A sociedade atual tem uma grande preocupação com a busca de novas fontes de energia que sejam menos poluentes e renováveis, para que se possam amenizar os grandes problemas ambientais que se vem enfrentando. Dentre essas, encontra-se o Biodiesel, que apresenta inúmeras vantagens, como ser produzido a partir de graxas animais e óleos vegetais. Entre as oleaginosas que produzem estes óleos, no Rio Grande do Norte, a Mamona (Ricinus communis, L.) vem tendo grande incentivo, devido a seu fácil cultivo e adaptação às condições regionais do semi-árido, (PARENTS. E.J. S, 2003).
A pesar disso e despertando-se para a grande demanda que se terá dessa oleaginosa, fez-se um zoneamento das melhores áreas para esta cultura no Estado. De acordo com Amorim Neto (1999), para que se tenha uma boa produção, deve-se ter altitude entre 300 e 1.500 m, precipitação pluviométrica de pelo menos 500mm e temperatura média do ar entre 20 e 30° C. O solo pode ser de vários tipos , argilosos, sódicos e ou salinos.
Essas diversidades de condições têm gerado contradições no número de municípios do Estado considerados aptos ao cultivo, ou seja, zoneados. (AMORIN. N.S ; Gilmar.B; SILVA.M.T)
No entanto, este zoneamento tem como base apenas a produtividade, não considerando as qualidades que o óleo deve ter (ANP, 2003) para ser usado com sucesso para produzir biodiesel. Diante disto, esse trabalho analisou a acidez de óleos de cidades zoneadas e não zoneadas do RN, verificando a influência nessa propriedade da altitude usada no zoneamento, bem como da forma com que o óleo foi extraído.


MATERIAL E MÉTODOS: Os óleos analisados foram obtidos no laboratório, tanto numa prensa, como a quente com hexano, sendo estes de Martins, Severiano Melo, Mossoró e Luis Gomes. A determinação da acidez baseou-se na ASTM D-664, onde a titulação potenciométrica é feita com uma solução de KOH. Esta titulação foi realizada em um phmetro tecnal, modelo tec-3mp.
As medidas de pH são plotadas contra os respectivos volumes gastos na titulação até pH constante. O ponto de inflexão da curva resultante fornece o valor do índice de acidez expressos em mg KOH/ g da amostra, sendo este obtido pela equação abaixo:
Acidez (mg KOH/ g)= 5,61 x M ( Vtitul – Vbranco ) / mamostra
Os experimentos foram feitos em triplicata e o resultado expresso como a média aritmética das medidas.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 mostra a acidez dos óleos.
Todas as amostras, com exceção de Martins a quente, estão dentro das normas, o que indica no que diz respeito a essa propriedade, que esses óleos são adequados para serem usados na produção de Biodiesel. Constatou-se ainda que os óleos apresentam cores com tons de amarelos diferentes, o que indica a existência de diferentes compostos e ou de diferentes composições nos óleos analisados o que levará a diferentes propriedades.
Quanto à acidez dos óleos extraídos a quente, notou-se que estas aumentam com o aumento de altitude. O mesmo não ocorre com a acidez dos óleos extraídos a frio, pois com exceção do óleo de Severiano, todos apresentam a mesma acidez. Esta diferença na acidez em função do método de extração provavelmente ocorre pelo fato da extração a quente ser seletiva, neste caso, de compostos que aumentam a acidez e estes aumentarem com o aumento da altitude.
Ao comparar a acidez dos óleos extraídos a quente e por prensagem a frio, nota-se, com exceção do óleo de Luis Gomes, que estas são diferentes, o que reforça a afirmativa acima, de que o método de extração interfere na acidez.
Estes resultados indicam que o zoneamento e o incentivo do governo as cidades zoneadas para plantio de mamona para a produção de biodiesel pode estar incorreto. Nos resultados a cidade zoneada de Martins, por exemplo, apresenta a acidez acima da legalmente aceita para a produção de biodiesel quando o processo de extração do óleo é a quente, enquanto cidades não zoneadas (Severiano e Mossoró) apresentam esta propriedade dentro dos parâmetros legais. Estes resultados indicam que o zoneamento precisa ser aprimorado para produzir óleo em maior quantidade e também de melhor qualidade para a produção de biodiesel.




CONCLUSÕES: Quanto à legislação, todos os resultados de acidez obedecem a Lei, exceto a de Martins obtida a quente.
No que diz respeito à variação da acidez, a altitude e ou a forma de obtenção do óleo alteram os valores, mostrando que o zoneamento deve ter como base a produtividade, mas também a qualidade, considerando, principalmente, as propriedades físico-químicas que poderão interferir diretamente na qualidade do combustível a ser produzido a partir desses óleos.


AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ , pelo bolsa de IC do sistema PIBIC/UERN.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMORIM NETO, M.da S. ; ARAÚJO, A.E. DE ; BELTRÃO,N.E . DE M. Clima e solo. In : AZEVEDO , D. M.P . DE; LIMA, E. F. O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001a.p.63-76.
AMORIM NETO, M da S.; BELTRÃO, N.E DE M.; SILVA, L.C.; ARAUJO, A.E. DE; GOMES, D.C . Zoneamento e época de plantio para mamoneira no Estado da Bahia . Campina Grande: EMBRAPA – CNPA, 1999.9P (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica , 103 ) .
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. ANP. Portaria da ANP N°. 003 de abril de 2003. Disponível na página http://www.anp.gov.br/petro/legis_qualidade.asp, acessada em agosto de 2006.
PARENTE, Expedito de Sá et alii., 2003. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Tecbio, Fortaleza, CE.
www.citybrasil.com.br , visitado em 29/05/2007 , às 14:30 min