ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Atividade antibacteriana em méis de abelhas comercializados nos municípios do Maranhão.

AUTORES: SERRA, J.L. (UFMA) ; NASCIMENTO, A.R. (UFMA) ; SILVA, W.A.S (UFMA) ; OLIVEIRA, M.B (UFMA) ; OLIVEIRA, F.C.C (UFMA) ; MARTINS, A.C.C (UFMA)

RESUMO: Diversas propriedades medicinais como antibacteriana, antifúngica, cicatrizante e antioxidante são popularmente relacionadas ao mel.O propósito deste estudo foi investigar a atividade antibacteriana dos méis das abelhas Apis mellífera e Melípona compressipes fasciculada acondicionados artesanalmente e industrializados.Foram coletadas 30 amostras nos municípios do Maranhão e testadas frente às bactérias: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Bacillus cereus, Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus faecalis.Para avaliação da atividade antibacteriana dos méis foi empregado o método de Kirby-Bauer,1996.Os resultados indicaram que a maioria das amostras de méis acondicionados artesanalmente apresentaram ação antibacteriana, e os rotulados industrialmente não demonstraram nenhuma ação.

PALAVRAS CHAVES: mel de abelha, atividade antibacteriana, apís mellifera

INTRODUÇÃO: O mel de abelhas é um suplemento alimentar que, ultimamente vêm recebendo um incremento no consumo decorrente, principalmente, da comprovação cientifíca de suas diversas propriedades benéficas à saúde Além do seu uso como alimento, o mel é um produto de reconhecidas propriedades bactericidas, capaz de neutralizar a ação de germes e bactérias. (BARBOSA et al, 1994; ALLEN et al., 1991). Durante as últimas décadas, a utilização indiscriminada de antibióticos vem favorecendo a emergência de linhagens de microrganismos patogênicos apresentando resistência aos mais variados antibióticos. Frente à necessidade de desenvolvimento de novas classes de antibióticos, diversas pesquisas têm sido desenvolvidas com produtos naturais, seja de origem vegetal como animal, visando a detecção e caracterização de compostos químicos com propriedades terapêuticas, entre elas a antimicrobiana (GONÇALVES et al, 2005). O objetivo deste trabalho foi investigar a atividade antibacteriana em méis de Apis mellifera africanizadas, Melípona compressipes fasciculata (Tíuba) e méis obtidos industrialmente.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de méis obtidas de colméias mantidas nos municípios de Anajatuba, Carolina, Nova Olinda, Presidente Médici, Palmerande, Santa Luzia do Paruá, São Luís e Viana, além de diferentes pontos de vendas no centro da cidade de São Luís, onde são comercializados méis embalados industrialmente. Das 30 amostras coletadas, cinco foram de méis embalados industrialmente, dez de mel de Melípona compressipes fasciculata Smith e quinze de mel de Apis Mellifera, sendo que estas últimas foram coletadas de forma asséptica e manualmente por produtores da região. Para o teste de susceptibilidade das amostras e dos antibióticos comerciais (ácido pipéridico, lincomicina, oxacilina e vancomicina) foi empregado o método de Difusão de Disco em Agar através da medida do halo de inibição em milímetros (Bauer et al., 1996). As amostras foram testadas frente às espécies: Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis, Psedomonas aeruginosa, Escherichia coli e Bacillus cereus.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os testes de antibiograma indicaram que das quinze amostras de méis de Apis mellifera, 33,3% apresentaram atividade bactericida frente à Bacillus cereus, 46,6% para Staphylococcus aureus, 15,3% para Escherichia coli, 20% para Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus faecalis 26,6%. Enquanto que, das dez amostras de méis provenientes da Tiúba os resultados revelaram 40% para Bacillus cereus, 6% para Staphylococcus aureus, 4% para Escherichia coli, 20% para Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus faecalis 30%. Das cinco amostras embaladas industrialmente nenhuma apresentou atividade antibacteriana frente aos microrganismos testados. E os resultados obtidos nos testes com antibióticos comerciais frente às mesmas espécies de bactérias usadas para os méis indicaram a sensibilidade somente das espécies Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Apesar de poucas pesquisas serem direcionadas visando à caracterização das propriedades do mel de abelha, os resultados obtidos estão de acordo com Cortopassi-Laurino & Gelli (1991) que constataram que do total de ensaios de antibiose realizados com o mel de Apis mellífera, 50% dos microrganismos mostraram-se sensíveis.

CONCLUSÕES: Os resultados obtidos mostraram que o conhecimento empírico da sociedade desde a antiguidade utilizando o mel com função terapêutica, foi confirmado através dos testes realizados in vitro. Além da ineficácia de alguns antibióticos comerciais, enquanto que os méis demonstraram eficiência no combate aos microrganismos testados. Embora a explicação bioquímica desse efeito terapêutico seja mais hipotética, a sua eficácia como agente bactericida frente a algumas espécies foi confirmada durante a pesquisa.



AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BAUER, A .; W;KIRBY, W.M.N..; SERRIS, J.C.TURCK. Antibiotic susceptibilidade testing by a standardized single disk method. American Journal of Clinical Pathology, Philadelphia, v.45, n. 4, p.493-496, 1996.

BARBOSA, A. D; FERREIRA, R. C.E; VALENTE, P, H.M. Atividade antimicrobiana de extratos fluidos de plantas medicinais brasileiras. Lecta-USF, v. 12, n.2, p. 1-53, 1994.

ALLEN, K.L.; MOLAN, P.C.; REID, G.M. A survey of the antibacterial activity of some New Zealand honeys. Journal of Pharmacology, v.43, p.817-822, 1991.

GONÇALVES, A.L.; FILHO, A.A.; MENEZES, H. Atividade antimicrobiana do mel da abelha nativa sem ferrão Nannotrigona testaceicornis (Hymenoptera: Apidae, Meliponini). Arq. Inst.Biol., São Paulo, v.72, n.4, p.455-459, 2005.

CORTOPASSI-LAURINO, M. & GELLI, D.S. Analyse pollinique, propriétés physico-chimiques et action de mieis d’abellies africanisées Apis mellífera de Meliponinés du Brésil. Apidologie, v.22, p.61-73, 1991.