ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Perfil de sensibilidade de cepas de Klebsiella pneumoniae isoladas de alimentos comercializados na cidade de Fortaleza.

AUTORES: MENDES, L.G. (UFC.UECE.) ; NASCIMETO. K.M (UECE) ; CUNHA, F.A (UFC) ; SOUSA, G.C. (UFC.CENTEC) ; SOARES, K.P (UECE) ; LIMA NETO, J.G. (UECE.UFC) ; AMORIM L.N (UFC) ; MENEZES, E.A (UFC)

RESUMO: Muitos patógenos de origem alimentar têm desenvolvido resistência aos antimicrobianos e o tratamento de infecções graves encontra-se comprometido. A Klebsiella pneumoniae é um coliforme termotolerante e um patógeno oportunista O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de sensibilidade de cepas de K. pneumoniae isoladas de alimentos comercializados em Fortaleza. Foram avaliadas o perfil de sensibilidade de 47 cepas de K. pneumoniae isoladas de alimentos (22 cepas foram isoladas de carne de frango e 25 foram isoladas de hortaliças minimamente processadas). Das cepas de K. pneumoniae estudadas 100% foram resistentes a ampicilina. As cepas de K. pneumoniae provenientes da carne e frango apresentaram resistência mais elevada do que às cepas das hortaliças.

PALAVRAS CHAVES: klebsiella pneumoniae. resistência. antimicrobianos.

INTRODUÇÃO: Os alimentos representam um importante veículo de transmissão de doenças, principalmente quando manipulados de forma inadequada e cultivados com água contaminada. O alimento que se ingere hoje pode ser o responsável pela doença de amanhã (10). Muitos patógenos de origem alimentar têm desenvolvido resistência aos antimicrobianos e o tratamento de infecções graves encontra-se comprometido. A administração de antibióticos em doses sub-terapêuticas, como promotores de crescimento, a animais tem favorecido a disseminação de organismos resistentes (4,9). O consumo de carne de aves tem aumentado notoriamente em todo o mundo, em virtude de fatores como a imagem saudável do produto associada pelo seu baixo teor de gordura e alto teor de proteína, disponibilidade crescente de produtos processados à base de carne e seu baixo preço. É reconhecido mundialmente que os alimentos de origem animal são os mais importantes veiculadores de microrganismos causadores de doenças de origem alimentar. A identificação desses agentes nos alimentos sob estudo, teremos subsídios para elaborar medidas de controle e prevenir sua distribuição no produto final e, consequentemente, impedir sua ingestão pela população, diminuindo o risco de doença e de redução no meio ambiente. A qualidade hortaliças minimamente processados está relacionada à presença de microrganismos deteriorantes(1). A Klebsiella pneumoniae é um coliforme termotolerante e um patógeno oportunista que causa infecções em pacientes imunocomprometidos. Pode causar bacteremia, septicemia, infecções urinárias, doenças pulmonares crônicas, infecções dos tecidos moles, diarréia e endoftalmite (5). O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de sensibilidade de cepas de K. pneumoniae isoladas de alimentos comercializados em Fortaleza.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas e analisadas 80 amostras de hortaliças minimamente processadas comercializadas em Fortaleza. As hortaliças estudadas foram: 8 amostras AC – Acelga; 10 amostras de AF - alface; 8 de TC - tomate cereja; 8 de RRRV – repolho roxo, repolho verde; 10 de CV – cenoura e vagem; 8 de CR – cenoura ralada; 10 de CRRVRR – cenoura ralada, repolho verde e repolho roxo; 10 de SAL – saladas e 8 de CCSP – coentro, cebola e salsa picados. Foram coletadas 80 amostras de carne de frango resfriada e congelada, na forma de carcaça e em cortes, comercializada em vários estabelecimentos localizados na cidade de Fortaleza, Ceará. Foram realizadas as análises microbiológicas para determinação do Número Mais Provável de coliformes a 35°C e a 45°C (7). Foram isoladas e identificadas através de provas bioquímicas 47 cepas de K. pneumoniae. Foram avaliadas o perfil de sensibilidade de 47 cepas de K. pneumoniae isoladas de alimentos (22 cepas foram isoladas de carne de frango e 25 foram isoladas de hortaliças minimamente processadas). Foi avaliado o perfil de sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: amicacina (10µg), ampicilina (10µg), ciprofloxacina (5µg), ceftazidima (30µg), estreptomicina (10µg), doxiciclina (10µg), gentamicina (10µg), imipenem (10µg), sulfonamidas (10µg) e sulfametoxazol + trimetroprim (25/1,5µg). As cepas foram testadas utilizando a metodologia de Kirby-Bauer, método de difusão de discos contendo o antimicrobiano em meio de cultura Muller-Hinton. Como controle foi utilizada a cepa K. pneumoniae ATCC 13883 (6).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A qualidade microbiológica dos alimentos no Brasil é regida pela RDC n◦ 12 de janeiro de 2001. Ela recomenda somente a determinação de coliformes fecais e Salmonella, não trata da resistência desses coliformes(3). Das cepas de K. pneumoniae estudadas 100% foram resistentes a ampicilina, 27,7% resistentes à doxiciclina, 23,4% a sulfonamidas, 19,2% a estreptomicina, 17,0% ao sulfamtoxazol e trimetroprima, 8,5% a ceftazidima, 6,4% a ciprofloxacina, 2% a gentamicina, amicanina e imipenem. As cepas de K. pneumoniae provenientes da carne e frango apresentaram resistência mais elevada do às cepas das hortaliças. Resistência a antibióticos por parte de bactérias entéricas isoladas de alimentos é uma conseqüência inevitável do uso de drogas antimicrobianas na produção de alimentos de origem animal (8). O isolamento de enterobactérias de hortaliças tem um significado em saúde pública, pois esses alimentos geralmente são ingeridos crus. Cepas de K. pneumoniae são comumente isoladas de alimentos, Nascimento e colaboradores, 2002, isolaram várias enterobactérias e estudaram 3 cepas K. pneumoniae, sendo essas as cepas mais resistentes a antibióticos. Frutas e hortaliças frescas têm sido identificadas como veículo de bactérias patogênicas relevantes para saúde pública (1,8). Foram analisadas 154 amostras de alimentos incluindo hortaliças, leite e refeições prontas, as principais espécies isoladas foram: E.coli, Shigella, Citrobacter, Klebsiella, Enterobacter, Serratia e Proteus. Foram isoladas 132 cepas de K. pneumoniae de fontes alimentares, todos os isolados foram resistentes à ampicilina, tetraciclina, estreptomicina, gentamicina e canamicina (5). No nosso estudo todos os isolados foram resistentes à ampicilina, mas nenhuma cepa foi resistente a gentamicina.

CONCLUSÕES: As cepas de K. pneumoniae apresentaram uma elevada resistência a drogas muito utilizada na medicina. Cepas resistentes isoladas de hortaliças pode ser uma ameaça à saúde, pois hortaliças são consumidas cruas. Foi possível observar que as cepas oriundas de frango apresentaram maior resistência devido a utilização de antibióticos como promotores de crescimento. Foi possível detectar cepas de K. pneumoniae resistente à ceftazidima uma cefalosporina de terceira geração isso é um fato notável, pois essa droga é utilizada em pacientes com infecções graves. È necessário realizar constante monitoramento da resistência dessas bactérias, para que não ocorra um surto de bactérias resistentes.

AGRADECIMENTOS: À FUNCAP pelo apoio financeiro para realização desta pesquisa e a Universidade Federal do Ceará por permitir a realização dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. AHVENAINEM, R. New approaches in improving the shelf life of minimally processed fruit and vegetables. Trends in Food Sci. Tecnologi.7:179-87.1996.
2. BARRIGA, M.I. et al. Microbial changes in shredded iceberg lettuce stored under controld atmospheres. J. Food Sci. 56(6):1586-8.1991.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 10 jan. 2001. Seção 1, p. 46-53.
4. CARDOSO, A.L.S.P.; CASTRO, A.G.M.; TESSARI, E.N.C.; BALDASSI, L.; PINHEIRO, E.S. Pesquisa de Salmonella spp, coliformes totais, coliformes fecais, mesófilos, em carcaças e cortes de frango. Higiene Alimentar, v.19, n.128, p.144-150, 2005.
5. KIM, S.H.; WEI, C.I.; TZOU, Y.M.; AN, H. Multidrug-resistant Klebsiella pneumoniae isolated from farm environments and retail products in Oklahoma. J. Food. Prot. 68(10):2022-2029.2005.
6. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN JR., W. C. – Diagnóstico microbiológico. Editora MEDSI, São Paulo, 2006.
7. SIQUEIRA, R. S. Manual de microbiologia de alimentos. Brasília: EMBRAPA, 1995. 159 p.
8. THREFALL, E.J. et al .The emergence and spread of antibiotic resistance in food-borne bacteria.Int.. J. Food. Microbiol. 62:1-5.2000.
9. VIEIRA, C.R.N. & TEIXEIRA, C.G. Condições higiênico-sanitárias de carcaças resfriadas de frango comercializadas em Poços de Caldas-MG. Higiene Alimentar, v.11, n.48, p.36-40, 1997.
10. YATES, C., AMYES, S. Extended-spectrum β-lactamases in non-typhoidal Salmonella spp. isolated in the UK are now a reality: why late arrival ? J. Antimicrob. Chemother. 56:262-4.2005.