ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO ANIL POR BISFENOL-A

AUTORES: SILVA,L.G.A (CEFET-MA) ; CASTRO, J.C.L (CEFET-MA) ; ARAUJO, K.C.M (CEFET-MA) ; CARDOSO, D.V.V (CEFET-MA) ; BRITO,N.M (CEFET-MA) ; AMARANTE,O.P.J (CEFET-MA)

RESUMO: O presente trabalho buscou o desenvolvimento de método para determinação de um composto com conhecido efeito hormonal. O bisfenol A é amplamente utilizado como monômero na produção de policarbonatos, resinas e revestimentos de latas de conservas, entre outros. O descarte destas embalagens pode contaminar o ambiente pela lixiviação de moléculas livres que ficam no polímero final sem se ligar quimicamente a este. Otimizaram-se as condições para a determinação por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), com detecção por espectrometria na região do UV, em 230 nm.

PALAVRAS CHAVES: disruptores endócrinos, bisfenol a, cromatografia

INTRODUÇÃO: Dentre as diferentes substâncias tóxicas, presentes nas águas, que podem causar efeitos sobre o sistema endócrino, destaca-se o bisfenol A, monômero amplamente empregado na obtenção de policarbonatos, utilizado nos frascos de água potável, de resinas usadas na embalagem de alimentos e em fornos microondas, em gavetas de refrigeradores, em mamadeiras, em selantes dentários, entre outros produtos.Efeitos como desenvolvimento sexual anormal, redução da fertilidade masculina,alterações nas glândulas tireóides, supressão imunológica, efeitos neurocomportamentais, além de desenvolvimento de câncer de próstata ou mama, podem ser observados em diversos organismos. O interesse ambiental e de saúde pública com relação à presença de bisfenol A em amostras de água e alimentos baseia-se no fato de que este composto pode apresentar efeitos endócrinos em concentrações menores que 1 ng L-1. Estudos recentes relacionam o aumento do número de abortos e do número de casos de câncer com o contato com bisfenol A.

MATERIAL E MÉTODOS: Utilizaram-se como solventes Metanol e diclorometano grau cromatográfico obtido da Merck. O padrão da substância bisfenol A foi gentilmente cedido pela indústria Petrom Petroquímica de Mogi das Cruzes. Foi empregado cromatógrafo líquido Shimadzu, modelo LC20AT, injetor Rheodine ® de 20µL, detector SPD20A operado em 230 nm, coluna C18 (25 x 0,45 cm), pré-coluna C18 (5 cm). A Fase móvel utilizada foi constituída de metanol/água na proporção 65:35 com fluxo de 0,8 mL/min. As amostras fortificadas foram extraídas com dicolorometano, com e sem adição de cloreto de sódio, em funil de separação, realizada em duas etapas. Os extratos combinados foram evaporados em evaporador rotatório até 1 mL, e secas sob suave corrente de N2. Foram, então, retomadas em 1 mL de metanol e injetadas no sistema cromatográfico. A curva analítica foi construída com concentrações entre 0,1 e 10 mg L-1.Na Extração em Fase Sólida(EFS) contaminou-se 4 amostras de 500 mL água destilada com 10µl de uma solução de 10 mg L-1 de Bisfenol-A. Os cartuchos C18 foram otimizados com 2 mL de metanol e após o procedimento eluiu-se o composto retido no cartucho com 2 mL de metanol. Realizaram-se as seguintes análises dos parâmetros físicos e químicos da água do rio anil: turbidez, pH, Temperatura, Oxigênio Dissolvido, Nitrato e Fosfato.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Estudaram-se diferentes comprimentos de onda, observando-se que os melhores resultados eram obtidos em 230 nm. Após tal procedimento, construiu-se a curva analítica pela injeção de soluções com cinco concentrações diferentes: 0,1; 0,5; 1,0; 5,0 e 10,0 mg L-1. Testes preliminares comprovaram a presença de bisfenol-A na amostra analisada de água mineral vendida comercialmente. Foi realizada a fortificação de amostra de água destilada a fim de se desenvolver estudos de recuperação para o procedimento de extração pretendido. Seis amostras foram fortificadas no nível de 0,01 mg L-1. Volumes de 30 mL de três amostras foram extraídas em três etapas com diclorometano sem adição de cloreto de sódio e outras três alíquotas de mesmo volume foram submetidas a este procedimento com a adição deste sal, objetivando-se avaliar se a mudança de força iônica melhora a eficiência do procedimento. Não foram encontradas recuperações superiores a 70%, mínimo exigido por procedimentos de validação encontrados na literatura. A EFS obteve resultados acima de 70% e a tabela abaixo mostra os resultados das análises físicas e químicas da água do rio. A análise das amostras do rio mostraram uma contaminação com bisfenol-A provavelmente proveniente das garrafas PET’s que estão presentes em toda extensão do rio.


CONCLUSÕES: O estudo de recuperação aplicado ao método que se pretende validar mostrou que a extração líquido-líquido, mesmo após adição de cloreto de sódio, para mudar a força iônica do meio, não foi eficiente para a extração de bisfenol A em amostras aquosas. Já na EFS obteve-se bons resultados, onde este método foi utilizado nas amostras coletadas em três pontos do Rio Anil.

AGRADECIMENTOS: À CNPq pelo fomento à pesquisa, ao CEFET, à colegas e professores que ajudaram em todo o projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTRO, C.M.B. DE Pertubadores endócrinos ambiental: uma questão a ser discutida. Engenharia e Ambiental, v.7, n. 1-2, p. 4-5, 2002.
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