ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE DETERGENTES LAVA-LOUÇAS COMERCIALIZADOS EM CUIABÁ-MT E SUAS RELAÇÕES

AUTORES: CORINGA, E. A. O. (CEFET-MT) ; GOMES, A. L. (CEFET-MT) ; PEREIRA, S. C. (CEFET-MT)

RESUMO: Este trabalho teve por objetivo determinar e estabelecer relações entre parâmetros físico-químicos de detergentes lava-louças, verificando sua adequação aos padrões estabelecidos pela legislação sanitária. Foram coletadas 8 marcas comerciais do produto e analisados o pH, o teor de matéria ativa volátil e não-volátil, o teor de matéria ativa aniônica e a viscosidade cinemática, em triplicata, comparando-se os resultados com as especificações previstas na Resolução RDC nº 13/07 da ANVISA. Os resultados indicaram a variabilidade do teor de matéria ativa aniônica, % de extrato seco total e % de matéria volátil entre as marcas analisadas, demonstrando a necessidade de maior fiscalização por parte dos órgãos responsáveis e de adequação das indústrias aos requisitos de boas práticas de fabricação

PALAVRAS CHAVES: detergente, viscosidade, tensoativo aniônico

INTRODUÇÃO: De acordo com a Resolução RDC nº 13/07 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2007), detergente é “um produto destinado à limpeza de superfícies e tecidos através da diminuição da tensão superficial”. Segundo PENTEADO et al. (2006), detergente é um produto formulado para promover o fenômeno da detergência, compreendendo um composto básico ativo (agente tensoativo) e componentes complementares (coadjuvantes, sinergistas, aditivos e produtos auxiliares). Para ser eficiente, o detergente deve apresentar características de fluidez, viscosidade e concentração que resulte em bom rendimento, transparência, isento de insolúveis e precipitações, boas condições de formação de espuma, ser capaz de remover resíduos gordurosos de origem animal, vegetal e sujidade em geral e ser biodegradável (BORSATO et al., 2004). O segmento de mercado dos detergentes lava-louças é altamente competitivo com vistas à redução dos custos, acarretando diminuição do teor de matéria ativa nas formulações e conseqüentemente perda de qualidade. As empresas legalmente autorizadas a produzir estão sujeitas à verificação do cumprimento das Boas Práticas de Fabricação e Controle, previstas na Portaria nº 327/97 (BRASIL, 1997), a qual padroniza e define procedimentos, métodos de fabricação, condições das instalações, equipamentos e respectivas manutenções, critérios de segurança, bem como matérias primas, embalagens, condições de estocagem e aspectos relativos ao meio ambiente, como forma de garantir a qualidade e a segurança no uso destes produtos. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade físico-química de detergentes domésticos adquiridos no comércio local, visando sua adequação aos padrões estabelecidos pela vigilância sanitária e estabelecendo relações entre os seus atributos.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas oito marcas comerciais de detergente lava-louças adquiridos em supermercados da capital mato-grossense, e a seleção das marcas foi feita com base em critérios como a participação no mercado e a regionalização quanto à venda e fabricação dos produtos. Analisaram-se alguns parâmetros físico-químicos como o pH pelo método potenciométrico, o teor de matéria ativa volátil e não-volátil (extrato seco) obtida por gravimetria a 105ºC por 24 horas, o teor de matéria ativa aniônica (em lauril sulfato de sódio) pelo método espectrofotométrico do Azul de Metileno, segundo o anexo A da Portaria nº 393/98 (BRASIL, 1998), e a viscosidade cinemática com viscosímetro tipo Copo Ford nº4. Os resultados de viscosidade, matéria ativa aniônica e pH foram comparados com padrões estabelecidos pela Resolução RDC n° 13/07 (BRASIL, 2007). Todas as determinações foram feitas em triplicata e determinada a média dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras da marca G apresentaram pH abaixo do intervalo permitido pela legislação sanitária (5,5 a 9,5). Todas as amostras apresentaram viscosidade cinemática de acordo com o limite (> 100 cP). A baixa viscosidade da marca I correspondeu ao menor teor de matéria ativa aniônica (3,90%), indicando que, neste produto, a concentração de matéria ativa detergente está relacionada à baixa viscosidade. A percentagem de matéria ativa aniônica é expressa em lauril sulfato de sódio cujo peso molecular é de 348 g mol-1 (MANIASSO, 2001) e representa um valor aproximado, pois se desconhece a matéria prima usada pelo fabricante e o peso molecular correto. No entanto, esta metodologia serve perfeitamente para comparar os valores obtidos nos diferentes produtos. Provavelmente devido a este fato, a concentração do principio ativo aniônico das amostras não obedeceu ao intervalo previsto para o produto (10 a 15%), variando de 3,90% (marca I) a 44,74% (marca A). A percentagem de matéria volátil é constituída essencialmente de água e perfume, e produtos muito diluídos tendem a apresentar teores em matéria volátil a 105ºC acima de 90%, o que compromete a sua qualidade. Somente a marca D apresentou valor abaixo de 90% enquanto que o maior valor foi da marca I, corroborando seus valores de viscosidade e de matéria ativa aniônica. O extrato seco total expressa a matéria não volátil relacionada à quantidade de princípio ativo do produto, cujo valor desejável para detergentes é > 10%. Como a % extrato seco = 100 - %matéria volátil, a marca I apresentou menor valor (4,80%), e marca D o maior valor (10,75%).



CONCLUSÕES: Os resultados demonstraram que as propriedades físico-químicas que estavam em desacordo com as especificações sanitárias na maioria das amostras foram o teor de matéria ativa aniônica, % de extrato seco total e % de matéria volátil, o que demonstra a tendência do produto em não atender aos requisitos das normas técnicas. Todas as amostras apresentaram valores de viscosidade cinemática dentro do limite estabelecido pela legislação sanitária, embora esta propriedade isolada não deva ser considerada como um padrão de qualidade para o detergente.

AGRADECIMENTOS: À FAPEMAT – Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Mato Grosso, pela concessão da bolsa de iniciação cientifica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BORSATO, D.; MOREIRA, I.; GALAO, O. F. 2004. Detergentes: Naturais e Sintéticos. São Paulo: Editora Edual, 183p.

BRASIL, Resolução RDC nº 13 do Ministério da Saúde. 2007. Diário Oficial da União, Brasília, 28 de fevereiro de 2007.

BRASIL, Portaria nº 393 da Secretaria de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. 1998. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de maio de 1998.

BRASIL. Portaria no 327 da Secretaria de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. 1997. Diário Oficial da União, Brasília, 30 de julho de 1997.

MANIASSO, N. 2001. Ambientes micelares em química analítica. Quím. Nova, 24:87-93.

PENTEADO, J. C.; EL SEOUD, O. A.; CARVALHO, L. R. F. 2006. Alquilbenzeno sulfonato linear: uma abordagem ambiental e analítica. Quim. Nova, 29:1038-1046.