ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Propriedade antioxidante e caracterização dos ácidos graxos do extrato hexânico do murici (Byrsonima crassifolia L. Rich)

AUTORES: CASTRO, R.A.O. (UECE) ; LEITE, J.J.G. (UECE) ; CORRÊA, C.G. (UECE) ; BEZERRA, D.P. (UECE) ; ALVES, C.R. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE)

RESUMO: Neste trabalho determinou-se a atividade antioxidante, teor de beta-caroteno e caracterização dos ácidos graxos do óleo do murici. O óleo foi separado em duas frações, fase hidrofílica (FH) e lipofílica (FL) e suas atividades antioxidantes determinadas utilizando o método de varredura de radical livre, DPPH. O teor de beta-caroteno foi determinado pelo método de Tuberoso et al., 2006. A composição dos ácidos graxos foi determinada por CG/EM. A atividade antioxidante de FH foi de 1,069 ± 0,056 mmol/L e a da FL 0,471 ± 0,038 mmol/L em equivalentes ao Trolox. O óleo do murici contém alto teor de beta-caroteno, 0,717 mg/Kg. Acido oléico 21,01%, ácido palmítico 16,34 e oleato de etila 15,45%, foram os ácidos graxos majoritários no óleo.

PALAVRAS CHAVES: murici, atividade antioxidante, ácidos graxos

INTRODUÇÃO: O norte e o nordeste brasileiro possuem uma grande diversidade de frutas, muitas delas apresentando sabores e aromas exóticos. O murici (Byrsonima crassifolia L. Rich) é uma fruta típica destas regiões, sendo consumida principalmente como suco ou como licor, muito apreciados pela população local. Estudos epidemiológicos vêm sugerindo que as vitaminas antioxidantes, entre elas o beta-caroteno, podem desempenhar importante papel na preservação de doenças neurodegerativas, câncer e envelhecimento (Chen J, 2002). A atividade antioxidante dos carotenóides é conseqüência de sua estrutura com muitas ligações duplas conjugadas. Os carotenóides, como o beta-caroteno, podem então reagir múltiplas vezes com radicais peroxila para formar moléculas estáveis (Burton G W, 1989). Ácidos Graxos Essenciais (AGE) fazem um papel vital no mantimento da integridade dos tecidos do corpo. Como as vitaminas e minerais, os AGE não são sintetizados pelo corpo e precisam ser abastecidos pela dieta. Fontes dietéticas de AGE estão raramente disponíveis em quantidades para compensar a deficiência. Então, é necessário suplementar com fontes de AGE de alimentos. O objetivo do trabalho é determinar a atividade antioxidante, teor de beta-caroteno e caracterização dos ácidos graxos do extrato hexânico do murici que contém o seu óleo fixo.

MATERIAL E MÉTODOS: O murici foi obtido no comércio da cidade de Fortaleza-Ce. A polpa foi homogeneizada através de multiprocessador doméstico, desidratada em estufa e triturada. O material moído foi submetido à extração a quente em refluxo, em Soxlet, utilizando como solvente hexano. Após 6 horas de extração, a solução obtida foi concentrada em evaporador rotativo para retirada do hexano e devidamente armazenado. A atividade antioxidante do extrato hexânico foi determinada separando-o em duas frações, hidrofílica e lipofílica. A separação das frações foi executada adicionando 500mL do óleo do murici a 500 mL de metanol em um Eppendorf, agitado em vortex por 10s, e em seguida em homogenizador de partículas por 30 minutos. Após este procedimento as amostras foram centrifugadas (7000 rpm). Obtendo a fase hidrofílica (FH) e a fase lipofílica (FL). A atividade antioxidante de FH e FL foi testada usando 20 microlitros de cada porção e adicionado a 3,0mL de DPPH 6,5 x 10-5 M dissolvido em metanol e acetato de etila, respectivamente (Espín et al., 2000;). Após 60 minutos foram realizadas leituras em espectrofotômetro à 515nm. Para determinar o teor de beta-caroteno foi preparado uma solução de 5% do óleo em ciclohexano e realizada leitura espectrofotométrica em 464nm. Foi preparada uma curva padrão de beta-caroteno em ciclohexano (Tuberoso et al., 2006). Para análise dos ácidos graxos o óleo foi submetido ao processo de transmetilação. Estes foram analisados por cromatografia de gás acoplada a espectrometria de massa (CG/EM).



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na atividade antioxidante do extrato hexânico os dados foram expressos na capacidade antioxidante equivalente de Trolox (TEAC, mmol/L), a fração hidrofílica apresentou 1,069 ± 0,056 mmol/L TEAC e na fração lipofílica foi determinada 0,471 ± 0,038 mmol/L TEAC. Tuberoso et al., (2006) avaliando a atividade antioxidante de óleos de sementes vegetais, observou que a fração lipofílica apresentava maior potencial antioxidante, isso não ocorreu em nosso trabalho, possivelmente porque a polpa do murici possui mais constituintes antioxidantes na fase hidrofílica do que a fase lipofílica do extrato hexânico. O óleo total da polpa do murici apresentou cerca de 0,717 mg/Kg de beta-caroteno, esse alto valor é equivalente aos óleos de semente de linho e de milho e superior aos óleos de girassol e de semente de uva, como mostra Tuberoso et al. (2006). Os resultados obtidos foram analisados no programa estatístico Origin. A caracterização dos ácidos graxos foi realizada por transmetilação do óleo, ácido oléico 21,01%, ácido palmítico 16,34 e oleato de etila 15,45%, foram os ácidos graxos majoritários como mostrado na Tabela 1.



CONCLUSÕES: Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que o óleo da polpa do murici pode ser atrativo para as industrias farmacêuticas pela sua propriedade antioxidante.
As indústrias alimentícias podem adicionar o óleo do murici para o enriquecimento de azeites, já que possuem aproximadamente 60% de ácidos graxos insaturados, um acentuado teor de beta-caroteno e de outras substâncias antioxidantes que serão investigados em futuros estudos.


AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao CNPq pela bolsa de iniciação científica, ao Laboratório de Produtos naturais(UECE) e ao Laboratório de Bioquímica Humana(UECE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BURTON G.W. 1989. Antioxidant action of carotenoids. J Nutr.; 119:109-11.

CHEN J, H.E. J, HAMM L, BATERMAN V, WHELTON PK. 2002. Serum antioxidant vitamins and blood pressure in the United State population. Hypertation.; 40 (4):810-16.

ESPIN, J. C., SOLER-RIVAS, C., & WICHERS, H. J. 2000. Characterization of the total free radical scavenger capacity of vegetable oils and oil fractions using 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl radical. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 48, 648–656.

TUBEROSO CARLO I.G.; ADAM KOWALCZYK; ERIKA SARRITZU; PAOLO CABRAS. 2006. Determination of antioxidant compounds and antioxidant activity in commercial oilseeds for food use. Food Chemistry, v. 103, p. 1494-1501 Italy