ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS CONSTITUINTES MINERAIS DO PEIXE CARÁ (Geophagus brasiliensis) ORIUNDO DA LAGOA DO PORANGABUSSU NA CIDADE DE FORTALEZA-CE

AUTORES: BEZERRA, D.P. (UECE) ; SANTOS, J.C.S. (UECE) ; ALVES, J.A.B.L.R. (UECE) ; CASTRO, R.A.O. (UECE) ; PAZ, M.S.O. (UECE) ; BENIGNO, A.P.A. (CEFETCE) ; SILVA, R.C.B. (UECE)

RESUMO: As lagoas da cidade de Fortaleza são utilizadas como fonte de sobrevivência, através da pesca e comercialização de peixes. No entanto, foi verificado recentemente alto índice de mortandade de peixes nestas. Este trabalho teve o objetivo determinar os constituintes minerais do peixe Cará (Geophagus brasiliensis) proveniente da lagoa do Porangabussu. Os peixes foram coletados na lagoa, sendo as amostras submetidas à digestão ácida e posterior análise dos metais Cu, Mn, Zn, Fe, Ca e Mg, por Espectrofotometria de Absorção Atômica, além da determinação do teor de P. Encontraram-se 24mg de Zn, 6,2mg de Mn, 148,3mg de Fe, 11,87g de Ca, 0,51g de Mg e 86,37g de P por Kg de peixe. O metal cobre não foi detectado. Estes resultados indicam que o índice de poluição na lagoa é alto devido ao teor de P.

PALAVRAS CHAVES: geophagus brasiliensis, minerais, meio ambiente

INTRODUÇÃO: A situação dos recursos hídricos da cidade de Fortaleza vem se agravando em função do elevado índice de poluição dos mananciais ocasionado pelo despejo indevido de efluentes industriais e lixos domésticos. E, devido a isso, a captação e o acúmulo de metais nos organismos aquáticos vão aumentando, pois essas retenções dependem das propriedades químicas e físicas da água e do sedimento. Segundo Inácio (2006), os peixes estão sujeitos a contaminação, que geralmente se dá através das brânquias e do intestino, por diversos metais através da incorporação do seu alimento e a sua acumulação ao longo da cadeia alimentar. Geophagus brasiliensis (cará) é uma espécie nativa do Brasil, com ampla distribuição e aspectos ecológicos que favorecem sua utilização como espécie bioindicadora dos efeitos da poluição ambiental por metais e de alta resistência a vários tipos de ambientes diferentes, além de ser pequeno e fácil de examinar (Madi, 2005). O interesse das autoridades sanitárias na determinação dos níveis de metais está diretamente relacionado ao consumo de peixes e outros organismos devido ao seu alto poder de bioacumulação (Braga, 2006). Este trabalho teve o objetivo determinar os principais constituintes minerais do peixe Cará (Geophagus brasiliensis), proveniente da lagoa do Porangabuçu, localizada na cidade de Fortaleza, Ceará. E, também, determinar o teor de fósforo nas amostras deste peixe.

MATERIAL E MÉTODOS: Os peixes foram acondicionados a 4 ºC e levados para o Laboratório de Química Analítica da Universidade Estadual do Ceará. As amostras foram secas em estufa a 60° por 24 horas. Pesou-se cerca de 0,3g do tecido muscular do peixe, e então foi adicionada a mistura digestora (4,0 mL de HNO3 e 0,3 mL de H2O2). A amostra foi digerida em forno de microondas para a liberação dos metais. Após a digestão completa, o material foi diluído para 25 mL em balão volumétrico, e então foram realizadas as análises de cobre, manganês, zinco, ferro, cálcio e magnésio utilizando espectrofotometria de absorção atômica, bem como do teor de fósforo pelo o método espectrofotométrico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após as análises dos parâmetros supracitados, obteve-se 24 mg/Kg para o zinco, 6,2 mg/Kg para o metal manganês, 148,3 mg/Kg para o ferro, 11,87 g/Kg de cálcio, 0,51 g/Kg para o magnésio, 86,37 g/Kg de fósforo e nada foi detectado para o metal cobre. Os valores das concentrações dos minerais encontrados foram comparados com os padrões da Portaria do Ministério da Saúde N° 518/04 que define os padrões de Potabilidade para Substâncias Químicas e Padrões de Aceitação para Consumo Humano, conforme colocado na Tabela 1. A espécie de peixe estudada neste trabalho representa um receptor de rejeitos que são despejados por indústrias, bem como por esgotos domésticos clandestinos em mananciais hídricos, como em lagoas, contendo metais que se acumulam nos organismos desses seres e ao longo das cadeias alimentares. Com base nos resultados apresentados na Tabela 1, destaca-se a elevada concentração de fósforo, o qual favorece a presença da Clorofila A e, conseqüentemente, reduz o teor de oxigênio dissolvido na água, acarretando portanto na morte desses peixes na lagoa.



CONCLUSÕES: Os resultados encontrados permitem concluir que o índice de poluição na lagoa de Porangabussu é alto devido ao grande teor de fósforo que ocorre nas amostras de peixe. Portanto, a determinação dos constituintes minerais nos ecossistemas é uma ferramenta fundamental para prevenir catástrofes ambientais, pois os ambientes aquáticos são sempre muito utilizados como fonte de subsistência e lazer para várias famílias.

AGRADECIMENTOS: Aos pescadores da Lagoa de Porangabussu, em Fortaleza, Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRAGA, T.M.B. 2006. Aspectos preliminares da contaminação de mercúrio em peixes comercializados na praia do Mucuripe, Fortaleza e no estuário do Rio Jaguaribe, CE. Monografia.

INÁCIO, A. F. Metalotioneína e Metais em Geophagus brasiliensis – Acará. Mestrado em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública – FIOCRUZ), 2006.
MADI, R.R. Correio Popular. 2005. Peixe cará é ‘termômetro’ de contaminação. Correio Popular – Cidades. Unicamp.