ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: INTERFERÊNCIA DA TEMPERATURA NO RENDIMENTO E NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO BIODIESEL PRODUZIDO A PARTIR DE DIFERENTES OLEAGINOSAS

AUTORES: VALE. J. P. C. ; SILVA, L. G. (UVA - SOBRAL)

RESUMO: Neste trabalho produziu-se biodiesel a partir de diferentes oleaginosas (soja, cânola, girassol e algodão), a temperaturas: 40°, 50° e 60°C, sendo duas amostras de cada oleaginosa a cada temperatura, totalizando 24 (vinte e quatro) amostras. Determinou-se os valores médios de rendimento do biodiesel a 40, 50 e 60ºC obtendo-se 96, 94 e 93% respectivamente, e também de suas características físico-químicas: ponto de fulgor, obtendo-se 171, 166 e 175ºC; viscosidade, obtendo-se 5,10, 5,57 e 5,15 mm2/s; densidade, obtendo-se 874, 876 e 872 Kg/m3 e índice de acidez 0,45, 0,27 e 0,23 mgKOH/g respectivamente. Conclui-se que não há alterações significativas quanto à variedade da oleaginosa. Entretanto a temperatura altera os dados observados, sendo mais vantajoso à produção do biodiesel a 40ºC.



PALAVRAS CHAVES: biodiesel; propriedades; físico-químicas

INTRODUÇÃO: A crescente massa de poluição e os problemas dela decorrente vêm despertando grandes interesses em cientistas, autoridades e estudantes, é um problema de ordem global. Alternativas de contribuição para diminuição da degradação do meio ambiente como os biocombustíveis, destacam-se como fontes renováveis e capazes de minimizar essa situação. O biodiesel é obtido através da reação do óleo vegetal com um intermediário ativo, formado pela reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (HOLANDA, 2004). Este combustível apresenta viabilidade técnica como combustível e, aparentemente, com vantagens em relação ao combustível derivado do petróleo, com menor impacto ambiental e vir de fontes renováveis (AGROANALYSIS, 2005), o mesmo já vem com aura de “ambientalmente amistoso” – reduz 78% das emissões poluentes como o dióxido de carbono que é o gás responsável pelo o efeito estufa que está elevando a temperatura do planeta, e 98% de enxofre na atmosfera (CRISTINA, 2006). É claro que o óleo diesel derivado do petróleo não deixará de ser usado instantaneamente, mas a chegada de uma alternativa que reduza a emissão de poluentes na atmosfera das grandes cidades é certamente um bom começo. O presente trabalho tem objetivo apresentar um estudo da produção do biodiesel em escala de laboratório, a partir de diferentes oleaginosas a temperaturas variadas, analisando o rendimento e suas propriedades físico-químicas, e comparando-as conforme a legislação vigente.





MATERIAL E MÉTODOS: Realizou-se a transesterificação de 24 (vinte e quatro) amostras de 200ml de quatro tipo de oleaginosa diferente (soja, cânola, algodão e girassol), 06 (seis) de cada oleaginosa, sendo duas a 40ºC, duas a 50ºC e duas a 60ºC. Em cada uma delas foi adicionada a solução de metóxido de potássio (metanol + hidróxido de potássio). Cada amostra foi posta em um erlenmyer (500ml) e levada à agitação vigorosa (agitador magnético) em banho-maria termostatizado, cada uma das temperaturas citadas anteriormente por 50 minutos, produzindo cerca de 90% de biodiesel (fase superior) e 10% de glicerina (fase inferior). A separação das fases foi realizada utilizando-se funis de decantação (500ml), após 24 horas de repouso. Em seguida, procedeu-se a lavagem do biodiesel para a eliminação de sabões e impurezas utilizando-se água destilada e aqueceu-se posteriormente cada amostra para a eliminação da água residual (ESTRUCPLAN, 2005). Finalmente, calculou-se o rendimento e realizou-se as seguintes análises físico-químicas: índice de acidez, condutividade, ponto de fulgor e densidade.
Vale salientar que o processo de transesterificação neste trabalho foi realizado a pressão atmosférica.





RESULTADOS E DISCUSSÃO: Considerando a portaria da ANP, Nº. 255 de 15 de setembro de 2003(HOLANDA, 2004), as propriedades mensuradas estão dentro do especificado, com exceção do ponto de fulgor que se mostrou acima. Não sendo observado alterações significativas quanto ao tipo de óleo transesterificado. Entretanto a temperatura na qual a transesterificaão é realizada influencia às propriedades do biodiesel. Os dados obtidos das análises das amostras de biodiesel produzidas são apresentados abaixo na tabela 1.
Em relação ao rendimento, o valor mais alto se deu a temperatura de 40ºC, indicando que para propriedade ser a temperatura mais adequada para a transesterificação. Quanto à densidade, os resultados mostram que não há discordância significativa quando a temperatura é alterada. No que respeito ao índice de acidez, também não foi observado discrepância de valores na transesterificação a diferentes temperaturas, em relação às especificações da ANP. Finalmente, em relação ao ponto de fulgor foi registrado um aumento significativo em relação ao especificado. Esta discordância de valores, no entanto, poderá ser atribuída a erros de medida da referida propriedade. Sendo que à 50ºC obteve-se as amostras com menor ponto de fulgor.





CONCLUSÕES: Com exceção do ponto de fulgor, as amostras apresentaram-se dentro das especificações. Isto indica que o biodiesel produzido a partir das diferentes oleaginosas citadas, não apresenta variações significativas de suas propriedades. Entretanto, ficou evidenciado que a temperatura de transesterificação tem influência no rendimento e propriedades do biodiesel. Conclui-se então que, não havendo alterações significativas das propriedades do biodiesel a partir de diferentes oleaginosas, a um atm, é mais vantajoso produzir biodiesel a temperatura de 40ºC, pois se obtêm um produto a um menor custo.

AGRADECIMENTOS: UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA


FUNDAÇÃO CEARENCE DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO - FUNCAP

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1 – AGROANALYSIS. As alternativas do Biodiesel. Rio de Janeiro: FGV, v. 25, n. 8, agosto. 2005. 50 p.
2 - CRISTINA, M. Em busca do combustível do futuro. Ciência em Rede, Recife – PE, ano 1, n 1, p.10-23, jan/fev/mar. 2006.
3 – ESTRUCPLAN. Análise de la Producción de Biodiesel, 2005. Disponível em http://www.estrucplan.com. Acesso em 23/03/2007.
4 – HOLANDA, A. Biodiesel e Inclusão Social. Câmara dos deputados. Brasília, DF: Coordenação de Publicações - CODEP, 2004. 200 p.