ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: APORTE DE H2S/ HS-/ S2-, BIOMASSA E NUTRIENTES PELA DECOMPOSIÇÃO DE Ruppia marítima L. NO ECOSSISTEMA DA LAGUNA DA JANSEN, SÃO LUIS–MA.

AUTORES: SIQUEIRA,L.F.S. (CEFET-MA) ; COSTA NETO, J. DE J. G. DA (CEFET-MA) ; IBAÑES ROJAS, M.O.A. (CEFET-MA) ; BARBIERI, R. (UFMA) ; CAVALCANTE,P.R.S. (UFMA)

RESUMO: O estudo da decomposição da Ruppia maritima L. em água da Laguna da Jansen no laboratório objetivou investigar a origem das emissões sulfídricas, monitorar as variações dos descritores físico-químicos e nutrientes na água de decomposição e avaliar a influência humana sobre este ambiente. Os métodos usados para análise dos nutrientes foram: espectrofotométrico (UV-Vis), titulométrico e turbidimétrico. Usaram-se sensores multiparâmetro para os descritores físico-químicos. Os resultados indicam responsabilidade do lançamento de esgoto no aumento de biomassa da macrofita em resposta á eutrofização artificial no ambiente, notada pelos altos níveis de nitrato, fosfato e enxofre e na variação do OD na água de decomposição.

PALAVRAS CHAVES: ruppia marítima l., laguna da jansen, química analítica ambiental.

INTRODUÇÃO: A Laguna da Jansen é um corpo d’água costeiro de origem antrópica, tendo 20-30% de seu volume trocados por água do mar e o restante sofrendo forte influência da evaporação da lâmina d’água e dos esgotos lançados no seu entorno. Os esgotos provocam a eutrofização do sistema, resultando na explosão biológica de algas e de macrófitas aquáticas que controlam a eutrofização artificial, como a Ruppia marítima L.. Estas últimas produzem grande quantidade de biomassa e quando em decomposição contribuem para aumentar o déficit de oxigênio dissolvido e para a formação de gás sulfidrico, nocivo à vida e um dos responsáveis pelo baixo pH da água e pelo incremento do odor específico no ambiente (ESTEVES, 1998). No caso desta macrófita, sua requisição nutricional específica exige que o ambiente disponibilize compostos sulfurados no substrato, os quais, no ambiente em estudo, são originários dos lançamentos de esgoto a que este é submetido. O acompanhamento das variações de temperatura, salinidade, condutividade, pH e oxigênio dissolvido e das concentrações dos nutrientes: nitrito, nitrato, amônia, fosfato, silicato, sulfeto e sulfato na água sob influência da planta são fundamentais para se estabelecer relação entre a influência desta macrófita aquática sobre o ecossistema da Laguna da Jansen. A partir deste monitoramento efetuado em laboratório é possível prever e avaliar a influência do homem neste ambiente que outrora possuía diversidade de espécies aquáticas e de vegetação.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de Ruppia marítima L. e de água foram coletadas na Laguna da Jansen, no dia 20/04/2007, na estação chuvosa. A planta foi coletada em sacos plásticos com ar e água. A água foi coletada em cinco recipientes de 5L. Em laboratório, montou-se um sistema de decomposição para a Ruppia marítima L. com 36 garrafas de polietileno cortadas para um volume de 1,5L, onde: em quinze (numeradas de 1 a 15), colocaram-se 5g da macrofita cortada para 500mL de água da Laguna da Jansen; em outras quinze (numeradas de 16 a 30), colocaram-se 5g da macrofita inteira para 500mL de água da Laguna; em três (numeradas de 31 a 33), colocaram-se 5g da macrofita cortada para 500mL de água destilada; nas três restantes (numeradas de 34 a 36), colocaram-se 5g da macrofita inteira para 500mL de água destilada. As análises ocorreram no 1º e 2º dia, no 5º dia, no 15º dia, no 30º dia e no 60º dia de decomposição, sendo usadas três garrafas com água da Laguna contendo a macrofita cortada e a macrofita inteira por etapa de analise. As garrafas com água destilada foram analisadas no 60º dia. A avaliação dos parâmetros físico-quimicos e dos níveis de sulfato, sulfeto, amônia e oxigênio dissolvido ocorreu em todas as etapas. A quantificação dos nutrientes ocorreu no 1º e 2º dia e no 30º dia. A quantificação dos nutrientes foi realizada por espectrometria do UV-Vis, incluindo o sulfato pelo método turbidimetrico com BaCl2(s) (MACKERETH et al 1978 apud PARANHOS, 1996; NAZEL & CORVIN, 1965 apud PARANHOS, 1996; GOLTERMAN et al, 1978 apud PARANHOS, 1996); as medições dos parâmetros físico-quimicos foram realizadas em equipamento multiparâmetro; o oxigênio dissolvido foi quantificado em oxímetro de laboratório; e o sulfeto foi determinado pelo Método de Winkler.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em água da Laguna, a análise do pH indica que a Ruppia marítima L. se decompõe sem variações e próximo à neutralidade. A salinidade se manteve baixa, comprovando o decréscimo de Ruppia na estação seca, onde a salinidade da Laguna da Jansen chega a 40‰ (GOMES&IBAÑEZ,2002). A temperatura e a condutividade não se mostraram limitantes no processo. Os níveis crescentes de OD apontam à existência de produção primária (Tab.1, Fig.1). O teor da amônia oscilou e os de sulfeto e sulfato decresceram e depois aumentaram (Tab.2,Fig.2). A liberação de nitrogênio e fósforo na decomposição se deve ao fato de que estes nutrientes, principalmente o fósforo, participam do metabolismo celular da macrófita (Tab.3) e indicando também elevada disponibilidade e grande mobilização no sedimento e na coluna d’água da Laguna. O silicato não apresentou modificações significativas. Em água destilada, o pH, a salinidade e a condutividade se mantiveram próximos aos valores da própria água destilada usada. Os níveis de OD indicam produção primária (Tab.1A). Os níveis de amônia, sulfeto e sulfato ficaram abaixo dos encontrados na água da Laguna (Tab.2A/2B). Estes dados comprovam a capacidade de filtração/absorção dos nutrientes e da biodegradação pelas macrófitas (DINIZ et al,2005). Em condições extremas de sobrecarga orgânica, como na Laguna da Jansen, há perda na retenção de alguns componentes eutrofizantes e de microorganismos, devido ao crescimento excessivo destes, podendo prejudicar o efeito filtro da Ruppia e remoção de componentes poluentes e, através da decomposição da planta, pode haver elevação de nitrogênio e fósforo no ambiente (Fig.3). Em condições não adversas o nascimento, crescimento e morte das macrófitas ocorrem em um processo dinâmico e continuo durante todo o ano (ESTEVES, 1998).





CONCLUSÕES: As emissões sulfidricas resultam da disponibilidade de enxofre no sedimento e coluna d’água, sendo conseqüência direta do lançamento de esgotos no meio, também responsável direto pela eutrofização e pela superpopulação de macrofitas na Laguna da Jansen. O manejo adequado das macrofitas aquáticas é importante para manter seu poder de filtração, absorção e de biodegradação, podendo ser solução ecológica viável ou paliativa para a melhoria da qualidade da água de corpos aquáticos em processo de eutrofização, podendo inclusive incrementar o nivel OD e favorecer a sobrevivência de espécies.

AGRADECIMENTOS: Ao CEFET-MA, ao NASQA/CEFET-MA, a UFMA, ao LABOHIDRO/UFMA, aos orientadores do projeto e, especialmente, Jonas de Jesus Gomes da Costa Neto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ESTEVES, F.A. Fundamentos de limnologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1998.
PARANHOS, R. Alguns métodos para análise de água. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.
DINIZ, C. R. et al. Macrófitas aquáticas em ecossistemas naturais: agentes filtradores e de remoção de matéria orgânica, nutrientes e de bactérias indicadoras de poluição fecal. In: 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2005.
CARMOUZE, Jean-Pierre. O metabolismo dos ecossistemas aquáticos: fundamentos teóricos, métodos de estudo e analises químicas. São Paulo: Edgard Blucher; FAPESP, 1994.
GOMES, L.V.; IBAÑEZ, M.S.R. Variação nictimeral de parâmetros físicos e químicos da Laguna da Jansen em duas fases do ciclo hidrológico. Bol. Lab. Hidrobiol., v. 13. UFMA, São Luis, 2000.