ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE Cu(II) EM NOVE LAGOS DA REGIÃO AMAZÕNICA

AUTORES: FAÇANHA, G.S. (UFAM) ; CARVALHO, K.C.G. (UNINORTE) ; DUARTE, R.M. (INPA) ; PAULA-SILVA, M.N. (INPA) ; OLIVEIRA, S.S. (INPA) ; ALNEIDA-VAL, V.M.F. (INPA)

RESUMO: O aumento populacional e a industrialização acarretaram grandes pressões aos recursos hídricos que passaram a ser resultados finais dos mais variados tipos de poluição, dentre as quais, a poluição química por metais pesados. O Cu2+ é um dos metais pesados mais encontrados como resíduo industrial, é considerado um dos mais tóxicos. Ao analisar amostras de água nos períodos de cheia e seca, em 2004 e 2005, nos Lagos de abrangência do Projeto Piatam III, constatou-se que a concentração de Cu2+ manteve-se constante em 2004, já em 2005, resultados mostram que no Lago Baixio a concentração de Cu2+ é significativamente menor na seca em relação ao período de cheia. Todos as análises mostraram níveis de concentração dentro do limite máximo permitido pela Res. 357/2005 do CONAMA.

PALAVRAS CHAVES: metal pesado, poluição aquática, ecotoxicologia

INTRODUÇÃO: A constante evolução do homem tem influenciado diretamente no meio em que vive, impactando a homeostase ambiental. O aumento populacional concomitante com a necessidade de alimentos, geração de empregos e industrialização acarretaram grandes pressões aos recursos hídricos que passaram a ser resultados finais dos mais variados tipos de poluição, ocasionando situações de grande risco a saúde humana.
O termo heavy metal (metal pesado) refere-se ao grupo de elementos químicos com alto peso específico, acima de 5g cm-3, muitos dos quais venenosos aos seres humanos (TAVARES, 1992; LEE, 1999). Uma pessoa adulta possui cerca de 100 mg de cobre no organismo, consumindo de 4 a 5 mg em sua dieta diária. Essa pequena quantidade é essencial, pois a falta desse elemento provoca a incapacidade no aproveitamento do ferro armazenado no fígado, ocasionando anemia, porém em doses maiores torna-se tóxica (LEE, 1999). Embora pensemos nos metais pesados como poluentes da água e como contaminantes de nossos alimentos, eles são em sua maioria transportados de um lugar para outro por via aérea, seja como gases ou como espécies adsorvidas sobre ou absorvidas em material particulado em suspensão. Assim, por exemplo, cerca da metade dos metais pesados que entram nos Grandes Lagos são depositados a partir do ar (BAIRD, 2002). Dessa forma, avaliar o nível de poluentes tóxicos metálicos dos Lagos de várzea do médio rio Solimões – Amazonas – Brasil, em razão da crescente liberação de material contaminante, faz-se necessário para gerenciamento dos riscos (AZAVEDO, 2004).

MATERIAL E MÉTODOS: As coletas de água foram realizadas em nove Lagos de várzea da Amazônia, na abrangência do Projeto Piatam III, nos períodos de seca (06/2004) e cheia (12/2004) e seca (06/2005) e cheia (12/2005).As águas foram coletas em garrafas pet de 2 litros em três pontos em cada Lago: na malhadeira de pesca, meio do Lago e saída do Lago verificando em seguida seu pH, as amostras foram imediatamente acidificadas com HNO3 10%.
As águas foram filtradas com millipore 45para a retirada de partículas sólidas e acondicionadas a recipientes de 1 mL para a análise em Espectrofotometria de Absorção Atômica (Perkin Elmer, modelo AAS 8000) em forno de Carbono Grafite com ar Argônio.
Os dados foram expresso como média ± erro padrão da média. A concentração de Cu2+ nos Lagos foi analisada por meio de teste “T” de Studentt, mantendo sempre a significância de 5% para todas as análises.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao analisar as amostras dos Lagos de Várzea em 2004 (Figura 1), as concentrações de Cu2+ obtidas, estão dentro dos limites permitidos, de acordo com o CONAMA (Res. 357/2005), máximo permitido a 9,0 g/L, e, não houve diferenças significativas entre os períodos de cheias e secas (Figura 2).
Nos Lagos Baixio, Maracá e Urucú foram os lagos que contiveram maior concentração do cátion metálico Cu na época de cheia em relação a seca. Em contrapartida, temos os Lagos Preto, Iauara, Campina, Poraquê e Arua com maior concentração do cátion metálico na seca.
Ao analisar as amostras dos Lagos em 2005 (Figura 2b), notou-se uma maior concentração de Cu2+. No Lago Baixio houve diferença significativa entre cheia e seca. Alguns Lagos como Ananá e Maracá houve um índice muito alto na concentração de Cu no período de cheia, porém com uma margem de ± erro da média grande. Os Lagos Iauara, Campina e Aruã foram os únicos que apresentaram no período de seca uma concentração maior de Cu que no período de cheia. Apesar de algumas atividades antropogênicas e industriais próximas à região, aparentemente não está ocorrendo poluição efetiva das águas em nenhum dos Lagos ou está ocorrendo a bioacumulação em peixes, plantas, na biota local.





CONCLUSÕES: As análises das amostras dos Lagos de várzea, na abrangência do Projeto PIATAM III, mostraram que a concentração de Cu2+ existente está dentro dos padrões de qualidade de águas doces classe1, não oferecendo risco de intoxicação por Cu2+ ao homem após tratamento simplificado.
As águas da região Amazônica têm caracter ácido favorecendo a mobilidade metálica sendo possível que o metal seja encontrado nos peixes, sedimentos ou plantas.

AGRADECIMENTOS: A Deus, ao apoio financeiro do CNPq, Petrobrás, Piatam, pelo apoio técnico-científico UFAM e INPA, e a todos que contribuem para a melhoria do Meio Ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AZEVEDO, F,A de.; CHASIN, A.A. da M. As bases toxicológicas da Ecotoxicologia. Rima Editora, São Paulo, 2003.

BAIRD, C. Química Ambiental. 2ª ed. – Porto Alegre: Bookman, 2002

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 357, de 17 de março de 2005. Padrões de qualidade de água. 2005

LEE. J.D. Química Inorgânica não tão concisa. Tradução da 5ª edição inglesa – São Paulo: Edgard Blücher, 1999.

PIO, M.C.da S. Estudo físico-químico de água e capacidade de absorção de metais pesados por Lemna aequinoctialis em um igarapé do Distrito Industrial de Manaus. Dissertação de Mestrado. UFAM, Manaus, 2004.

TAVARES, T.M. Avaliação de exposição de populações humanas a metais pesados no meio ambiente: exemplo do Recôncavo Baiano. Química. Nova, São Paulo, v.15, n. 2, p 147-153, 1992.