ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE SECAGEM DAS FOLHAS DE Casearia Sylvestris DESF. (Flacourtiacea) SOBRE Streptococcus Mutans

AUTORES: GOIS, E. P. DE (UNILAVRAS) ; AMARAL, L. C. S. (UNILAVRAS)

RESUMO: O Centro Universitário de Lavras tem comercializado um gel que utiliza extrato de guaçatonga. Experimentos em laboratório têm confirmado sua atividade anti-séptica, antitumoral, antiúlcera e abortiva (BASILE et al., 1990). Pré-testes realizados em 2004 indicaram que o extrato da folha de C. sylvestris apresenta atividade sobre Streptococcus mutans.
Diante da importância da guaçatonga como planta medicinal, de poucos estudos relacionados a sua atividade antimicrobiana e dos resultados obtidos na execução do projeto de pesquisa de Faria Jr (2005), Surge a necessidade de estudar a atividade do extrato de C. sylvestris sobre S. mutans, visando utilização desta em preparações odontológicas.

PALAVRAS CHAVES: casearia, secagem, streptococcus

INTRODUÇÃO: O uso de plantas e seus derivados no tratamento e na cura de enfermidades consistiram durante muito tempo a base da terapêutica e, atualmente, cerca de 25% dos fármacos utilizados são de origem vegetal, enquanto 50% são de origem sintética, mas relacionados aos princípios isolados de plantas medicinais (YUNES et al. 2000). Outro aspecto a ser ressaltado é a quantidade de plantas existentes no planeta, sendo que a maioria é desconhecida sob o ponto de vista científico, em que entre 250 – 500 mil espécies, somente cerca de 5% têm sido estudadas fitoquimicamente e uma porcentagem menor avaliadas sob aspectos biológicos (CECHINEL FILHO & YUNES, 1998).
A espécie Casearia Sylvestris é da família Flacourtiacea. A literatura apresenta informações a respeito desta planta em relação a efeitos antiulcera (BASILE et al., 1990), antitúmoral (ALMEIDA, 1999), genotóxico (MAISTRO et al., 2004), para neutralizar veneno de cobras (BORGES et al., 2001) e antiinflamatória (ALMEIDA, 1999). Dentre os constituintes da Casearia sylvestris encontram-se o ácido capriônico, saponinas, alcalóides e flavonóides (FRANCIS, 2004). Segundo FARIA Jr. (2005) as folhas frescas de C sylvestris apresentam atividade com S. mutans nos meses de agosto e setembro.
A clorexidina® é o anti-séptico mais utilizado na odontologia, reduz significativamente o biofilme bacteriano, é pouco tóxica, mas possui efeitos colaterais que dificultam o uso de longa duração, o que torna imprescindível à busca de novas substâncias que combatam as bactérias causadoras da cárie (BARBOSA, 2001) como a Streptococcus mutans.



MATERIAL E MÉTODOS: Colônias da bactéria S. mutans estão sendo mantidas em cultura em meio BHI desidratado enriquecido com extrato de levedura, em atmosfera anaeróbica, indispensável para seu crescimento. A cultura é repicada a cada 15 dias para evitar perda do material biológico e mutação.
As folhas de C. sylvestris foram coletadas no Horto Botânico do Centro Universitário de Lavras-MG, de agosto a outubro de 2006. No Laboratório de Química UNILAVRAS as folhas foram submetidas a dois processos de secagem, sendo um ao ar livre e o outro na estufa 40ºC para a perda de água das folhas. Logo após a secagem as folhas foram picadas e submetidas à extração hidroalcoólica (etanol 70% v/v) e filtrada com 10 dias de contato.
Os extratos produzidos foram testados com 10 30 e 150 dias contra o S. mutans. Para cada ensaio foi feita uma placa com 3 repetições do extrato, controle positivo (Clorexidina® 0,1%) e controle negativo (Solução hidroalcoólica). Após incubação desta placa, os halos de inibição do crescimento do S. mutans foram medidos e calculados a média e desvio padrão.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato das folhas, coletadas entre os meses de agosto e setembro de 2006, inibiu o crescimento de Streptococcus mutans, apresentando halo de inibição de 1,8±0,1 para o ensaio realizado com 10 dias após o preparo do extrato e halo de inibição de 1,9±0,3 e 1,9±0,2 para o ensaio realizado após 30 dias e 150 dias respectivamente de seu preparo. As folhas secas na estufa 40ºC apresentaram halo de inibição de 2,3 ±0,1, 2,3±0,2 e 2,0±0,1 para o ensaio realizado com 10, 30 e 150 dias após o seu preparo. O extrato da folhas secas ao ar livre apresentou halo de inibição de 1,7±0,1, 1,4±0,1 e 1,4±0,2 para o ensaio realizado com 10, 30 e 150 dias após o preparo do extrato.
Com o extrato das folhas, coletada no mês de outubro de 2006 não ocorreu inibição da bactéria, logo este não apresenta resultado positivo sobre a inibição do crescimento de Streptococcus mutans.


CONCLUSÕES: O extrato preparado com folhas de Casearia sylvestris, coletadas em agosto e setembro de 2006, apresentou atividade sobre o S. mutans, enquanto que o mês de outubro de 2006, não apresentou atividade sobre o S. mutans, verificando assim, que a ação do extrato das folhas da C. sylvestris é influenciada pela época da coleta.
O tempo de armazenamento do extrato e o processo de secagem das folhas não influência significativamente a atividade do extrato sobre S. mutans.


AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa de pesquisa e para a Fudação Educacional de lavras pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, A. Atividade antiinflamatória e antitumoral do extrato hidroalcóolico de casearia sylvestris: estudo comparativo com os antiinflamatórios piroxicam e meloxicam. 1999. Dissertação (Instituto de Ciências Biomédicas – Mestrado) São Paulo: USP, 97p.

BARBOSA, R. A. Avaliação do efeito microbiano in vitro e in vivo do extrato de Rosmarinus officinalis sobre Streptococcus mutans. 2001. 81p. Dissertação (Mestrado em Ciência – ênfase em saúde). Universidade José Rosário de Vellano, Alfenas, MG.

BASILE, A.C; SERTIE, J. A. A.; PANIZZA, S.; OSHIRO, T. T.; AZZOLINI, C.A. pharmacological assey of casearia sylvestris. I. Preventive antiulcer activity and toxicity of the leaf crude extract. Journal of Ethnopharmacolology, v. 30, n. 2, p. 185-197, 1990.

BORGES, M. H.; SOARES, A. M.; RODRIGUES, V. M.; OLIVEIRA, F.; FRANSHESCHI, A. M. RUCAVADO, A.; GIGLIO, J. R.; HOMSI-BRADEBURGO, M. I. Neutralization of proteases from Bothrops sanke venoms by the aqueous extract from Casearia sylvestris (Flacourtiaceae). Toxicon, v.39, p. 1863-1869, 2001.

CECHINEL FILHO, V; YUNES, R. A. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova, São Paulo, v.21, n. 1, p. 99-105, jan/1998.

FARIA Jr., E. B. Avaliação da atividade biológica do extrato das folhas de casearia sylvestris e suas frações sobre Streptococcus mutans. 2005. 23p. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em farmácia). Universidade do estado de Minas Gerais, Centro Universitário de Lavras, Lavras, MG.

FRANCIS, J. K. Casearia sylvestris. Disponível em: www.fs.fed.us/global/casearia Acesso em jan/2004

MAISTRO, E. L.; CARVALHO, J. C. T.; MANTOVANI, M. S. Evaluation of the genotoxic potential of the Casearia sylvestris extract on HTC and v 79 cells by the comet assay. Toxicology in vitro, v. 18, p. 337-342, 2004.

YUNES, R. A; PEDROSA, R. C; CEVHINEL FILHO, V. Fármacos e Fititerápicos: A necessidade do desenvolvimento da industria de Fitoterápicos e Fitofármacos no Brasil. Química Nova, São Paulo, v. 24, n.1, p. 147-152, jun/2000.