ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS BRUTOS DE PLANTAS DA REGIÃO DO SEMI-ÁRIDO COMO INDICADORES DE pH

AUTORES: SOUSA, J.A. (SEDIS/UFRN) ; LEITE, R.H.L (UFERSA)

RESUMO: RESUMO: Os extratos de Turnera ulmifolia L., Ipomoea asarifolia (Ders) convolvulaceae e Macroptilium lathyroides L. Urb. foram avaliados com relação a sua capacidade de mudar de coloração, quando da variação do pH do meio em que se encontram. Apenas o extrato de Macroptilium lathyroides L. Urb. apresentou potencialidades para o uso como indicador de pH, sendo a seguir testado na titulação de diferentes ácidos e bases e os resultados obtidos comparados estatisticamente, através do teste t de student e do teste F de Snedecor, com os de titulações usando fenolftaleína. O extrato vegetal mostrou-se adequado para a titulação de ácidos e bases fortes, e para a titulação de ácidos fracos com bases fortes. Resultados menos precisos foram obtidos na titulação de uma base fraca com um ácido forte.

PALAVRAS CHAVES: indicadores ácido-base, feijão-de-rola, ensino de química

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A utilização de substâncias extraídas da natureza como indicadores de pH não é uma novidade, na realidade as primeiras substâncias empregadas com essa finalidade eram extraídas de liquens e outras fontes naturais. Porém, a introdução de indicadores de pH sintéticos, como as sulfotaleínas, diminuiu o interesse na utilização dos indicadores naturais.
Recentemente, diversos trabalhos têm resgatado a importância dos indicadores naturais de pH para o ensino da química, principalmente através da utilização de extratos vegetais (DIAS, M.V. et al, 2003; CAVALHEIRO, E.T.G. et al, 1998; CAVALHEIRO, E.T.G. et al, 2000; LIMA, V.A. et al, 1995).
O emprego de extratos vegetais, como indicadores de pH, permite a utilização de recursos disponíveis no cotidiano dos alunos, para a realização de experimentos de química, conforme sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1999). Observa-se, no entanto, que a maioria das matérias-primas utilizadas nos trabalhos que tratam do assunto não fazem parte do cotidiano do aluno da Região do Semi-Árido brasileiro.
No presente trabalho, três plantas nativas da região semi-árida do Brasil foram estudadas com o objetivo de avaliar seu potencial como indicadores de pH em experimentos de química para o ensino médio e superior. As espécies selecionadas foram: “chanana” (Turnera ulmifolia L.), “salsa” (Ipomoea asarifolia (Ders) convolvulaceae) e “feijão-de-rola” (Macroptilium lathyroides L. Urb.).


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: a) obtenção do extrato vegetal - As espécies selecionadas foram identificadas e coletadas no período da manhã. As partes utilizadas para a obtenção do extrato foram as pétalas das flores. A matéria-prima foi cuidadosamente triturada em almofariz, macerada em etanol durante 3 horas e finalmente filtrada em papel de filtro. Utilizou-se 10g de matéria vegetal e 50 mL de etanol em cada extração.
b) determinação da cor dos extratos vegetais em função do pH - os extratos obtidos foram adicionados a soluções tamponadas a valores de pH variando entre 0 e 14. Observou-se a coloração do extrato em função do pH da solução tampão.
c) avaliação da eficácia do extrato em titulações de neutralização - O extrato de Macroptilium lathyroides L. Urb. teve sua eficácia, na titulação de ácidos e bases, comparada com a da fenolftaleína e a do indicador misto (vermelho de metila 1% + verde de bromocresol 1%), dois indicadores ácido-base de uso comum. Foram realizadas diferentes titulações de soluções padrões de ácido forte (HCl – 0,091 mol.L-1), base forte (NaOH – 0,098 mol.L-1), ácido fraco (CH3COOH – 0,099 mol.L-1) e base fraca (NH4OH – 0,144 mol.L-1), os volumes gastos nas titulações utilizando o extrato foram comparados com os obtidos com os outros indicadores através do teste t de student e do teste F de Snedecor. Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1, mostra a variação da cor dos extratos das plantas estudadas em função do pH da solução tampão utilizada. O extrato de Macroptilium lathyroides L. Urb. apresentou os melhores resultados, com cores nítidas e bem diferenciadas de acordo com o pH, num comportamento semelhante ao dos extratos de outras espécies vegetais ricas em antocianinas, como o repolho-roxo (Brassica olerácea – GOUVEIA-MATOS, J.A.M., 1999), a quaresmeira (Tibouchina granulosa – SOARES, M.H.F.B. et al, 2001) e a maria-preta (Solanum nigrum L. – CAVALHEIRO, E.T.G. et al, 2000).
A tabela 01 apresenta a comparação estatística efetuada entre as titulações realizadas com fenolftaleína e com extrato de Macroptilium. Os testes estatísticos realizados mostram que para as titulação de NaOH com HCl, HCl com NaOH e CH3COOH com NaOH a utilização do extrato vegetal como indicador conduz a resultados que podem ser considerados iguais, a um nível de significância de 5%, aos obtidos quando a fenolftaleína é usada como indicador. No entanto, a utilização do extrato vegetal na titulação do NH4OH com HCl, leva a resultados menos precisos e diferentes daqueles obtidos com fenolftaleína como indicador. Nos casos onde um ácido foi titulado com uma base o extrato vegetal muda de uma cor rosa para verde, e de forma invertida quando uma base é titulada com um ácido. Em todas as titulações pode-se constatar a reversibilidade da mudança de coloração do indicador.






CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: O extrato etanólico obtido das flores do feijão-de-rola mostram grande variação de cor em função do pH do meio, o que possibilita sua utilização como indicador de pH. A utilização do extrato de feijão-de-rola em titulações ácido-base leva a resultados iguais aos obtidos quando a fenolftaleína é usada como indicador, nas titulações de ácido forte com base forte, base forte com ácido forte e ácido fraco com base forte. O extrato de feijão-de-rola produz resultados com menor precisão, e distintos dos obtidos com fenolftaleína, quando uma base fraca, , é titulada com um ácido forte.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAVALHEIRO, E.T.G.; COUTO, A.B.; RAMOS, L.A. 1998. Aplicação de pigmentos de flores no ensino de Química. Química Nova, 21: 221-227.

CAVALHEIRO, E.T.G.; LUPETTI, K.; RAMOS, L.A.; FATIBELLO-FILHO, O. 2000. Utilização do extrato bruto de frutos de Solanum nigrum L. no ensino de Química. Eclética Química, 25: 229-240.

DIAS, M.V.; GUIMARÃES, P.I.C.; MERÇON, F. 2003. Corantes naturais: extração e emprego como indicadores de pH. Química Nova na Escola, 17: 27-31.

GOUVEIA-MATOS, J.A.M. 1999. Mudança nas cores dos extratos de flores e do repolho roxo. Química Nova na Escola, 10: 6-10.

LIMA, V.A.; BATTAGGIA, M.; GUARACHO, A.; INFANTE, A. 1995. Demonstração do efeito tampão de comprimidos efervescentes com extrato de repolho roxo. Química Nova na Escola, 1: 33-34.

SOARES, M.H.F.B.; SILVA, M.V.B.; CAVALHEIRO, E.T.G. 2001. Aplicação de corantes naturais no ensino médio. Eclética Química, 26: 225-234.