ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Desenvolvimento de armadilha ecológica para a captura do vetor transmissor da dengue

AUTORES: CAVALCANTE,R.F. (UFC) ; PAULA, H.C.B. (UFC)

RESUMO: No laboratório de Química de Biopolímeros da UFC um atrativo foi incorporado a um gel de chichá (Estercúlia striata) visando à atração e captura das fêmeas do Aedes aegypti,sendo estas testadas in vivo. Os géis dopados com diferentes teores do atrativo foram colocados em gaiolas contendo 20 fêmeas. Após um intervalo de tempo, a atração foi registrada e analisada estatisticamente. Observou-se também o poder de captura, das amostras, verificando-se boa adesividade. As amostras revelaram boa performance de atração na faixa de 22,5 a 80 %. A liberação controlada do atrativo mostrou efeito residual de atração de 40% após 72 horas. Os dados obtidos permitiram concluir que o gel de chichá é eficiente para a liberação de substancias com capacidade pra atrair e capturar fêmeas do Aedes Aegypti.

PALAVRAS CHAVES: armadilhas, aedes aegypti, chichá

INTRODUÇÃO: O combate a epidemias de dengue no Brasil tem se tornado um problema que requer novas tecnologias para a sua solução. O sistema atual de pulverização do larvicida tem se revelado ineficiente e oneroso, além de apresentar danos ao meio ambiente e a população em geral.
Nos últimos anos, no Ceará, foram confirmados casos de dengue em todos os meses com maior incidência durante o primeiro semestre, principalmente nos meses de março a julho. Destaca-se o ano de 2006 que teve seu pico epidêmico nos meses de maio e junho, provavelmente influenciado pela distribuição irregular das chuvas nesse período. Neste mesmo ano foram notificados 39.689 casos suspeitos de dengue em 170 municípios.
No laboratório de Química de Biopolímeros da UFC um atrativo (1, relatório enviado ao cnpq) foi incorporado a um gel de chichá visando a atração e captura das fêmeas do Aedes aegypti. Os testes em viveiros dos mosquitos (fêmeas) do Aedes aegypti comprovam a eficiência da dopagem, obtendo-se a atração de cerca de 80% das fêmeas, em uma população de 20 fêmeas em um determinado intervalo de tempo. (2,3).
Recentemente, DDVP foi dosado em microesferas de quitosana e goma do cajueiro com até 6,6% de larvicida, resultando numa concentração de cerca de 6 ppm, para esferas em uma determinada massa. Os testes em viveiros mostraram atividade larvicida com até 72 horas de liberação.(4). Este trabalho teve por objetivos o desenvolvimento de armadilhas para a captura das fêmeas adultas e alimentadas. Foram utilizadas amostras de goma de chichá ( Estercúlia striata ), embebidas com ácido lático e amônia.





MATERIAL E MÉTODOS: Preparação e otimização das matrizes utilizando como matéria prima chichá, dopagem das matrizes com soluções de diferentes concentrações de amônia e ácido lático;investigação da cinética da liberação controlada do atrativo;estudo do efeito residual; testes in vivo para observar a eficácia do atrativo.Resumidamente, as amostras (géis) dopados com diferentes teores de atrativos e inseticidas foram colocadas em gaiolas contendo cerca de 20 fêmeas (2), fornecidas pela NUEND (Núcleo de Controle de Endemias) pela Secretaria de Saúde. Após um certo intervalo de tempo, o índice de atração foi registrado e analisado estatisticamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Vários testes foram realizados visando obter-se formulações adequadas para a goma do chichá, resultando numa matriz de gel de chichá contendo uma solução de amônia e ácido láctico em uma determinada concentração, designada de solução A. A seguir testou-se então, soluções mais concentradas, obtendo-se uma atração bem mais significativa e satisfatória (Tabela 1). Observou-se também o poder de captura dessas fêmeas, a partir das amostras de géis dopadas com o atrativo nas respectivas concentrações, verificando-se uma boa adesividade para o gel de chichá (figura 1). Os resultados mostraram que as amostras contendo goma do chichá revelaram melhor performance de atração na faixa de 22,5 a 80 %. A liberação controlada do atrativo permitiu um efeito residual que permitiu a atração de cerca de 40% de fêmeas após 72 horas.
Tabela 1: Efeito da concentração de atrativo na atração, para a matriz de chichá.

Solução Atração (%)
A 22,5 ± 3,5
2A 25,8 ± 14,5
4A 33,75 ± 5,6
8A 80 ± 14,00



Fig.1 Captura das fêmeas em gel de chichà






















CONCLUSÕES: Obtenção de índices de atração que variam na faixa de 22.5% a 80 %, sendo, portanto, bastante satisfatórios.
A matriz biopolimérica permitiu uma ação residual do atrativo em até 72 horas.
Os dados obtidos permitiram concluir que o gel de chichá é um instrumento eficiente como matriz para a liberação controlada de substancias com capacidade pra atrair e capturar fêmeas do Aedes Aegypti, revelando-se eficaz para um eventual componente de uma provável armadilha a ser utilizada na sociedade.


AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, UFC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1-Paula, H. C. B.; Gomes, F. S.; Paula, R. C. M., “Swelling studies of chitosan/cashew nut gum physical gels” . Carbohydrate Polymers, Inglaterra, v. 48, n. 3, p. 313-318, 2002
2- Perich, MJ Kardec, A Braga, IA Portal, IF Burge, R Zeichner, BC Brogdon, WA Wirtz, RA. “Field evaluation of a lethal ovitrap against dengue vectors in Brazil”. Medical and Veterinary Entomology. 17: 205 –210, 2003.
3- Paula, H. C. B. e Silva, Maria Clebiania da, “Gels of chitosan and cashew gum as a matrix for larvicide controlled release” International Seminar on Natural Polymers and Composites, Sao Pedro, Sao Paulo, nov. 2004.
4-Bezerra, Sterlane K F “Estabilização da matriz polimérica de quitosana/ goma do cajueiro usada na liberação de larvicida”, Relatório de Bolsa de Iniciação Cientifica da UFC, UFC, 15 paginas, agosto de 2004.