ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Adição de Aguarrás à Gasolina: uma avaliação dos parâmetros físico-químicos de qualidade segundo as especificações da ANP

AUTORES: DIAS, R. C. (UFPA) ; BAHIA, L. S. (UFPA) ; DOS SANTOS, A. F. B. (UFPA) ; BATISTA, P. R. S. (UFPA) ; BRAGA, M. (UFPA) ; ZAMIAN, J. R. (UFPA) ; DA ROCHA FILHO, G. N. (UFPA)

RESUMO: RESUMO: Diferentes porcentagens de aguarrás (10, 20, 30, 35 e 40%) foram adicionadas à gasolina tipo C comum mantendo o teor de álcool fixo em 23%. Os parâmetros físico-químicos da gasolina tipo C comum e de suas respectivas misturas gasolina/aguarrás foram avaliados segundo as especificações da ANP (Portaria ANP Nº 309/2001 – Resolução nº 36/2006). Foram testados os seguintes parâmetros: curva de destilação, massa específica, octanagem e teor de hidrocarbonetos. A adição de aguarrás a partir de 35% afetou de modo significativo apenas os pontos 10 e 50% de volume evaporado da curva de destilação, conforme as especificações mencionadas anteriormente. Esses resultados mostraram que as especificações da ANP foram ineficazes nas adulterações com adição de até 30% de aguarrás.

PALAVRAS CHAVES: gasolina, aguarrás, adulteração.

INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO: O uso de gasolina adulterada traz diversas conseqüências, sendo que a primeira a ser notada pelos consumidores são os danos provocados no veículo, em virtude da adição excessiva de álcool e de solventes. Essas substâncias causam: corrosão das partes metálicas que entram em contato com o combustível, deterioração de tubos e mangueiras de borracha, formação excessiva de resíduo, entre outros danos ao veículo. Além da ação sobre o veículo, o uso de combustíveis adulterados afeta o meio ambiente, uma vez que a combustão torna-se irregular e a emissão de compostos como NOx e SOx, causadores de chuva ácida, e CO que é altamente asfixiante, aumenta. Por último, cita-se o grande prejuízo na arrecadação de impostos pela União e na concorrência desleal. Na tentativa de coibir fraudes, a ANP realiza periodicamente coletas de amostras de combustíveis em todo o país, e sobre estas amostras são realizados diversos ensaios a fim de verificar a conformidade ou não com as especificações. Todavia, as especificações existentes foram adotadas, em sua maioria, com base em um bom funcionamento do motor, e não visando identificar uma adição criminosa de solvente. Mesmo sendo capaz, na maioria das vezes, identificar combustíveis adulterados, as especificações não são capazes de detectar uma fraude com quaisquer solventes e em todas as proporções de adição o que pode levar a uma gasolina adulterada a passar como conforme pelos ensaios. O objetivo deste foi realizar um estudo da adição de diferentes porcentagens de aguarrás (10, 20, 30, 35 e 40%) à gasolina tipo C comum mantendo o teor de álcool fixo em 23% e avaliar os parâmetros físico-químicos de qualidade segundo as especificações da ANP (Portaria ANP Nº 309/2001 – Resolução nº 36/2006) visando identificar adulterações.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: Gasolina Tipo A e álcool etílico anidro combustível foram doados por uma distribuidora de combustíveis de Belém-PA. Aguarrás foi adquirida no comércio local. A gasolina Tipo C comum com diferentes porcentagens de aguarrás (10, 20, 30, 35 e 40%) mantendo fixo o teor de álcool em 23% foram preparadas e analisadas no Laboratório de Pesquisa e Análise de Combustíveis da Universidade Federal do Pará. A curva de destilação foi conduzida em destilador automático seguindo método ASTM D 86. A massa específica foi realizada em decímetro automático seguindo método ASTM D 4052. Octanagem e teor de hidrocarbonetos foram executados em analisador de gasolina GS 1000.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCURSÕES: A análise da curva de destilação revelou que a adição de aguarrás afetou de forma significativa, apenas os pontos 10 e 50% de volume evaporado, para porcentagens de aguarrás a partir de 35%, superando os limites máximos de 65 e 80 °C para os respectivos pontos, conforme especificados pela ANP (Portaria ANP Nº 309/2001 – Resolução nº 36/2006). Esse comportamento era esperado devido à faixa de destilação da aguarrás está compreendida entre 150 e 220 °C, portanto, elevando a temperatura de destilação dessas frações. A massa específica variou de 761,23 Kg/m3 da gasolina tipo C comum isenta de aguarrás até 765,60 Kg/m3 da gasolina tipo C comum com 40% de aguarrás, o que se justifica já que a aguarrás possui massa específica mais elevada. Todavia a legislação não especifica um mínimo ou máximo para esse parâmetro. Quanto aos resultados do teste de octanagem MON e IAD, respectivamente, não ocorreram variações significativas com adição de até 40% de aguarrás. Com relação ao teor de hidrocarbonetos (benzeno, saturados, olefínicos, aromáticos, tolueno e xileno), houve um decréscimo acentuado em função do aumento da porcentagem de aguarrás, devido à diluição. A exceção foi o teor de saturados que aumentou significativamente, o que é justificado uma vez que a aguarrás faz parte da classe dos solventes alifáticos.

CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: A adição de aguarrás a partir de 35% afetou de modo significativo apenas os pontos 10 e 50% de volume evaporado da curva de destilação, superando os limites de 65 e 80 °C para os respectivos pontos, conforme especificados pela ANP (Portaria ANP 309 – Resolução 36), mostrando que as especificações da ANP foram ineficazes nas adulterações com adição de até 30% de aguarrás.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1- Takeshita, E. V. Adulteração de gasolina por adição de solventes: análise dos parâmetros físico-químicos, Estado de Santa Catarina. 2006, 113 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
2- ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Site: www.anp.gov.br, 11/ 06/ 2007 – 9:00 h.
3- Côcco, L. C., Yamamoto, C. I. E., Meien, O. F. V. Study of correlations for physicochemical properties of Brasilian gasoline. Chemometrics and Intelligent Laboratory Systems, Vol. 76, Pág. 55 – 63, 2005.