ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Sistemas Microemulsificantes para Veiculação e Aumento da Biodisponibilidade de Fármacos

AUTORES: GOMES, F. E. S. (UFRN) ; MORAIS, E. K. L. (UFRN) ; ANJOS, G.C. (UFRN) ; MACIEL, M. A. M. (UFRN)

RESUMO: Sistemas microemulsionados (SME) são importantes veículos de liberação controlada de fármacos no seu sítio de ação farmacológico, em decorrência de solubilizarem substâncias de caráter lipofílico e hidrofílico, bem como pela diminuição da dose administrada e de efeitos adversos. No entanto, podem sofrer diluição no meio fisiológico, podendo resultar na formação de outras microestruturas. Neste contexto, o presente trabalho avaliaou a estabilidade dos sistemas SME-1 e SME-2, pelas suas diluições em água. Tendo sido observado que o sistema SME-1 após adição de água, se mantém estável.

PALAVRAS CHAVES: sistemas microemulsionados, encapsulamento, veículos de fármaco

INTRODUÇÃO: Atualmente um dos maiores desafios da indústria farmacêutica tem sido buscar alternativas para a veiculação e aumento da biodisponibilidade de protótipos de fármacos pouco solúveis, com comprovado potencial terapêutico (LIPINSK, 2000). Em alguns casos, este desafio se estende para fármacos de uso consagrado, objetivando-se neste caso, a redução de efeitos adversos. Neste contexto, a obtenção de veiculações com liberação controlada que reduzam doses administradas e que acarretem em ganhos na relação dose/efeito/redução de toxicidade, representam um dos maiores desafios da atualidade. Dentre os muitos sistemas que foram obtidos para uso oral e promovam liberação contínua de fármacos, destacam-se os lipossomos, nano- e micro-partículas, ciclodextrinas e microemulsões. As ME têm sido amplamente utilizadas como sistemas de liberação de fármacos em decorrência de vantagens específicas, tais como: capacidade de solubilizar fármacos de caráter lipofílico e hidrofílico, aumento da biodisponibilidade de fármacos pouco solúveis em água, diminuição da dose administrada e de efeitos adversos, liberação controlada do fármaco no seu sítio de ação farmacológico (LIPINSK, 2000). Apesar destas vantagens, o elevado percentual de álcoois que são utilizados em ME limita a aplicabilidade farmacológica destes sistemas. Adicionalmente, podem sofrer diluição no meio fisiológico, podendo resultar na formação de outras microestruturas (KLIER et al., 2000). Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade dos sistemas microemulsionados SME-1 (contendo tensoativo etanol) e SME-2 (isento de cotensoativo), pelas suas diluições em água.

MATERIAL E MÉTODOS: Os sistemas SME-1 e SME-2 foram preparados utilizando-se a mistura Tween 80 e Span 20 (3:1) como tensoativo, miristato de isopropila (IPM) como óleo (fase orgânica) e água bidestilada. A estabilidade de SME-1 (35% etanol/tween 80/ Span 20; 60% água bidestilada; 5% IPM de isopropila) e SME-4 (30% tween 80/Span 20; 5% água bidestilada; 65% IPM) foi avaliada pela diluição infinita em água bidestilada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De maneira geral, o uso de cotensoativo em SME favorece a formação de microemulsões através da estabilização do sistema e do aumento da fluidez do filme interfacial (LAWRENCE; REES, 2000). O tipo de cotensoativo que se utiliza e a razão C/T (cotensoativo/tensoativo) auxiliam na formação da microemulsão (ME), podendo acarretar em um aumento da região de ME no diagrama de fase, especificamente próximo ao vértice da água (ME tipo O/A). Em trabalho preliminar reportamos a utilização de uma mistura dos tensoativos Tween 80 e Span 20 objetivando-se a obtenção de extensas regiões de ME, bem como a utilização de um cotensoativo que pudesse ao mesmo tempo, ampliar a região de ME e elevar o poder de solubilização do SME (GOMES et al., 2006). Dentre as várias formulações obtidas, duas delas (SME-1 e SME-4) foram as que apresentaram melhores resultados, já que no diagrama de fase mostraram uma maior região de ME (GOMES et al., 2006). Comparativamente, SME-4 apresentou no diagrama de fase, uma maior região de ME ao longo do eixo binário tensoativo-óleo (A/O). De acordo com o esperado, a utilização do etanol (cotensoativo) na formulação SME-1 aumentou de forma considerável, a região de ME do tipo O/A (ME rica em água), ideal para a solubilização de substâncias polares. Estes sistemas apresentaram comprovada ação solubilizante para extratos de espécies vegetais medicinais, favorecendo suas biodisponibilizações (GOMES et al., 2006; 2007). Em função da importância destes sistemas como veículos de fármacos, ampliamos os estudos que avaliam suas estabilizações, tendo sido comprovado que, o sistema SME-1 após diluições em água bidestilada, mantém-se estável. No entanto, SME-4 diluído em água, emulsiona. Desta forma, SME-1 apesar de conter etanol, oferece maiores vantagens para uso oral.

CONCLUSÕES: A diluição de uma ME provoca aumento do volume de água no SME, gerando quebra da ME, provocada pela migração de moléculas do cotensoativo do filme interfacial para a fase aquosa externa. Diluições de SME no meio fisiológico, podem resultar na formação de novas microestruturas, sendo o caso de SME-4 que quando diluído em água, sofreu quebra da ME. O sistema SME-1 por sua vez, mantém-se estável sendo considerado preferencial para uso oral. Comparação realizada com outros SME ricos em etanol, reforça a importância de SME-1, que possui baixo percentual de etanol 13%.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Programa Prodoc/CAPES.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Gomes, F. E. S; Anjos, G. C.; Dantas, T. N. C.; Maciel, M. A. M.; Esteves, A.; Echevarria, A. 2006. Obtenção de nanoformulações do tipo microemulsão objetivando a biodisponibilização de Anacardium occidentale e sua eficiência como agente antioxidante, Revista Fitos, 2: 82-88.
Gomes, F. E. S; Morais, E. K.; Maciel, M. A. M.; Miranda, A. F.; Echevarria, A. 2007. Solubilização de extratos de Croton cajucara Benth em sistemas microemulsionados e avaliação de sua atividade antioxidante. 30a RA- SBQ, (Águas de Lindóia , SP).
Klier, J.; Tucker, C. J.; Kalantar, T. H.; Green, D. P. 2000. Properties and applications of microemulsions, Advanced Materials, 12: 1751-1757.
Lawrence, M. J.; Rees, G. D. 2000. Microemulsion-based media as novel drug delivery systems. Advanced Drug Delivery Reviews, 45: 89-121.
Lipinski, C. A. 2000. Drug-like properties and the causes of poor solubility and poor permeability, Journal of Pharmacological and Toxicological Methods, 44: 235-249.