ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE FERRO E FÓSFORO EM PLANTAS MEDICINAIS

AUTORES: FONSECA, M.L. (UFC) ; FERRO, E.S. (UFC) ; LOPES, M.F.G. (UFC) ; ALMEIDA, M.M.B. (UFC) ; SOUSA, P.H.M. (UFC)

RESUMO: Esse trabalho teve como objetivo quantificar Fe e P em folhas de 5 plantas medicinais cultivadas no Horto de Plantas Medicinais na Universidade Federal do Ceará (UFC): Hortelã-da-Montanha, Perpétua-Roxa, Tanchagem, Açafroa e Marianinha. As amostras foram coletadas, lavadas, dessecadas, calcinadas e feita a abertura usando uma solução de HCl 1:1. Em seguida, foram filtradas, diluídas e analisadas por espectrofotometria de absorção molecular. Os resultados mostraram que a Açafroa apresentou teores significativos de Ferro e Fósforo e Hortelã-da-Montanha destacou-se por sua maior concentração de P. Com isso, recomenda-se estudos posteriores para utilização dessas plantas como suprimento auxiliar de Ferro e Fósforo na ingestão alimentar.

PALAVRAS CHAVES: minerais, plantas medicinais, espectrofotometria

INTRODUÇÃO: O uso de plantas como cura para males e doenças é um conhecimento tradicional, datado de centenas de anos. Ao procurar plantas para o seu sustento e alimentação, o homem, desde a pré-história, acabou descobrindo espécies de plantas com ação tóxica ou medicinal, construindo assim um conhecimento empírico das suas ações medicinais (JAIN, N. et al., 1992). Tal conjunto de conhecimentos sobre o uso de plantas forma hoje a "fitoterapia popular", uma prática alternativa optada por milhares de brasileiros que não têm acesso às práticas médicas oficiais. O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo, contando com mais de 55 mil espécies catalogadas de um total estimado entre 350 mil e 500 mil. Nos dias atuais, raramente se contesta o valor e a eficácia dos tratamentos com plantas medicinais, seja de forma simples ou elaborada, no preparo doméstico ou farmacêutico (MATOS, F.J.A., 1989 e 1998). Prova disto, é o uso crescente de fitofármacos, principalmente em países desenvolvidos como a Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos, etc. Assim, esse trabalho tem como objetivo principal identificar os teores de Ferro (Fe), Fósforo (P) em folhas de cinco plantas medicinais: Hortelã-da-Montanha (Pycnanthemun muticum perss), Perpétua-Roxa (Gomphrena globosa L.), Tanchagem (Plantago major L.), Açafroa ( Curcuma longa L. )e Marianinha (Commelina nudiflora L.). O Ferro que é considerado um oligoelemento por apresentar quantidade relativamente baixa no corpo humano (FAVIER, A., 1991), tem como função no organismo a formação da hemoglobina e oxidação celular. O Fósforo ajuda na absorção da glicose em forma de ATP (adenozina trifosfato) e, juntamente com o cálcio, ajuda na formação de ossos (BURTON, B. T., 1979; HARPER, H. A. et al., 1982).

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras das plantas medicinais foram cultivadas no Horto de Plantas Medicinais da UFC. As folhas dos vegetais foram coletadas, lavadas com água de torneira, água destilada, secas à temperatura ambiente, picotadas, pesadas (aproximadamente 10g), dessecadas em uma estufa a 110°C e calcinadas em uma mufla a 550°C. As cinzas obtidas do processo de calcinação foram solubilizadas em solução de HCl 1:1 (v/v). Em seguida, foram filtradas e transferidas para balões volumétricos completando-se o volume de 100 mL com água destilada (CHRISTIAN, G.D., 1994). Os metais foram determinados quantitativamente empregando-se espectrofotometria de absorção molecular (CARY 1E – UV-VISIBLE SPECTROPHOTOMETER VARIAN®), Fezendo-se as leituras em 510 nm para o Fe e em 660 nm para o P (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY, 1980).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As análises foram realizadas em duplicata e apresentaram desvios padrões relativos em torno de 2%. A partir da construção de curvas de calibração com, no mínimo, 5 pontos específica para cada elemento, foram calculadas os teores dos elementos minerais Ferro e Fósforo encontrados nas amostras. Na tabela 1 são mostrados os resultados obtidos para as determinações quantitativas de Fe e P nas amostras calcinadas. Comparando-se os resultados da tabela 1 com os valores de necessidades diárias de minerais recomendadas pela WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996) e RDA (NATIONAL RESEARCH COUNSIL, 1989), mostrados na tabela 2, verificou-se que a Açafroa, que tem efeitos anti-inflamatórios, sendo amplamente utilizada como condimento em alimentos, mostrou elevados teores de Fe e P. Constatou-se ainda que a Perpétua-roxa, que tem importante uso em problemas cardíacos, também apresentou uma quantidade relativamente elevada de Fe. Com relação ao fósforo, além da Açafroa, também verificou-se uma concentração significativa deste mineral na Marianinha e principalmente na Hortelã-da-Montanha por ter apresentado maior teor de P. Esses resultados são compatíveis com o estudo de outras plantas medicinais que apresentaram valores para Fe variando de não determinado a 3,476 mg/100g (ALMEIDA et al., 2002).





CONCLUSÕES: Comparando-se os resultados obtidos com as necessidades diárias de ingestão dos minerais, com valores de 3,1748 mg/100g e 18,8042 mg/100g para Fe e P respectivamente, a Açafroa é considerada uma boa fonte para esses minerais. A Perpétua-Roxa obteve uma quantidade significativa de Ferro (2,2893 mg/100g). A Hortelã-da-Montanha destaca-se como fonte de Fósforo apresentando-se um teor médio de 22,0108 mg/100g. Pelos resultados mostrados, recomenda-se estudos para a utilização dos vegetais analisados como fonte de Fe e P na dieta alimentar (FRANCO, 1998), como suprimento auxiliar desses nutrientes.

AGRADECIMENTOS: Ao Horto de Plantas Medicinais da UFC e ao Laboratório de Química Ambiental do Departamento de Química Analítica e Físico-Química da UFC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, M.M.B.; LOPES, M.F.G.; NOGUEIRA, C. M. D.; MAGALHÃES, C. E. C.; MORAIS, N.M. T. 2002. Ciência e. Tecnologia de Alimentos, 22: 94-97.

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. 1980. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists, 13ª ed., Washington, D.C.

BURTON, B. T. 1979. Nutrição Humana. Mc Graw-Hill do Brasil, São Paulo.

CHRISTIAN, G.D. 1994. Analytical Chemistry. 5ª ed., John Wiley & Sons, New York.

FAVIER, A. 1991. Les oligoéléments en nutrition humaine. In: CHAPPUIS, P. (Ed) Les Oligoéléments en Medicine et Biologic. Paris: Editions Médicales Internacionales, 3: 41-74.

FRANCO, F. 1998. Tabela de Composição de Alimentos. 9ª ed., Atheneu, São Paulo.

HARPER, H. A.; RODWELF, V.W.; MAYES, R.A. 1982. Manual de Química Fisiológica. 5a ed., Atheneu, São Paulo.

JAIN, N; SHAHOO, R.K.; SONDHI, S.M. 1992. Analysis for mineral elements of some medicinal plants. Indian Drugs, 29: 187-190.

MATOS, F.J.A. 1998. Farmácias Vivas. 3ª ed., Edições UFC, Fortaleza.

MATOS F.J.A. 1989. Plantas Medicinais. v. I e II, IOCE, Fortaleza.

NATIONAL RESEARCH COUNSIL. 1989. Recommended Dietary Allowances (RDA) 10th ed., National Academy of Science, Washington, D.C.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). 1996. Trace Elements in Human Nutrition and Health, Geneva.