ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: INVESTIGAÇÃO DE ÔMEGA 3 E ÔMEGA 6 EM PESCADOS PARAENSES

AUTORES: SILVEIRA, A. J. A. (NMT-UFPA) ; SANTOS, A. K. S. (FQ-UFPA) ; TEIXEIRA, J. L. G. (FEA-UFPA) ; ALBUQUERQUE, A. C. A. (FEA-UFPA) ; MELO, M. C. C. (LAPAC-UFPA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo a investigação, por meio de extração e identificação química, de ácidos graxos em pescados do estado do Pará/BR. Foram investigadas três espécies de peixes, duas do município de Abaetetuba, Mapará (Hypophthalmus edentatus) e Sarda (Scomber scombrus), e uma espécie do município de Vigia de Nazaré, Bacú-pedra (Lithodoras dorsalis). Para a extração dos gliceróis (óleos e gorduras) dos pescados foi utilizado o processo químico de Extração por Refluxo em solvente acetona, os óleos e gorduras extraídos foram transformados em éster metílico pelo Método Oficial AOCS: Ce 2–66, para a identificação de sua composição química por meio de Cromatografia Gasosa (Gás-Líquido), que mostrou presença de ácidos graxos insaturados ômega 3 e ômega 6, e ácidos graxos saturados.

PALAVRAS CHAVES: ômega 3; extração por refluxo; éster metílico.

INTRODUÇÃO: A região amazônica é conhecida por sua imensa biodiversidade tanto da flora quanto da fauna, possuindo uma área de 51 milhões de km2, possui também a maior bacia hidrográfica do planeta cobrindo cerca de 7 milhões de km2, e nessa imensa bacia hidrográfica que nosso objeto de estudo está inserido. Muitos estudos já realizados comprovaram que uma dieta baseada em carne “branca”, sobre tudo a carne de peixes, traz grandes benefícios à saúde, sendo a presença de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), como ácidos das famílias Ômega 3 e Ômega 6, um dos fatores responsáveis por estes benefícios à saúde humana. Os ácidos das famílias ômega 3 e ômega 6 são ditos essenciais pela sua grande importância para o bom andamento do organismo humano e por ser necessário obtê-los da dieta, pois nós não os produzimos. Os ácidos linoléico e alfa-linolênico estão presentes tanto em espécies vegetais como animais empregados na alimentação humana. Nas hortaliças, o ácido alfa-linolênico é encontrado em maior quantidade em espécies com folhas de coloração verde-escura, por ser um importante componente da fração dos lipídios polares contidos nos cloroplastos. Também são encontrados em leguminosas e óleos de sementes como, milho, linhaça, soja, entre outros. Em alimentos de origem animal, como peixes e aves, sendo suas quantidades dependentes da dieta a que esses animais foram submetidos (MARTIN et al, 2006). Peixes de origem marinha apresentam maiores quantidades de ácidos ômega 3 que os peixes oriundos de águas continentais, devido a presença desses ácidos graxos nos fitoplânctos de onde provêm a distribuição na cadeia alimentar marinha, já os peixes de água doce são mais ricos em ácidos ômega 6 pois estes se alimentam de crustácisos, larvas, além de fitoplâncton de água doce(MARTIN et al, 2006)

MATERIAL E MÉTODOS: A extração do pescado Mapará durou cerca de 2h e 30min, após a extração o material foi submetido à filtração simples para a separação do extrato acetônico (filtrado) do restante do pescado (retido) e foi armazenado a baixa temperatura. Após dois dias o extrato acetônico foi retirado do congelador e observou-se aparecimento de gordura e óleo congelados, os colocamos a temperatura ambiente e após um tempo o óleo que estava congelado junto à gordura passou para o estado líquido, enquanto que a gordura continuou no estado sólido, e os submetemos à outra filtragem simples para a separação dos óleos (filtrado) incolor e da gordura (retido) de cor branca, pois à temperatura ambiente em geral os óleos se encontram no estado líquido e gorduras no estado sólido. A extração da Sarda durou cerca de 2h e 20min, sendo que após a extração realizou-se o mesmo processo anterior de separação do extrato acetônico do restante de pescado e de óleos das gorduras, neste caso o óleo (filtrado) de cor amarelada e a gordura (retido) de cor branca acinzentada. O tempo de extração do pescado Bacú-pedra durou cerca de 2h e 20min, onde também realizamos o mesmo processo de separação do extrato acetônico do restante do peixe e de óleos das gorduras, porém nesta extração óleos e gorduras possuíam cor amarelada. Após todos os processos de extração e separação de óleos e gorduras dos pescados, os óleos e gorduras foram pesados e armazenados a baixas temperaturas. As amostras de óleos e gorduras foram transformadas em éster metílicos por meio do procedimento químico Método Oficial AOCS: Ce 2-66. Já transformadas em éster metílicos as amostras foram submetidas à análise por Cromatografia Gasosa (gás-líquido) para a identificação e quantificação dos ácidos graxos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através dos métodos de extração de ácidos graxos utilizados neste projeto para investigação de ômega 3 em pescados do estado do Pará, obtivemos os seguintes resultados:
Material Biológico (Peixes)--------------Peso da Gordura(g)-----Peso do Óleo(g)
Mapará(Hypophthalmus edentatus)---------------17,57------------------3,2
Sarda(Scomber scombrus)------------------------7,41-----------------29,92
Bacú-pedra(Lithodoras dorsalis)----------------3,27------------------7,79

Os resultados quantitativos da análise cromatográfica de ácidos graxos insaturados das famílias ômega 3 e ômega 6 presentes em óleos e gorduras dos pescados foram:
Material Biológico (Peixes)--------------Ômega 3(%)--------------Ômega 6(%)
Mapará(Hypophthalmus edentatus)------------1,2251-----------------2,4639
Sarda(Scomber scombrus)--------------------1,2823-----------------1,9203
Bacú-pedra(Lithodoras dorsalis)------------1,2304-----------------2,3122

O consumo de ácidos graxos da família ômega 3 traz diversos benefícios à saúde, pois contribui para a diminuição dos níveis de triglicérides e colesterol total no sangue, é utilizado como mediador de alergias e processo inflamatórios, pois são necessários para a formação das prostaglandinas inflamatórias, tromboxanos e leucotrienos. O consumo de ômega 3 está associado a um risco menor de enfermidade cardiovascular, pois previne de batimento cardíaco irregular (antiarritmia); diminuição da pressão sanguínea; redução da agregação plaquetária e aumento da fluidez do sangue (VISENTAINER & FRANCO 2005). É importante também darmos atenção a razão entre os ácidos ômega 3 e ômega 6 autores recomendam razões de 2:1 a 3:1, pois assim possibilitam a maior conversão de ácido alfa-linolênico em DHA (MARTIN et al, 2006).

CONCLUSÕES: Esta investigação mostra que pescados da região amazônica apresentam boas quantidade de ácidos graxos da família ômega 3 e ômega 6 pelo fato de apresentar um bom grau de óleos e gorduras extraídos dos mesmos, o peixe Sarda (Scomber scombrus), possui maior quantidade de ácidos graxos da família ômega 3 conforme os resultados da análise cromatográfica e melhor índice da relação ômega 3/ômega 6, de aproximadamente 1:1, índice recomendado pela literatura relativa a esse assunto, portanto com este estudo a pincípio podemos direcinar a população a consumir pescados que lhe trará benefícios a saúde.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AIRES, J. L. F. “Ácidos Graxos Ômega 3 e Ômega 6: importância no metabolismo e na nutrição”. Seminário apresentado da Disciplina Bioquímica do Tecido Animal no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS. 2005.

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KOKKE, Karolien H. et al. “Oral omega-6 essential fatty acid treatment in contact lens associated dry eye”. British Contact Lens Association. Published by Elsevier Ltd. p. 141-146. Londres. 2008.

MARTIN, Clayton Antunes et al. “Ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 e ômega-6: importância e ocorrência em alimentos”. Revista de Nutrição, p. 761-770. nov./dez. 2006, Campinas - São Paulo.

SCORZA, Flavio A. et al. “The other side of the coin: Beneficiary effect of omega-3 fatty acids in sudden unexpected death in epilepsy”. Elsevier Inc. All rights reserved. Abril de 2008.

SOUZA, Silvia M. Guimarães et al. “Ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 na nutrição de peixes – fontes e relação”. Revista de Ciências Agroveterinária, vol. 6 n.1 p.53-71. Lagea, 2007.

SUAREZ-MAHECHA, Héctor et al. “A importância de ácidos graxos poliinsaturados presentes em peixes de cultivo e de ambiente natural para a nutrição humana”. Boletim do Instituto de Pesca. p. 101-110, São Paulo 2002.

VISENTAINER, J. V.; FRANCO, M. R. B. “Ácidos graxos em peixes: Implicações Nutricionais e Aspectos Analíticos no Brasil”. São Paulo. 2005.