ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Determinação de fibra alimentar em alguns frutos amazônicos com baixa densidade energética.

AUTORES: SILVA, L.M. (INPA) ; YUYAMA, L. K. O. (INPA) ; AGUIAR, J. P. L. (INPA) ; MATHIAS, C. S. (INPA)

RESUMO: As frutas são comprovadamente uma das principais fontes de fibra alimentar, mas e as frutas regionais amazônicas são fontes de fibra alimentar? O objetivo do presente estudo foi avaliar as características químicas e os teores de fibra alimentar nos frutos in natura de baixa densidade energética. Foram analisados abiu (Pouteria caimito), bacuri (Platonia insignis), carambola (Averrhoa carambola), ingá-cipó (Ingá edulis), mapati (Pouroma cecropeaefolia) e taperebá (Spondias mombim), quanto aos teor de fibra, em duplicata, de acordo com Asp et al, e os resultados obtidos demonstram que os frutos analisados podem contribuir para compor uma alimentação adequada em fibra alimentar e de baixa densidade energética.

PALAVRAS CHAVES: fibra alimentar, frutos amazônicos.

INTRODUÇÃO: Os hábitos alimentares exercem grande influência sobre o crescimento, desenvolvimento e saúde geral dos indivíduos. Estudos recentes têm mostrado que dietas ricas em fibra protegem contra obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer (Key TJ et. Al; WHO, 2003). As fibras alimentares são classificadas, com base em sua solubilidade em água, em fibras insolúveis (celulose, ligina e certas hemiculoses) e fibras solúveis (pectina, gomas, oligossacarídeos e certas hemiculoses) e sua utilização associada a outros fatores dietéticos, é suficiente para o tratamento de diversas doenças (Costa et. Al, 1997), lamentavelmente, no Brasil, são poucas as Tabelas de Composição de Alimentos disponíveis, no que se refere a fibra alimentar, o que demonstra a necessidade de estudos, com métodos mais recentes, visando a disponibilização de uma tabela de composição de alimentos a nível regional e conseqüentemente a nível nacional. E como as frutas são comprovadamente uma das principais fontes de fibras necessita-se de maiores informações sobre frutas regionais, naturalmente, a maioria dos frutos compõe o hábito alimentar da população amazonense, porém outros não com tanta freqüência, o que evidencia a necessidade de informações que levem a um resgate de hábitos alimentares que já estiveram presentes no cotidiano da população amazonense.

MATERIAL E MÉTODOS: FRUTOS:Foram utilizados abiu (Pouteria caimito), bacuri (Platonia insignis Mart), carambola (Averrhoa carambola L.), ingá-cipó (Ingá edulis), mapati (Pouroma cecropeaefolia Mart.) e taperebá (Spondias mombim L.), adquiridos no INPA e na Br 174, km 08 e km 60.
Após a coleta, os frutos foram transportados até o Laboratório de Alimentos e Nutrição - LAN da Coordenação de Pesquisa em Ciência da Saúde (CPCS), onde foram processados até a obtenção da parte comestível (polpa). Para tanto, os frutos foram selecionados, sanitizados, retirados as cascas e sementes e a polpa assim obtida foi liofilizada, para a determinação de umidade. Uma vez desidratados, os frutos foram macerados em um gral de porcelana.
FIBRA ALIMENTAR: A quantificação de fibra alimentar solúvel e insolúvel foi realizada segundo o método enzímico-gravimétrico de Asp et al. (1983), que consiste em submeter o alimento a diversos tratamentos enzimáticos, (Filisetti-Cozzi & Lajolo, 1991).
Esse método não permite determinar os componentes individuais que constituem a fibra, porém, é capaz de fornecer os valores de fibra solúvel e insolúvel separadamente, a partir de material previamente desengordurado em soxhlet, usando éter de petróleo segundo a metodologia da AOAC (1995).

ANÁLISE ESTATÍSTICA: Para a análise estatística dos dados foi empregada a análise de variância e para efeito de comparação entre as médias, o teste de Tukey ao nível de 5% de significância.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os teores de fibra alimentar indicados na Tabela 1 demonstram que dentre os frutos analisados o taperebá apresentou o maior valor com 4,65g, considerado um valor alto quando comparados com outros frutos hipocalóricos como abacaxi (1g) e o cajá – manga (2,6g), e o menor é o do mapati (0,84g). A necessidade diária de ingestão de fibra alimentar de um indivíduo adulto que é de 16,5 a 17,9g para homens e 12,1 a 13,8g para mulheres segundo as DRIs (2005). Dentre estes frutos os teores de fibra alimentar solúvel foram em geral baixos. O taperebá foi o fruto que apresentou o maior teor desta fração com 1,51g, apresentando diferença significativa em relação aos demais (p<0,05)(Gráfico 1).
Quanto à fibra alimentar insolúvel os resultados demonstram uma prevalência desta fração nos seis frutos analisados, dentre eles os que apresentaram o maior e o menor teor foram o taperebá e o mapati com 3,14g e 0,65g, respectivamente.






CONCLUSÕES: Os teores de fibra alimentar encontrados nas condições do presente trabalho, demonstram que os frutos analisados podem contribuir para compor uma alimentação adequada em fibra alimentar e de baixa densidade energética.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas - FAPEAM. pelo incentivo financeiro, e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Asp, N.G.; Johansson, C.G.; Hallmer, H.; Siljestrom, 1983. rapid enzymatic assay of insoluble dietary fiber. J. Agric. Food Chem., 31: 43-53.
AOAC, Association of Official Analitical Chemists. 1995. Official methods of analyses. 16 ed., Arlinton.
Costa, R. P.; Silva, C. C.; Magnoni, R. D. 1997. Importância das fibras na prevenção de doenças cardiovasculares. Rev. Bras. de nutrição clínica (12): 151-154.
Dietary Reference Intakes (DRIs): Recommended Intakes for individuais, Elements. 2005. Food and Nutrition Board, Institute of medicine, National Academies. www.books.nap.edu
Key T. J., Allen NE, Spencer E. A, Travis R. C. 2003. The effect of diet on risk of cancer. Lancet. 360(9336):861-8.
Filizetti-cozzi, T.M.C.C.; Lajolo, F.M. 1991. Fibra alimentar insolúvel, solúvel e total em alimentos brasileiros. Rev. Farm. Bioquim. Univ. S. Paulo, 27: 83-99.