ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: ESTUDO DA GERMINAÇÃO IN VITRO DE Boerhaavia coccinea

AUTORES: SOUZA, J. M. DE M. (UFPA) ; MÜLLER, M. S (UFPA) ; ARAÚJO, S. F (UFPA) ; FONSECA, R. R (UFPA) ; SANTOS, A. S. (UFPA)

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo estudar a germinação in vitro da planta medicinal Boerhaavia coccinea, visando posteriormente desenvolver protocolos de cultivo in vitro de células e tecidos, para a produção e acúmulo de metabólitos secundários isoflavonoídicos. Sementes sem tegumentos de B. coccinea após assepsia foram inoculadas em diferentes tipos de meios de cultura (água destilada; água e 1,5% de sacarose; água e 3% de sacarose e MS sólido) e duas temperaturas (30 e 32oC) na presença de luz. A maior porcentagem de germinação foi de 72% para o meio de cultura contendo apenas água (T1) e de 68% para o meio MS (T4) para temperatura de 30oC em sementes sem o tegumento na presença de luz. A temperatura que mais favoreceu a germinação foi de 30oC. O meio de cultura MS promoveu uma boa germinação das sementes e um melhor desenvolvimento das plântulas.

PALAVRAS CHAVES: boerhaavia coccinea, germinação, isoflavonóides.

INTRODUÇÃO: Boerhaavia coccinea é uma planta medicinal da família Nyctaginaceae nativa da região nordeste, conhecida como: “pega-pinto”, “erva tostão”, “batata de porco” e “solidônia”. É uma planta muito utilizada popularmente principalmente nos tratamentos na inflamação das vias urinárias e uterinas (SANTOS, 1996). Estudos de investigação das atividades biológicas realizados em plantas do gênero Boerhaavia apresentaram propriedades farmacológicas, como atividade antimicrobiana e antiinflamatória, as quais estão atribuídas aos isoflavonóides que são substâncias majoritárias presentes nas espécies deste gênero (MÉNDEZ et al., 2001).
O objetivo deste trabalho foi estudar a germinação in vitro da planta medicinal Boerhaavia coccinea, visando posteriormente desenvolver protocolos de cultivo in vitro de células e tecidos, suspensão celular e embriões para a produção e acúmulo de metabólitos secundários isoflavonoídicos.


MATERIAL E MÉTODOS: Sementes de Boerhaavia coccinea provenientes do Estado do Pará foram lavadas em água corrente com três gotas de Tween 80. Depois, em câmara de fluxo foram submetidas à assepsia, sendo colocadas em solução de álcool etílico 70% (v/v) por 1 minuto, seguido de solução de hipoclorito de sódio 5% (v/v) por 15 minutos e três lavagens em água destilada estéril. Para estudar a influência da temperatura e do meio de cultura na germinação in vitro de B. coccínea, sementes sem o tegumento foram transferidas para frascos de cultura contendo quatro diferentes meios de cultura: T1 = água destilada; T2= água e 1,5% (m/v) de sacarose; T3= água e 3,0% (m/v) de sacarose e T4= meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) suplementado com 3,0% (m/v) de sacarose. Os meios de cultura foram solidificados com 0,7% (m/v) de agar, e o pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121oC e 1 atm de pressão por 15 minutos. Após a inoculação no meio de cultura, as sementes foram transferidas para câmaras de germinação (B.O.D.) em presença de luz e submetidos a duas diferentes temperaturas 30oC e 32°C. Para este estudo foram utilizadas 25 sementes por tratamento. A percentagem de germinação foi calculada após 28 dias após a inoculação das sementes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em ambas as temperaturas, 30oC e 32oC, e para todos os tratamentos, a germinação foi rápida, tendo início a partir do 2odia. A maior porcentagem de germinação foi de 72% para o meio de cultura contendo apenas água destilada (T1) e de 68% para o meio MS (T4). Houve uma diminuição na porcentagem de germinação na temperatura de 32oC, entretanto as maiores porcentagens de germinação observadas também foram no meio de cultura contendo apenas água destilada (T1) que foi de 55% e no meio MS (T4) que foi de 62,5%. Estes resultados indicam que a teve uma influência importante na germinação in vitro de B. coccínea. A germinação de sementes ocorre dentro de certos limites de temperatura, cujos extremos dependem principalmente da espécie cultivada. Estes extremos considerados como mínimas e máximas temperaturas seriam, respectivamente, como as mais baixas e mais altas temperaturas onde a germinação ocorre (TOLEDO & MARCOS FILHO, 1977; MAYER & POLJAKOFF-MAYBER, 1989). Embora a porcentagem de germinação tenha sido considerada boa no meio do T1 (sem sacarose), as plântulas não se desenvolveram satisfatoriamente, provavelmente devido à ausência de nutrientes no meio de cultura. Já no tratamento T4, as plântulas tiveram um melhor desenvolvimento, que pode ser justificado pelo fato de existir disponibilidade em macro, micronutrientes, vitaminas e aminoácidos necessários ao processo de germinação. Os tratamentos T2 (água e 1,5% de sacarose) e T3 (água e 3,0% de sacarose) apresentaram uma menor germinação. Possivelmente, a presença da sacarose isolada no meio de cultura teve um efeito negativo na germinação das sementes sem o tegumento de B. coccínea, provocado pela maior perda de água devido à pressão osmótica exercida sobre as sementes (TORRES et al., 1998).



CONCLUSÕES: Nas condições em que foram realizados estes estudos, pode-se concluir a partir dos resultados preliminares que para germinação in vitro de B. coccinea a temperatura que mais favoreceu a germinação foi de 30oC. O meio de cultura MS promoveu uma boa germinação das sementes e um melhor desenvolvimento das plântulas. A presença isolada da sacarose no meio de cultura possui um efeito negativo na germinação das sementes sem o tegumento de B. coccínea.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MAYER, A.M.; POLJAKOFF-MAYBER, A. 1989. The germination of seeds. Pergamon Press, Oxford. 270p.
MÉNDEZ, I.E.C.; MARTÍNEZ, R.R.; GONZÁLEZ, A.D. 2001. Boerhaavia spp. Rev Cubana Plant Med, 2: 67-72p.
SANTOS, A.S.1996. Indução da produção e acúmulo de coccineonas Isoflavonóides) em cultura de tecidos de Boerhaavia coccinea P. Miller. Maceió: UFAL, (dissertação).
TOLEDO, F.F. de; MARCOS FILHO, J. 1977. Manual das sementes: Tecnologia da produção. Ceres, São Paulo. 224p.
TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.; BUSO, J.A. 1998. Cultura de Tecidos in vitro e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI / Embrapa-CNPH, 1: 183- 260 p.