ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: Bioensaios de alelopatia com metabólitos secundários produzidos pelo fungo endofítico Pestalotiopsis guepinii.

AUTORES: LOPES JUNIOR, M.L. (UFPA) ; OLIVEIRA, M.N. (UFPA) ; FIGUIREDO, J.F. (UFPA) ; RIPARDO FILHO, H.S. (UFPA) ; RODRIGUES, M.S. (UFPA) ; TAVARES, J.L. (UFPA) ; GUILHON, G.M.S.P. (UFPA) ; SANTOS, L.S. (UFPA)

RESUMO: Através do estudo químico da biomassa produzida pelo fungo endofítico Pestalotiopsis Guepinii foram isoladas três substâncias: Uma lactona aromática inédita (S1), isossulocrina (S2) e cloroisossulocrina sendo estas substâncias submetidas a bioensaios de alelopatia visando a inibição da germinação, e o desenvolvimento da radícula e do hipocótilo frente a duas plantas invasoras Mimosa pudica (malícia) e Sena obtusifolia (mata-pasto) comuns na região amazônica. Destacando-se após a realização do bioensaio a substância cloroisossulocrina com um percentual de 24% frente a espécie mata-pasto para a inibição do desenvolvimento do hipocótilo.

PALAVRAS CHAVES: pestalotiopsis guepinii, alelopatia

INTRODUÇÃO: Diante do contexto de uma pecuária competitiva e empresarial em nosso país, a pastagem assume papel de importância para o sucesso da atividade. Entretanto, o que se observa na prática é a predominância de pastagens degradadas, o que pode ser considerado um dos principais problemas dos sistemas de produção de bovinos. A degradação pode ser causada por diversos fatores, entre eles a infestação por plantas daninhas, que reduz a produtividade das forrageiras.
Tradicionalmente, o controle de plantas daninhas, tem sido realizado pelo uso do fogo, roçagem, e por herbicidas sintéticos, ambos ambientalmente indesejáveis. Portanto, a busca de herbicidas naturais, é de fundamental importância.
Nesse conjunto de circunstâncias, a alelopatia representa uma oportunidade para equacionar esses problemas.
Visando esse objetivo, neste trabalho foram realizados ensaios alelopáticos com derivados de antraquinonas isolados a partir da biomassa do fungo endofítico Pestalotiopsis guepinii frente a duas espécies daninhas, Mimosa pudica (malícia) e Senna obtusifolia (mata-pasto).


MATERIAL E MÉTODOS: As substâncias isossulocrina, cloroisossulocrina e uma lactona inédita foram isoladas do extrato metanólico, através de cromatografia líquida de alta eficiencia obtido, a partir do processo de eliminação do fungo endofítico P. guepinii cultivado em grande escala no substrato arroz. Estas substâncias foram submetidas aos bioensaios de alelopatia nas concentrações de 50 ppm e 100 ppm, utilizando como tratamento testemunha, água destilada. Os ensaios foram realizados num período de 5 dias, em condições de 25°C de temperatura constante e fotoperíodo de 12 horas frenta as plantas invasoras de pastagens Mimosa pudica e Senna obtusifolia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos bioensaios realizados com a substância isossulocrina visando à inibição da germinação das sementes da espécie malícia, os resultados nas concentrações de 50 ppm e 100 ppm foram, respectivamente, 10% e 12,5% de inibição. Visando a inibição do desenvolvimento da radícula os resultados foram, respectivamente, 0,35% e 3,85% e no desenvolvimento do hipocótilo, 4,41% e 6,51%, respectivamente. Frente à espécie mata-pasto o percentual de inibição para a germinação das sementes foram, respectivamente, 17,5% e 10%. Para a inibição do desenvolvimento da radícula foram, respectivamente, 4,6% e 8,0% e do hipocótilo 8,0% para ambas as concentrações.
A substância cloroisossulocrina nas concentrações de 50 ppm e 100 ppm, frente à espécie malícia, inibiu a germinação das sementes em 0% e 2,5%, respectivamente. Para o desenvolvimento da radícula os resultados foram respectivamente 0,35% e 1,75% de inibição e no desenvolvimento do hipocótilo, 2,31% e 5,46% de inibição, respectivamente. Para a espécie mata-pasto, a inibição da germinação das sementes foi, respectivamente, de 22,5% e 15% e para a inibição do desenvolvimento da radícula 24% e 1,8%, respectivamente, e do hipocótilo 14,2% e 4,4% de inibição, respectivamente.
Para a lactona inédita os resultados para inibição da germinação nas concentrações de 50 ppm e 100 ppm frente à espécie malícia foram, respectivamente 2,5% e 7,5%. Na inibição do desenvolvimento da radícula os resultados foram, respectivamente, 0,7% e 1,05% e do hipocótilo, 3,36% e 7,56% de inibição, respectivamente. Frente à espécie mata-pasto, a inibição da germinação das sementes foram, respectivamente, 12,5% e 5,0%. Para a inibição do desenvolvimento da radícula foram, respectivamente, 3,7% e 19,4% e do hipocótilo 2,6% e 9,8% de inibição, respectivamente.

CONCLUSÕES: Nos ensaios realizados a substância cloroisosssulocrina foi a que exibiu os melhores percentuais de inibição, apesar de inferiores a 30% e entre as espécies daninhas testadas a espécie mata-pasto foi a que se mostrou mais sensível.

AGRADECIMENTOS: À UFPA, EMBRAPA, CAPES/ PROCAD e ao CNPq.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1 SOUZA FILHO, A. P. S.; BORGES, F.C.; SANTOS, L. S. Planta Daninha. 24 (2), 205-210, 2006.