ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DO FUNGO Aspergillus fumigatus EM MEIO CITRATO SOBRE A SUPERFÍCIE DO ALUMÍNIO

AUTORES: ROCHA, T.N. (UECE) ; SILVA, R.C.B. (UECE)

RESUMO: A biocorrosão de superfícies metálicas tem origem em processos biológicos que ocorrem pela participação de microorganismos aderidos à superfície. O presente trabalho tem por objetivo o estudo do fungo Aspergillus fumigatus, levando em consideração o seu crescimento biológico na solução de citrato sobre a superfície do metal alumínio. Para este estudo, fez-se uso de testes microbiológicos, bem como a determinação do pH da solução. Verificou-se que a corrosão do metal alumínio naquela solução é praticamente inexistente. Observou-se também que o fungo adaptou-se ao meio, uma vez que foi constato o seu crescimento. O pH da solução inicial era igual a 5, tendendo a valores mais altos (pH 8,0), sugerindo que ocorrem alterações físico-químicas na solução de citrato na presença do fungo.

PALAVRAS CHAVES: aspergillus, corrosão, alumínio.

INTRODUÇÃO: A biocorrosão e o biofouling das superfícies metálicas têm origem em processos biológicos que ocorrem pela participação de microorganismos aderidos às superfícies, formando biofilmes na interfase metal/solução [1]. As reações que ocorrem na superfície metálica, coberta com depósito biológico, modificam consideravelmente o conceito de interfase metal/solução empregado em corrosão inorgânica (onde os biofilmes estão ausentes). Apesar do metal alumínio ser resistente à corrosão, devido à formação de uma camada de óxido (Al2O3), na literatura não há informação do comportamento deste metal frente à presença de microorganismos aderidos à sua superfície [2]. Por outro lado, tem-se que a avaliação do desenvolvimento de espécies microbianas sobre a superfície metálica torna-se de grande relevância a fim de elucidar os aspectos inerentes à formação do biofilme, bem como, do processo de biocorrosão de metais. Portanto, a proposta do presente trabalho é a de verificar como se comporta o fungo Aspergillus fumigatus ATCC 46640, imerso em solução de citrato, na presença e ausência do metal alumínio, através de testes microbiológicos e medidas de pH da solução.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados tubos de ensaio contendo o metal alumínio e o fungo em solução e tubos com fungo em solução ausente do metal. A solução de citrato utilizada tinha como constituintes: NaCl(2,0g/L), C6H5Na3O7 (0,5g/L), Na2HPO4(0,05g/L), sacarose(0,3g/L), caseína(0,3g/L), tiamina(0,01g/L), MgCl2(0,03g/L) no qual o pH inicial era de 7,5, sendo ajustado com HCl 0,1 M para 5,0. Para verificação do crescimento fúngico na solução, foi retirada alíquota da solução no intervalo de 60 dias. Esta alíquota foi despejada em placa de Petri, devidamente esterilizada, contendo o meio de cultura Agar Batata Dextrose. E, então, este conjunto, foi posto em estufa bacteriológica por 24 horas a temperatura de 37ºC. A superfície da placa de alumínio foi tratada com álcool etílico absoluto a fim de retirar possíveis sujidades. O pH da solução foi medido através do pHmetro, da Marconi PA 200.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi verificado que tanto nos tubos contendo o metal alumínio como nos ausentes deste, o crescimento fúngico acentuado ao longo do experimento ocorria, observando a turbidez da solução e, por outro lado, tem-se que foi observado o seu crescimento após a inoculação em ágar das alíquotas da solução.
O pH medido da solução (somente contendo o metal) foi igual 5,0 no inicio, como mostrado na Tabela I. Este valor tende a se alterar para o valor igual 6,0 para 60 dias. Este fato pode estar evidenciando a dissolução do alumínio em solução, com a possível formação de Al(OH)3, que tende a ser parcialmente neutralizado pelos constituintes ácidos da solução. Entretanto, verifica-se que após 3 dias, tem-se que o valor o pH é igual a 7,8. Este fato inesperado pode ser devido a reações em solução devido a presença de íons fosfato e de íons citrato.
Por outro lado, verifica-se que, na ausência do metal, tem-se que o pH varia para um valor moderadamente ácido (pH 6,0), tal como observado no caso em que o metal esta imerso em solução. Comparativamente, tem-se que não há variação significativa do valor de pH. Portanto, pode-se inferir que o fungo Aspergillus fumigatus deva estar promovendo esta modificação, a qual, provavelmente, esteja associada á formação de produtos metabólicos.
Tabela I. Valores de pH em função do tempo de inoculação do fungo Aspergillus fumigatus em solução de citrato a temperatura de 25°C.




CONCLUSÕES: Observou-se que o fungo Aspergillus fumigatus se desenvolve em ambos as soluções, ou seja, contendo o metal alumínio e na ausência deste. A variação do pH da solução sugere que o fungo esteja produzindo metabólitos que modificam as características físico-químicas da solução.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq e a FUNCAP pelo suporte financeiro para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] VIDELA, H. A. (2003), Biocorrosão, Biofouling e Biodeteriorização de Materiais,cap.2, p.5, Edgard Blücher Ltda., São Paulo.

[2]Silva, A. M. A et al. (2007), "An evaluation of the corrosion behavior of aluminum surfaces in presence of fungi using atomic force microscopy and other tests.", Anti-corrosion Methods and Materials, Vol. 54 No. 5, pp 289-293.