ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE NITROGÊNIO AMONIACAL E CIANETO EM CHORUME DO ATERRO SANITÁRIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, GOIÁS.

AUTORES: PELÁGIO, P. R. F. S. (CEFET-GO) ; RIBEIRO, R. S. (CEFET-GO) ; ZANG, J. W. (CEFET-GO) ; FONSECA-ZANG, W. A. (CEFET-GO) ; BRADL, H. (UCB-TRIER-GE)

RESUMO: As áreas utilizadas como depósito final de lixo, normalmente representadas pelos “lixões” e aterros controlados, configuram-se como focos potenciais de poluição, influenciando negativamente a qualidade da saúde humana e ambiental nas regiões sob sua influência (SISINNO E MOREIRA, 1996). Neste trabalho são avaliadas as concentrações de nitrogênio amoniacal e cianeto no líquido percolado (chorume) da área do aterro sanitário de Aparecida de Goiânia, Goiás. As amostras do efluente foram coletadas no mês de janeiro do corrente ano (estação chuvosa), no período matutino. Os resultados encontrados mostram valores de concentrações de nitrogênio amoniacal e cianeto superiores ao limite máximo estabelecido pela Resolução CONAMA n° 357.

PALAVRAS CHAVES: percolado. tratamento de efluentes. monitoramento.

INTRODUÇÃO: Estudos de poluição das águas subterrâneas mostram que todo lixão provoca algum tipo de poluição nas mesmas e aterros sanitários mal construídos podem alterar a qualidade dos aqüíferos (OLIVEIRA E PASQUAL, 2004). Nos aterros, os resíduos se decompõem dando origem ao chorume, um efluente líquido escuro composto por alta carga poluidora de matéria orgânica, de baixa biodegradabilidade, por metais pesados e por substâncias recalcitrantes. Ao filtrar-se a água através dos resíduos em decomposição, materiais biológicos e compostos químicos são arrastados e diluídos, sendo muitos deles altamente contaminantes (SEGATO E SILVA, 2000). A composição do chorume pode variar significativamente, dependendo da composição dos resíduos, da operação do aterro, da influência de condições climáticas, e da temperatura. O nitrogênio amoniacal é a forma reduzida do nitrogênio que é preferida como substrato para as estruturas protéicas das algas. Sua presença nos cursos d’água e em efluentes representa um estágio recente de decomposição da matéria orgânica, ou seja, uma poluição recente, visto que os demais estados de oxidação se apresentam nas formas de nitrito e nitrato. A biota presente no curso d’água encarrega-se de oxidar a amônia, causando uma redução na quantidade de oxigênio dissolvido e conseqüente eutrofização das águas (FICA-PIRAS, 2002). Dada a insuficiência de informações sobre esse aterro, uma pesquisa sistemática das propriedades físico-químicas do chorume e dos seus potenciais efeitos ambientais está sendo desenvolvida a partir da análise dos parâmetros relacionados ao nitrogênio amoniacal e cianeto (STANDARD METHODS, 1999).

MATERIAL E MÉTODOS: O Aterro sanitário de Aparecida de Goiânia/GO localiza-se na região do Vale do Sol e ocupa uma extensão de cerca de 30 hectares. O município de Aparecida de Goiânia localiza-se a 15 km sul da capital Goiânia, contando atualmente com uma população de 450 mil habitantes que produz mais de 6.500 toneladas de resíduos sólidos mensalmente (AMORIM, 2003). Esses são recolhidos pela prefeitura da cidade, sendo aproximadamente 200 toneladas de resíduos diariamente, constituídos principalmente por resíduos sólidos domiciliares, da construção civil e de podas de árvores. Neste trabalho foi observado, utilizando-se o programa Google Earth, que o município localiza-se na Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, drenada pela Bacia do Rio Meia Ponte. Um afluente do Rio Meia Ponte, o Córrego Santo Antônio passa a cerca de 170 m e a um nível de 25 m abaixo do ponto mais baixo do aterro sanitário, onde são localizadas as lagoas de tratamento de efluentes do aterro. A amostragem no local foi feita durante a estação de chuva em diversos pontos do aterro, segundo as etapas de tratamento. O trabalho está sendo desenvolvido no CEFET-GO em parceria com o FUNMINERAL. A composição do chorume dentro da faixa estabelecida para aterros sanitários pode variar significativamente (UFPR, 2007). Os pontos amostrados foram: a) o tanque de desarenação (chorume bruto), b) saída da lagoa anaeróbia (tratamento primário do chorume) e c) saída da lagoa facultativa (chorume tratado). Para cada um destes pontos, as amostras foram coletadas e armazenadas em garrafas PET previamente lavadas com solução aquosa de ácido nítrico de proporção 1:1 e encaminhadas ao laboratório de via úmida do FUNMINERAL. As análises foram executadas no mesmo dia da coleta das amostras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A coloração das amostras, ao longo dos pontos de amostragem a), b) e c), apresentou gradativa redução no sentido do fluxo de tratamento do chorume, na seqüência: tanque de desarenação, lagoa anaeróbia e lagoa facultativa. Os dados fornecidos pelo corpo técnico do aterro, referentes à vazão do chorume, mostram um significativo aumento desta durante o período chuvoso representado pelos trimestres de Outubro, Novembro, Dezembro e Janeiro, Fevereiro e Março. Sendo que durante o período de estiagem, a vazão foi baixa.
O parâmetro nitrogênio amoniacal – N(a) apresentou valores de 7 (sete) a aproximadamente 50 (cinqüenta) vezes maiores que o limite máximo proposto pela Resolução CONAMA n° 357, o que representa uma ineficiência pontual no tratamento do chorume gerado pelo aterro. Um efluente com valores de concentração de N(a) superiores ao máximo permitido por esta Resolução influencia a qualidade do corpo receptor. Em longo prazo, essa concentração pode afetar a vida do recurso hídrico como um todo. Veja a Figura 1.
Quanto ao parâmetro cianeto, este apresentou valores de 245 (duzentos e quarenta e cinco) a aproximadamente 520 (quinhentos e vinte) vezes maiores que o limite máximo permitido na Resolução CONAMA n° 357/2005. A redução da concentração observada no percurso do tratamento pode ser observada no gráfico da Figura 2.





CONCLUSÕES: O nitrogênio amoniacal observado para os pontos amostrados foi de 140,1 a 952,5 mg*L-1. Os valores de cianeto, mostram índices maiores que os correspondentes permitidos para os padrões de lançamento de efluentes, conforme CONAMA n° 357. Os resultados mostram que o tratamento biológico utilizado no tratamento do chorume deverá ser monitorado e possivelmente adaptado, de modo a remover os componentes estudados neste trabalho. Este trabalho compreende ainda no seu desenvolvimento fases de análise destes mesmos parâmetros considerando amostragens realizadas durante o próximo período de estiagem.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMORIM, M.R.M.A.J. Ranking dos Municípios Goianos 2003: Aparecida de Goiânia: localização mais privilegiada. SEPLAN, 2003. Disponível em: <http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/rank/2003/aparecidaC.htm> Acesso em 18/07/2007.

Composição do chorume de aterros sanitários. Disponível em: <http://www.quimica.ufpr.br/tecnotrat/chorume.htm>. Em 23 out 2007.


CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005.

FICA-PIRAS, P. R. Estimação de parâmetros na remoção de nitrogênio amoniacal em efluentes industriais mediante biorreatores trifásicos. Centro de Tecnologia Mineral – CETEM. Rio de Janeiro, 2002.

OLIVEIRA, S.; PASQUAL, P. Avaliação de parâmetros indicadores de poluição por efluente líquido de um efluente sanitário. Engenharia sanitária e ambiental. Vol. 9 – N° 3 – jul/set 2004, 204-209.

SEGATO, L.M.; SILVA, C.L. Caracterização do chorume do aterro sanitário de Bauru. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, Porto Alegre, RS, 2000.

SISINNO, C. L. S.; MOREIRA, J. C. Avaliação da contaminação e poluição ambiental na área de influência do aterro controlado do Morro do Céu, Niterói, Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 12(4):515-523, out-dez, 1996

STANDARD METHODS for the examination of water and wastewater. Preparado e publicado por APWA/AWWA/WEF. 20 ed. Washington: American Public Health Association, 1999.