ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Quantificação de aminoácidos em sistemas radiculares de tomateiro (Lycopersicon esculentum) suscetíveis e resistentes ao nematóide Meloidogyne incognita

AUTORES: MACHADO, A.R.T (UFLA) ; CAMPOS, V.A.C (UFLA) ; FONTES, T.V (UFLA) ; CHAGAS, R.C.R (UFLA) ; NUNES, A.S (UFLA) ; CARVALHO FILHO, J. L. S. DE (UFLA) ; OLIVEIRA, D.F (UFLA) ; CAMPOS, V. P (UFLA)

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho quantificar a produção de aminoácidos totais em sistemas radiculares de tomateiro resistentes e suscetíveis ao nematóide Meloidogyne incognita. Após 30 dias de germinação foram inoculados 696 J2 de M. incognita, o sistema radicular foi separado do restante da planta em intervalos de 0, 24, 48 e 96 horas após a inoculação. Os dois cultivares estudados aumentaram a produção de aminoácidos quando expostos ao J2 indicando haver uma relação entre aminoácidos e o mecanismo de defesa dos cultivares.

PALAVRAS CHAVES: aminoácidos, tomate e nematóides.

INTRODUÇÃO: O tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.), pertencente à família Solanaceae, é atacado por inúmeros patógenos que causam os mais variados tipos de doenças. Dentre aqueles de importância econômica para essa cultura podemos destacar os nematóides do gênero Meloidogyne, que ocasionam grandes perdas na produtividade, pois plantas parasitadas apresentam menor eficiência do sistema radicular para a realização de suas funções de absorção e condução de nutrientes (Lordello, 1988). Como os métodos atualmente disponíveis para o controle de fitonematóides apresentam desvantagens como dificuldade de aplicação em algumas localidades e custo elevado, existe uma demanda cada vez maior por novas metodologias menos onerosas e que não contaminem o homem e o ambiente com substâncias de alta toxicidade (Chitwood, 2002). Para contornar o problema, é de grande importância entender os mecanismos de defesa de plantas contra nematóides, os quais podem envolver uma ampla gama de metabólitos primários e secundários. Pesquisas recentes indicam que aminoácidos podem ser correlacionados à resistência de plantas a fitonematóides (OLIVEIRA, 2006). Logo, acredita-se que averiguar a relação entre a resistência a Meloidogyne spp. e a produção de aminoácidos poderá contribuir para a compreensão dos mecanimsmos envolvidos em tais processos, o que será de grande valia para o desenvolvimento de novas cultivares a serem utilizadas em áreas contaminadas com Meloidogyne spp.. Ademais, também existe a possibilidade de utilização dos resultados a serem obtidos para o desenvolvimento de novos produtos mais eficientes e de menores toxicidades que aqueles hoje disponíveis para o controle de Meloidogyne spp. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo averiguar a relação entre a resistência de tomateiros e a produção de aminoácidos, determinando as concentrações de aminoácidos em sistemas radiculares de plantas resistentes e suscetíveis a Meloidogyne incognita.

MATERIAL E MÉTODOS: Em copo plástico de 300 mL contendo substrato Plantmax®, foram colocadas duas sementes de tomate do cultivar Nemadoro (resistente a M. incognita) ou do cultivar Santa Clara (suscetível a M. incognita). Após o plantio, os copos foram transportados para sala climatizada mantida a 25 ºC, com fotoperíodo de 12 h. Trinta dias após a germinação, manteve-se apenas uma muda por copo e inocularam-se as remanescentes com 696 juvenis de M. incognita. Logo após a inoculação, foram retiradas nove plantas resistentes e nove plantas suscetíveis. Estas plantas tiveram seus sistemas radiculares lavados com água parada, secos ao ar sobre papel toalha durante 10 minutos, separados do resto da planta e congelados. Este procedimento foi repetido 24, 48 e 96 horas após a inoculação. As raízes foram então liofilizadas por 48 horas e armazenadas em freezer até o momento das análises. A quantificação dos aminoácidos seguiu o procedimento descrito Passos (1996) que, inicialmente, consiste na extração dos aminoácidos a partir de 250 mg de raiz seca com solução de MCA (Metanol/Clorofórmio/Água; 12/5/3). Após a separação e liofilização da fase aquosa, as massas obtidas foram dissolvidas em água e transferidas quantitativamente para balões volumétricos de 25 mL. Alíquotas (0,5 mL) de cada solução, em triplicata, foram colocadas em tubos de ensaio contendo 1,0 mL de solução de ninidrina. Após 15 min, as soluções foram mantidas em banho Maria a 30 °C e decorridos mais 15 min, adicionaram-se 3,0 mL de etanol 50 % à mistura resultante. Em seguida, as soluções foram avaliadas por leitura da absorvância em espectrofotômetro a 570 nm. Os valores obtidos foram convertidos em massa de aminoácido/massa de raíz (figura 1) pela comparação com uma curva padrão previamente construída com um padrão (L-leucina).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da determinação de aminoácidos presentes nos sistemas radiculares de tomateiros estão apresentados na figura 1; para o cultivar (Nemadoro) resistente ao patógeno a maior produção de aminoácidos ocorreu no tempo de 96 horas após a inoculação do J2, já para o cultivar suscetível ( Santa Clara) o maior concentração de ocorreu em 48 horas. Após o tempo máximo de penetração do nematóide (48 horas), houve uma queda brusca na quantidade de aminoácido no cultivar suscetível, o que não ocorre para o resistente indicando que os aminoácidos podem estar ligados ao mecanismo de defesa da planta.



CONCLUSÕES: Os resultados obtidos mostraram que em presença do nematóide Meloidogyne incognita os cultivares de tomate resistente e suscetível ao patógeno modifica a quantidade de aminoácidos presentes nas raízes, indicando que os mesmos podem estar relacionados neste mecanismo.



AGRADECIMENTOS: Os autores são gratos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pele suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LORDELLO, L.G.E. Nematóides das plantas cultivadas. 8.ed. São Paulo: Nobel, 1988. 314p.

CHITWOOD, D.J. Phytochemical based strategies for nematode control. Annual Review of Phytopathology 40:221–49, 2002.

PASSOS, L.P. Métodos analíticos e laboratoriais em fisiologia vegetal. Coronel Pacheco, Embrapa-CNPGL, 1996. 223p.

OLIVEIRA, D.F; CARVALHO, H.W.P; NUNES, A.S.; CAVALHEIRO, A.J.; SILVA,G.H.; CAMPOS,V.P. Aminoácidos: substâncias potencialmente úteis no controle de nematóides fitoparasitas. XXVI Congresso Brasileiro de nematologia, Campos dos Goytacazes (RJ), 12 a 17 de fevereiro de 2006.