ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE CORROSÃO: UMA VISÃO CONTEXTUALIZADA DA QUÍMICA

AUTORES: ROMÃO, A.L.E. (UECE) ; SILVA, R.C.B. (UECE)

RESUMO: Em atendimento ao que preconiza a nova pedagogia (contextualização), a inserção do tema corrosão em aulas experimentais visou evidenciar a percepção dos alunos e, a partir desta, traçar o seu perfil acerca do tema e gerar discussões inerentes a questões sócio-ambientais. Para realização deste trabalho, foi realizado levantamento bibliográfico, consulta aos atuais materiais norteadores do Ensino Médio, elaboração e execução de experimentos e questionários avaliativos. A aplicação da pesquisa produziu conhecimentos e estimulou debates sobre questões ambientais com implicações na qualidade de vida, permitindo classificar como satisfatório o avanço no conhecimento dos alunos sobre o tema, confirmando que é possível aliar conhecimento científico a assuntos do cotidiano.

PALAVRAS CHAVES: corrosão, contextualização, interdisciplinaridade

INTRODUÇÃO: A abordagem do tema corrosão na contextualização do ensino de Química surge em oposição às atuais práticas pedagógicas, baseadas no tecnicismo, mecanicismo e direcionada para o vestibular. Os materiais norteadores da nova pedagogia preconizam o abandono do modelo tradicional e estabelecem que o ensino-aprendizagem seja fundamentado na contextualização, na interdisciplinaridade e no respeito ao desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno. Quanto aos procedimentos experimentais, estes devem estar associados aos fenômenos do cotidiano do aluno e fundamentados na sua realidade. Portanto, com a inserção dos conceitos e fenômenos corrosivos em aulas expositivo-experimentais, pretende-se, não só evidenciar a percepção dos alunos e, a partir desta, traçar o seu perfil acerca do tema, como também, gerar discussões inerentes a questões sócio-ambientais, já que este problema universal e de implicações práticas no cotidiano é pouco abordado no contexto do ensino de Química. Partindo dessa análise, e na busca de superação das dificuldades pedagógicas em aliar o ensino de Química aos fenômenos do cotidiano, é possível invocar os problemas associados à corrosão, sócio-economicamente e ecologicamente impactantes, como alternativa na produção de material para resolução de ambos os problemas aqui relatados. Desta forma, a introdução do estudo sobre a temática não só contempla a aplicação da contextualização no ensino de química, como também propicia a ampliação do conhecimento sobre o tema, o que objetivamente implicará na propagação de medidas de combate e prevenção aos efeitos nocivos oriundo dos processos corrosivos.

MATERIAL E MÉTODOS: Materiais: béqueres, tubos de ensaio de boca larga, pregos de ferro, lacres de latas de refrigerante, pedaços de fio de cobre, suportes para tubos de ensaio, água de torneira, água salgada (3% de NaCl), ácido clorídrico 1N, ácido clorídrico concentrado, ácido sulfúrico 1N, ácido sulfúrico concentrado, solução de NaOH 0,1N, solução de HCl 0,5N, solução de ferricianeto de potássio, solução de fenolftaleína.
Metodologia: A aplicação dos experimentos I e II (realizados em equipes), dos questionários I e II (ambos com dez perguntas) e as discussão sobre corrosão, foi realizada em 4 etapas. Ocorreu em sala de aula, numa instituição pública de Ensino Médio, com alunos de uma turma do segundo ano (total de 45 estudantes). O Questionário I, revelador do conhecimento acumulado até o momento anterior a aplicação dos experimentos, foi respondido individualmente, durou 20 min. O Experimento I, realizado em sala de aula, consistia em submergir diferentes metais em soluções diversas e fazer observações quanto às mudanças ocorridas nos metais e soluções durante o ensaio. A aplicação do Experimento II ocorreu a partir do despejo da solução de ferricianeto de potássio e cloreto de sódio sobre uma barra de ferro, para a indução de corrosão em parte da superfície deste, e posterior verificação do pH desta área. Ambos os experimentos foram executados buscando verificar e evidenciar a ocorrência de corrosão em metais. As discussões entre os alunos das equipes foram iniciadas a partir da constatação dos resultados dos experimentos e abordou assuntos inerentes ao tema e suas implicações ambientais e sociais. A execução do Questionário II, demonstrativo do conhecimento ganho a partir dos experimentos e discussões, durou 10 min e foi respondido individualmente.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com base na análise dos resultados apresentados pelos Questionários I e II, foi possível inferir que: o conceito de corrosão expressado em reposta a ambos ainda merece maiores discussões a fim de que possa ser melhor compreendido pelos alunos. Ficou demonstrado (Questionário I e II) que a grande maioria dos alunos entende que, assim como o ferro, outros materiais podem sofrer corrosão. O entendimento de que bactérias podem causar corrosão teve um significativo aumento. Demonstrou-se que a maior parte dos alunos entende existir outros meios, que aquosos, onde há processos corrosivos operantes. A compreensão de que os gases poluentes industriais podem causar corrosão cresceu expressivamente. A grande maioria dos entrevistados compreende que a maresia acelera os processos corrosivos. Foi bastante expressivo o ganho de conhecimento de que o cobre sofre corrosão em ácido concentrado. O conhecimento de que a água da torneira pode atuar como agente corrosivo sofreu significativo acréscimo. Não houve grande variação no percentual daqueles que crêem que uma solução básica possa agir como agente corrosivo. Houve expressivo acréscimo na percentagem dos que afirmam que a exposição de um material a ambientes diferentes provoca, também, o desgaste deste não uniformemente. Houveram também discussões pautadas na verificação da corrosão dos metais (em quais meios correu e em que proporção, comparando a agressividade do meio para os metais envolvidos), e nos processos corrosivos e seus impactos relacionando-a com questões ambientais, sócio-culturais e outros. Portanto pode-se concluir que apreensão de conceitos acerca dos fenômenos abordados durante a pesquisa e suas implicações se processou de forma satisfatória.





CONCLUSÕES: Em atendimento às orientações da nova pedagogia, em especial a contextualização, abordou-se o tema corrosão nas disciplinas de Química, através de experimentações e debates, que em consonância com os problemas cotidianos, decorrentes dos processos corrosivos, tem fortes implicações econômicas e ambientais. Demonstrou-se através do presente trabalho satisfatório progresso no conhecimento dos entrevistados sobre conceitos químicos e as implicações sócio-ambientais inerente ao tema. Confirmando ser possível a contextualização do ensino de Química a partir da abordagem do tema corrosão.

AGRADECIMENTOS: A Cláudio F. do Nascimento,pelo incentivo, e aos profs. Carlos Emanuel de C. Magalhães e Airton Marques Silva, pela contribuição a este trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2006.
________. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999.
________. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 2002.
GENTIL, Vicente. Corrosão. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,1996.