ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DOSEAMENTO DE FÁRMACOS PELA TÉCNICA DE VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO EM MEIO NÃO AQUOSO

AUTORES: VIEIRA, C.A. (FUNEDI,UNA) ; ALVEZ, R.S. (UNIFENAS) ; BARBIERI, R.S. (FAMINAS)

RESUMO: Destacam-se muitos métodos para verificação da qualidade de fármacos e medicamentos, dentre eles, os processos titulométricos de oxi-redução, complexação e neutralização no meio aquoso e não aquoso. Dosou em triplicata uma amostra de diclofenaco de sódio com ácido perclórico (preparado em ácido acético) pela técnica de doseamento no meio não aquoso. Dissolveu o fármaco em ácido acético glacial, pois o ácido exerce efeito nivelador sobre o analito, ou seja, realça as características básicas do diclofenaco de sódio, titulando com ácido perclórico 0,1 mol/L potenciometricamente. A amostra apresentou pureza média de 99,01%.

PALAVRAS CHAVES: diclofenaco de sódio, volumetria em meio não aquoso, controle de qualidade

INTRODUÇÃO: Controle de qualidade é uma ferramenta indispensável para verificar a conformidade de fármacos, medicamentos, insumos, dentre outros com as especificações estabelecidas. Dentre as técnicas aplicadas ao controle de qualidade, pode-se citar os métodos instrumentais (como exemplo: cromatografia, espectrofotometria, absorção atômica) e os clássicos, como exemplo os volumétricos de oxi – redução, complexação e, principalmente os de neutralização. A volumetria de neutralização em meio aquoso é uma técnica precisa e muito eficiente no doseamento de alguns fármacos, Ácido acetil salicílico, furosemida, ácido glicólico, bicarbonato de sódio, dentre outros. Os fármacos que não podem ser dosados em meio aquoso, por serem demasiadamente pouco básicos ou pouco ácidos, podem ser dosados em meio não aquoso, permitindo, além disso, dosar misturas de fármacos. A titulação em meio não aquoso baseia-se no conceito acido básico de Bronsted – Lowry. Segundo esses autores, acido é a substância que tem capacidade de “doar” prótons e base é aquela que tem a capacidade de “receber” prótons. Assim, substâncias potencialmente ácidas podem funcionar como ácidos somente em presença de base à qual possam “doar” próton e vice-versa. O solvente desempenha papel muito importante na determinação do caráter ácido-básico de uma substância. A água poderia ser o solvente de escolha, mas entanto, por seu caráter anfótero pode competir com a base ou com o ácido a ser determinado pela "captação" ou "doação" do próton do analito (caso o mesmo tenha pKb ou pKa maiores que água, respectivamente). O método da volumetria em meio não aquoso pode ser uma alternativa viável para laboratórios de farmácias de manipulação, pois, na grande maioria não possuem equipamentos, exemplo HPLC que permitam dosar os fármacos.

MATERIAL E MÉTODOS: O teor de diclofenaco de sódio (C14H10Cl2N NaO2) na matéria-prima foi determinado em triplicata através do método de volumetria em meio não-aquoso.
Para realização dos testes, calibrou o peagâmetro com solução tampão pH 7,01 e depois com tampão pH 4,01. Realizou a determinação do teor do diclofenaco de sódio na função potenciometria.
Preparou o ácido perclórico 0,1 mol/L em ácido ácido acético glacial e padronizou potenciometricamente com Biftalato de potássio 0,1 N (preparado também em ácido acético glacial), sendo que, cada mL de ácido perclórico equivale a 20,422 mg de Biftalato de potássio. A padronização foi realizada em triplicata.
Dissolveu 250mg de diclofenaco de sódio em 40 mL de ácido acético glacial e titulou potenciometricamente com ácido perclórico 0,1 mol/L. Cada mL de ácido perclórico 0,1 mol/L equivale a 31,81mg de diclofenaco de sódio (BRITISH, 1999; F. Bras. IV, 2001).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela média do doseamento, foram gastos 7,75 mL do titulante, verificando o ponto de equivalência em, aproximadamente 650 micro volts. A detecção do ponto final da titulação foi verificada pelo exame da curva de titulação (variação do potencial mV em função do volume de titulante adicionado), que em geral é uma curva segnóide. Calculou-se o teor de fármaco pela média verificada nas três determinações. Encerrou-se com o teor de 99,01%.
O teor de matéria prima encontrado nesse ensaio do método não aquoso foi comparado com o valor fornecido pelo distribuidor, que foi de 99,60% e analisado pela técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), conforme citado na Farmacopéia Americana (USP 2002). De acordo com os limites referenciados pela mesma farmacopéia (99,0 a 101 %), o fármaco apresentou conformidade no doseamento.

CONCLUSÕES: De acordo com os resultados fornecidos pelo fabricante, o qual determinou o teor pela técnica instrumental, verificou pequena variação em relação ao processo clássico (meio não aquoso). Pode-se então concluir que o método de titulação em meio não aquoso pode ser uma técnica alternativa e precisa, principalmente para aplicação em laboratórios de controle de qualidade que não possuam ferramentas instrumentais de análise.

AGRADECIMENTOS: FUNEDI, UNA e à UNIFENAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRITISH Pharmacopoeia. London: Her Majesty’s Stationery office, 1999.v.3.

FARMACOPÉIA, Brasileira 4. ed. São Paulo Atheneu. 2001.

The United States Pharmacopoeia, USP 25, 25th ed., Webcom Limited, Rochville, 2002, p. 1683.