ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: MONITORAMENTO DE RESÍDUOS DE CLORPIRIFÓS EM AMOSTRAS DE BATATA, PROVENIENTES DE CULTURAS TRATADAS COM ESTE AGROTÓXICO.

AUTORES: BITTENCOURT, M. L. (UFV) ; RIBEIRO, K. L. (UFV) ; COELHO, J. M. (UFV) ; QUEIROZ, M. E. L. R. (UFV) ; NEVES, A. A. (UFV)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a presença de resíduos de clorpirifós em amostras de batata, provenientes de plantios que receberam diferentes tratamentos para controle de insetos. No experimento de campo, instalado na cidade de Senador Amaral, MG, os plantios receberam aplicações do princípio ativo via solo e via foliar, conforme recomendação do fabricante. As amostras foram colhidas ao final do ciclo da batata e submetidas à extração e análise por cromatografia gasosa (CG/ECD). Para todas as amostras os resíduos de clorpirifós estavam abaixo do limite máximo permitido pela legislação. Entretanto, as amostras provenientes de plantios que receberam aplicação foliar do produto nas ramas de batata ao final do ciclo da cultura, apresentaram maior concentração de clorpirifós.

PALAVRAS CHAVES: clorpirifós, análise de resíduos, batata.

INTRODUÇÃO: A batata (Solanum tuberosum L) está entre os alimentos mais consumidos no mundo, sendo superada apenas pelo trigo, arroz e milho. Um dos fatores limitantes da cultura da batata está intimamente ligado à sua suscetibilidade a pragas e doenças. O controle químico ainda é o modo mais empregado para controlar essas pragas e doenças e, consequentemente, aumentar a produtividade. Para este fim diversas classes de agrotóxicos têm sido empregadas, destacando o inseticida clorpirifós, pertencente à classe dos organofosforados. A aplicação deste produto é feita via solo e via foliar, conforme recomendação do fabricante. Entretanto, alguns produtores, para garantir o controle de insetos, fazem uma aplicação foliar nas ramas da batata ao final do seu ciclo.
Os níveis máximos de resíduos (LMR) de clorpirifós em batata, estabelecido por órgãos internacionais (FAO, OMS e JMPR) e nacionais (ANVISA) é de 1,0 mg kg-1.
A presença de resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos ou em culturas não autorizadas pode originar não somente problemas de saúde pública e de ordem ecológica, como também barreira comercial, tanto no mercado interno como no mercado externo (OVIEDO et al., 2003). Sendo assim, é de total importância verificar se as concentrações dos agrotóxicos usados nas diferentes culturas excedem o limite máximo de resíduo permitido pela legislação.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar resíduos de clorpirifós em plantios de batata que receberam diferentes tratamentos, correlacionando os níveis de resíduos com a tolerância estabelecida pela legislação vigente do Brasil.


MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi realizado em campo, no município de Senador Amaral-MG. Os produtos comerciais foram aplicados nos tratamentos de acordo com a dosagem recomendada pelo fabricante. Os tratos culturais seguiram aqueles utilizados rotineiramente pelos produtores desta região, fazendo-se combinações das diversas formas de aplicação dos produtos comerciais (solo, foliar). Os tratamentos aplicados a estas culturas foram os seguintes: 1) Testemunha; 2) Aplicação de clorpirifós no sulco (solo) de plantio; 3) Clorpirifós no sulco de plantio + duas pulverizações (foliar); 4) Clorpirifós no sulco de plantio + duas pulverizações + uma pulverização na seca das ramas de batata. Após o final do ciclo da batata, foram colhidas cinco amostras de batata (aproximadamente 1,0 kg) para cada tratamento com três repetições. Empregou-se a técnica extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL-PBT) para remover o clopirifós da matriz. Às amostras de batata (1,0000 g) foram adicionados 1,0 mL de água, 6,5 mL de acetonitrila e 1,5 mL de acetato de etila. Após 10 minutos de sonicação, essas misturas foram mantidas no freezer a -20 ºC por aproximadamente 8 horas. A polpa e a água ficaram congeladas sendo separadas do solvente extrator por filtração. O extrato recuperado foi analisado por cromatografia gasosa acoplada a um detector por captura de elétrons (CG/DCE), para quantificação dos agrotóxicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O método empregado para determinação de clorpirifós em batata apresenta uma taxa de rendimento de 93% e um limite de quantificação de 5 µg L-1.
Amostras de batatas provenientes de plantios que receberam diferentes tratamentos foram analisadas e os resultados obtidos são mostrados na Tabela 1.
A ausência de resíduos de clorpirifós na testemunha (tratamento 1) mostra que este plantio não foi contaminado durante as aplicações foliares do produto comercial. Nos plantios em que foram aplicados o agrotóxico apenas no sulco de plantio (tratamento 2) e nos plantios em que foram aplicados o produto no sulco de plantio + duas pulverizações (tratamento 3) verificou-se a presença de resíduo de clorpirifós em concentrações próximas, mostrando que a aplicação foliar do agrotóxico não acarreta em um aumento da concentração de clorpirifós nas amostras de batata. No tratamento 4 foi aplicado o agrotóxico também no período da seca observando-se um aumento da concentração de clorpirifós de aproximadamente 5 vezes quando comparado à concentração do tratamento 3. Concentrações do inseticida abaixo do limite máximo de resíduo (LMR) permitido foram encontradas em todos os tratamentos em que foi aplicado o agrotóxico.
Resíduo de clorpirifós em amostras de batata abaixo do LMR permitido também foram encontrados por RANDHAWA et al. (2007) ao analisar amostras de batata de campo tratadas com o produto comercial Larsban 40 EC, obtendo-se concentração de 0,136 mg kg-1 deste inseticida.
Apesar das pesquisas apresentarem uma concentração de clorpirifós abaixo do LMR para a batata, o monitoramento de agrotóxicos em amostras de alimentos deve ser realizado periodicamente, a fim de assegurar aos consumidores que os alimentos adquiridos estão de acordo com a legislação imposta.



CONCLUSÕES: Verificou-se a presença de resíduo de clorpirifós abaixo do LMR permitido em todas as amostras de batata analisadas. A aplicação foliar de clorpirifós durante o ciclo da batata não propiciou o aumento da concentração do agrotóxico, porém, a aplicação do agrotóxico na seca das ramas da batata (final do ciclo) favoreceu o aumento da concentração de clorpirifós nas amostras analisadas.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOLLES, H. G.; DIXON-WHITE, H. E., PETERSON, R. K.; TOMERLIN, J. R.; DAY, E. W.; OLIVER, G. R. U.S. Market Basket Study To Determine Residues of the Insecticide Chlorpyrifos. Journal Agric. Food Chem, v. 47, n. 5, p. 1817-1822, 1999.

OVIEDO, M. T. P.; TOLEDO, M. C. F.; VICENTE, E. Resíduos de agrotóxicos piretróides em hortaliças. Pesticidas: R.Ecotoxicol. e Meio Ambiente, v. 13, p. 9-18, 2003.
RANDHAWA, M. A.; ANJUM, F. M.; AHMED, A.; RANDHAWA, M. S. Field incurred chlorpyrifos and 3,5,6-trichloro-2-pyridinol residues in fresh and processed vegetables. Food Chemistry, v. 103, p. 1016-1023, 2007.