ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA MORTANDADE DE PEIXES NO RIO ARIENGA, ABAETETUBA – PA

AUTORES: FAIAL, K. C. F. (IEC) ; MEDEIROS, A. C. (IEC) ; CARNEIRO, B. S. (IEC) ; FAIAL, K. R. F. (IEC) ; MENDES, R. A. (IEC) ; LIMA, M. O. (IEC) ; CUNHA, L. M. (IEC) ; SÁ, L. L. C. (IEC) ; JESUS, I. M. (IEC) ; VALE, E. R. (IEC)

RESUMO: O Rio Arienga está localizado no município de Abaetetuba/PA nas proximidades da área portuária e industrial de Vila do Conde. Nas suas proximidades estão instalados empreendimentos minero-metalúrgicos atuando principalmente na produção de ferro gusa gerando a partir desses processos efluentes químicos, em virtude do potencial da região, é importante conhecermos as características ambientais do ponto de vista químico e físico-químico ao longo do rio. O estudo possibilitará o acompanhamento das possíveis alterações químicas que podem vir a ocorrer e com isso buscarmos alternativas para minimizar os impactos causados que possam a vir causar riscos ao meio ambiente.

PALAVRAS CHAVES: rio arienga, mortandade de peixe, qualidade de água

INTRODUÇÃO: A análise das situações de riscos e efeitos ambientais originados a partir dos processos produtivos requer metodologias específicas quando envolve a população não trabalhadora. Estes aspectos são reunidos em três grupos principais de elementos que integram a relação Produção/Ambiente/Saúde sob a ótica da Saúde Coletiva,(Tambellini & Câmara., 1998).
As contaminações dos recursos hídricos causada pelas diferentes atividades humanas, geram impactos que alteram a qualidade e, às vezes, a quantidade da água disponível, podendo causar sérios danos para a saúde humana e até mesmo interferir em atividades econômicas que dependam do bom estado dos rios e mananciais, como é o caso da indústria pesqueira e da pecuária ribeirinha no Estado do Pará.
O atual estudo se situa no Estado do Pará, no município de Abaetetuba e nas comunidades próximas ao processo de beneficiamento de ferro-gusa da industia USIPAR (Usina siderúrgica do Pará). No dia 12 de dezembro de 2007 uma equipe de pesquisadores da Seção de Meio Ambiente (SAMAM) do Instituto Evandro Chagas (IEC) se dirigiu ao muncipio de Abaetetuba, fim de levantar informações sobre as possíveis causas da mortandade de peixes ocorrida no Rio Arienga no dia 10 de dezembro de 2007, fato que gerou um relatório das condições ali encontradas. Apartir das informações coletadas foi elaborado um programa de amostragem de água, para os dias 12 e 13 de dezembro de 2007, em vários pontos ao longo do Rio Arienga e dos igarapés Bacabal e Jurema de tal forma que vislumbra-se os dois períodos distintos da maré (Enchente (E) e Vazante (V)).Para a realização do programa de amostragem a equipe contou com o apoio da população que disponibilizou uma pequena embarcação e indicou acomodações para montagem do laboratório de campo.

MATERIAL E MÉTODOS: Para coleta de amostras de águas superficiais e de consumo para análise físico-químicos serão utilizados frascos de polipropileno com capacidade de 1 Litro, sendo que serão analisados in loco alguns parâmetros, tais como: pH, Temperatura, Condutividade Elétrica, STD, OD, a partir de métodos potenciométricos. Na seqüência as amostras serão imediatamente transportadas para o Laboratório instalado no próprio município, sendo analisados outros parâmetros físico-químicos, a partir de métodos espectrofotométricos.
Para a determinação do número de coliformes totais e E.coli nas amostras de água coletadas será utilizada a técnica do substrato cromogênico definido ONPG-MUG (COLLILERT/QUANTI-TRAY®) de acordo com as recomendações do fabricante e do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/AWWA/WEF, 1998). Serão realizados exames qualitativos nas amostras destinadas ao exame da potabilidade e exame quantitativo naquelas destinadas ao estudo da qualidade da água superficial (mananciais naturais).
Os métodos analíticos empregados para a determinação dos parâmetros obedecerão aos procedimentos e recomendações descritas no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/ AWWA/WEF, 1998) ou Procedures Manual HACH-Espectrophotometer DR-4000 e DR-2000. O pH, temperatura, Condutividade, Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) e Oxigênio Disolvido (OD) foram determinados no momento da amostragem com o equipamento FoodCare da HANNA®, os parâmetros cor aparente, turbidez, Sólidos Totais em Suspensão (STS), DQO, DBO, Cloreto, Nitrato, Nitrito, Nitrogênio Amoniacal, Fosfato foram determinados por espectrofotometria no equipamento DR 2000 da HACH®.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com relação ao pH o valor encontrado nos pontos P01E, P01V, P02E, P03V P04E, P05E, P05V e P06E estão abaixo das condições e padrões de qualidade de água classe 2 previstos na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para o parâmetro OD (Oxigênio Dissolvido) os pontos P01V, P02E, P02V, P03E, P04E, P05E, P05V, P06E, P06V, P07E, P07V, P08E e P08V estão abaixo das condições e padrões de qualidade de água classe 2 previstos na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para o parâmetro cor, todos os pontos indicaram valores acima das condições e padrões de qualidade de água classe 2 previstos na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para o parâmetro Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), os pontos P02E, P03E, P03V, P05V e P06V, indicaram valores acima das condições e padrões de qualidade de água classe 2 previstos na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para o parâmetro Nitrogênio Amoniacal os pontos P02E e P02V, indicaram valores acima das condições e padrões de qualidade de água classe 2 previstos na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para o parâmetro microbiológico (Coliformes Termotolerantes) apenas o ponto P03 V encontra-se em desacordo com as condições e padrões de qualidade de aplicadas para água classe 2, previsto na Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
Para água de consumo (poços)(P09 e P10), os parâmetros pH, Cor e Turbidez, em todos os pontos indicaram valores fora do estabelecido pela Portaria no 518/04 do Ministério da Saúde, ou seja, água em condições inapropriadas para consumo humano.
Para os parâmetros microbiológicos (Coliformes totais e E. Coli), os pontos (P09 e P10)encontraram-se em desacordo com o estabelecido pela Portaria no 518/04 do Ministério da Saúde, ou seja, água em condições impróprias para consumo humano.


CONCLUSÕES: O Igarapé Bacabal, afluente do rio Arienga, onde segundo relatos da população a mortandade de peixes foi mais intensa, nasce dentro da área da indústria de produção de ferro Gusa, durante a realização do plano de amostragem, não foi possível chegarmos até nascente do igarapé, pois o mesmo foi interrompido na sua extensão por uma barragem, que segundo os moradores foi construída pela Indústria localizada na área. É importante que haja um estudo mais amplo sobre os possíveis impactos ocasionados pela construção da barragem.

AGRADECIMENTOS: Aos moradores de vila de Béja e a todos que participaram da realização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CONAMA. 2005. Resolução no 357/2005. Ministério do Meio Ambiente.
NORMA DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO. 2004. Portaria no 518/2004. Ministério da Saúde.
TAMBELLINI & CÂMARA. A temática saúde e ambiente no processo de desenvolvimento do campo da saúde coletiva: aspectos históricos, conceituais e metodológicos. Ciênc. saúde coletiva vol.3 no.2 Rio de Janeiro 1998.