ÁREA: Ambiental

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO IGARAPÉ CURIMÃ, CAMETÁ-PARÁ.

AUTORES: IC (UEPA) ; PQ (UEPA) ; PQ (UEPA)

RESUMO: A qualidade da água pode ser avaliada por um conjunto de parâmetros que podem ser determinados por uma série de análises físicas, químicas e biológicas. As análises físico-químicas são explicitamente mais precisas quanto ao esclarecimento das características das águas. O presente trabalho visa caracterizar através de análise de parâmetros físico-químicos, as águas superficiais do Igarapé Curimã localizado no município de Cametá-Pará. O estudo levou em consideração os seguintes parâmetros: temperatura, turbidez, fosfato, pH, alcalinidade, amônia, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, salinidade, DBO, DQO, OD. A metodologia utilizada neste trabalho foi baseada nas técnicas adotadas no Manual Prático de Análise de Água da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) de 2004.

PALAVRAS CHAVES: avaliação, caracterização, análise.

INTRODUÇÃO: Encontrar em um município uma água de boa qualidade não é uma tarefa simples já que grande parte das águas que se destinam as estações de distribuições municipais são oriundas de rios ligados à igarapés que por sua vez, podem estar paulatinamente sendo contaminados direta ou indiretamente por fontes poluidoras tais como o esgoto doméstico. Em periferias geralmente os esgotos podem encontrar-se em céu aberto próximos a igarapés ou ainda estes mesmos igarapés já podem ter sido transformados em tubulações de esgoto, pois estes mesmos esgotos domésticos, muitas vezes, são despejados em igarapés.
“Os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água. A fração restante inclui sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem como microorganismos. Portanto, é devido a essa fração de 0,1% que há necessidade de se tratar esgotos.” (VON SPERLING, 2005).
O município de Cametá-Pará possui uma área de 3.108 Km². É limitado ao norte pelo município de Limoeiro do Ajuru, ao sul pelo município de Mocajuba, a leste pelo município de Igarapé-Miri, a oeste pelo município de Oeiras do Pará. Tal município comporta uma quantidade significativa de igarapés em sua extensão. O igarapé Curimã serve de limite urbano à cidade de Cametá na porção noroeste.
Atualmente ao longo deste igarapé é possível encontrar focos de poluição ocasionados por lixo domésticos que são despejados diretamente no igarapé, ou indiretamente por intermédio de enxurradas ou córregos que arrastam para alguns pontos do igarapé lixo que podem ser de qualquer gênero como (latas, plásticos, restos de comida, dejetos de animais, lixo hospitalar, etc.).
Por isso, o trabalho desenvolvido procurou avaliar a situação atual da qualidade das águas superficiais do Igarapé Curimã localizado no município de Cametá-Pará, bem como identificar os principais riscos que a população está correndo ao ingerir a água ou tomar banho no local de estudo.


MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas 20 (vinte) amostras de água do igarapé Curimã no período de 26/05/2008 à 31/07/2008. Para a escolha dos pontos de amostragem de água, foi levada em consideração a facilidade de acesso ao local e a influência antrópica. As amostras foram recolhidas em cinco pontos: 1º P.C. - Coordenadas: S: 02º 13’ 14,1” w: 049º 29’ 0,1”, 2º P.C. - Coordenadas: S: 2º 13’ 40,3”, w: 049º 29’ 52,7”; 3º P. C. - Coordenadas: S: 2º 13’ 56,9”, W: 049º 30’ 07,8”; 4º P. C. - Coordenadas: S: 02º 14’ 00,3”,w: 049º 30’ 22,7”; 5º P. C. - Coordenadas: S: 02º 14’ 09,0”,w: 049º 30’ 39,8”. Utilizou-se o GPS e imagens de satélite (do Google Earth e Quick bird) para delimitar o traçado dos pontos de coleta. A coleta das amostras foi realizada nos primeiros 50 cm de profundidade. Mergulhou-se o frasco de coleta diretamente na água. As amostras destinadas às análises físico-químicas foram armazenadas no próprio frasco de coleta com capacidade de 200 mL, em seguida os frascos eram depositados em um isopor contendo gelo sendo transportados para o laboratório.
As análises físico-químicas foram efetuadas de acordo com as técnicas adotadas no Manual da Fundação Nacional de Saúde- FUNASA (2004). Elas objetivaram determinar quantitativamente os seguintes parâmetros: temperatura, turbidez, fosfato, pH, alcalinidade, amônia, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, salinidade, DBO, DQO, OD. Estas análises estão sendo realizadas no laboratório de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA).



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Temperatura
A temperatura da água apresentou pequena variação, durante o dia, mas não ultrapassando os limites de tolerância padrão, garantindo desta forma a sobrevivência dos seres aquáticos. Mudanças na temperatura podem resultar em modificações em outras propriedades como: Redução da Viscosidade da água pela elevação da temperatura, podendo ocorrer o afundamento de muitos microorganismos aquáticos, principalmente do fito plâncton; Aumento de sua densidade pela redução de temperatura que ocorre até uma temperatura de 4ºC, abaixo da qual a densidade diminui. A água possui densidade máxima de 4ºC; Quanto maior a temperatura, menor o teor de oxigênio dissolvido na água. (MOTA, 1997). Os valores médios das amostras situaram-se entre 27ºC no (2º P.C.) e 28ºC (1º P.C.).
pH (Potencial Hidrogeniônico)
Os organismos possuem uma estreita faixa de tolerância às mudanças de pH. Os organismos aquáticos geralmente estão adaptados às condições de neutralidade de pH, logo qualquer alteração brusca do pH de uma água pode acarretar o desaparecimento dos seres nela presente. As águas superficiais possuem um pH entre 4 e 9. Sendo que as mesmas são ligeiramente alcalinas devido à presença de carbonatos e bicarbonatos. Portanto, água muito ácida podem provocar a intensificação do processo de intemperismo químico das rochas. O pH também é influenciado pela quantidade de matéria morta a ser decomposta, sendo que quanto maior é a quantidade de matéria orgânica disponível, menor o pH, pois para haver a decomposição desses materiais, muitos ácidos são produzidos, (como o ácido húmico). Os valores de pH referentes às amostras estudadas foram de (pH= 5,0) indicando que a água está ácida.


CONCLUSÕES: As análises de pH, nos pontos em estudo, indicaram médias de 5,0. Com as análises físico-química e microbiológica (em fase de conclusão) faremos um estudo detalhado do comportamento dessas águas. Existe um forte indicativo de que os despejos realizados neste rio produzem efeitos que possam influenciar na mudança de temperatura e pH. Este trabalho além de servir como fonte de dados para objetos em estudo posteriores, é um instrumento de alerta para as autoridades competentes locais e da Comunidade de Cametá Pará, que tem a responsabilidade no que tange à poluição do leito do Igarapé Curimã.



AGRADECIMENTOS: IBAMA/PA e UEPA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA, 1998, Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20 ed., United Book Press, USA, 824p.

CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Brasília, 2005.

FUNASA- Fundação Nacional de Saúde. Manual Prático de Análise de Água. 1ª ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2004.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental, Rio de Janeiro: ABES, 1997.

RIBEIRO, H. M. C. Avaliação atual da qualidade das águas dos lagos Bolonha e águas Pretas, situados na área fisiográficas do Utinga (Belém – PA). Dissertação de Mestrado: CG/UFPA, 1992.

VON. SPERLING, M. Introdução À Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. In: Princípios do Tratamento Biológico de águas residuárias. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG; 1995 Vol1. 84p.