ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: DEFICIÊCIAS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO, DO MUNICÍPIO DE SOBRAL – CE

AUTORES: RIBEIRO, W. H. F. (UVA) ; SOUSA, F. F. (UVA) ; RODRIGUES, F. H. A. (UVA) ; SANTOS, H. S. (UVA) ; GOMES, G. A. (UVA) ; ALMEIDA, S. C. X. (FJN)

RESUMO: Segundo alguns autores o ensino de química tem falhado em formar para a cidadania; muitos alunos concluem o ensino médio sabendo muito pouco de química. Essa situação costuma ser atribuída à memorização excessiva e a uma abordagem distanciada da realidade dos alunos. Este trabalho objetivou investigar possíveis causas para as deficiências no ensino-aprendizagem de química em uma escola de ensino médio do município de Sobral – CE. Para isso, recorreu-se à literatura, visitou-se a escola para obtenção de informações e aplicou-se um questionário a alunos do ensino médio. Os resultados sugerem que a inadequada oferta de aulas experimentais e a formação deficiente dos professores estão entre os principais fatores responsáveis pela baixa qualidade do ensino de química.

PALAVRAS CHAVES: ensino de quimica, deficiencias, aulas experimentais

INTRODUÇÃO: A sociedade moderna é resultado do grande desenvolvimento, nos últimos anos, impulsionado pelas ciências e tecnologia. Assim, para atuar nesse mundo, o cidadão precisa, dentre outras linguagens, conhecer a linguagem científica ou, como afirma Chassot (2006), precisa alfabetizar-se cientificamente, uma vez que, segundo o mesmo autor, a ciência é “uma linguagem para facilitar nossa leitura do mundo” (CHASSOT, 1995). Todavia, o ensino de ciências está muito aquém do seu propósito de promover essa alfabetização científica entre aqueles que deverão, ao sair do ensino médio, exercerem sua cidadania. Beltran e Ciscato (1991) citam uma série de problemas relacionados com o ensino-aprendizado de química nas escolas de ensino médio, dos quais se citam um ensino pautado na memorização excessiva, aulas descontextualizadas, ausência de pesquisa sobre o ensino, enfoque no vestibular, inexistência de aulas experimentais. Estes fatores justificariam um ensino de química deficiente, onde a grande maioria dos alunos, apesar de três anos estudando química no ensino médio e mais quatro estudando ciências no ensino fundamental, não conseguem resolver problemas cotidianos que exigem um conhecimento químico.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram realizadas três visitas a uma escola do ensino médio de Sobral-CE, para obtenção de dados sobre aspectos físicos, pedagógicos e políticos da mesma, e foi aplicado um questionário a 65 de seus alunos, distribuídos em três turmas do ensino médio, uma do 1º, uma do 2º e uma do 3º ano. O questionário constou de perguntas objetivas que visavam verificar as impressões e opiniões dos alunos sobre o ensino de química em sua escola, a fim de confrontá-las com as observações feitas nas visitas. Este trabalho objetivou identificar os principais pontos negativos no referido ensino e apontar prováveis soluções.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise dos dados permitiu verificar que 89% dos alunos entrevistados afirmaram não gostar de química e atribuem isso, basicamente, à inexistência de aulas práticas, em primeiro lugar, e a um trabalho deficiente do professor, em segundo. Foi verificado que, dos dois professores de química que ministram aulas na referida escola, um é formado em eletromecânica e o outro é formado em enfermagem. Verificou-se, também, que as aulas são, fundamentalmente, expositivas, com estudos de textos dirigidos em alguns casos. Algumas atividades experimentais eram realizadas. Todos os estudantes recebem, gratuitamente, o livro didático de química que é, muitas vezes, utilizado apenas como fonte de exercícios para serem resolvidos em sala de aula. De modo geral, as aulas, na opinião dos alunos, são contextualizadas, todavia o que se observou foi uma abordagem ‘utilitarista’ da química.

CONCLUSÕES: O ensino de química a nível médio deve preparar o educando para o exercício da cidadania, no aprendizado da linguagem química. Todavia, muitas escolas não têm cumprido esse papel, o que pode ser atribuído a uma série de problemas, dentre os quais a inadequada formação de professores e a ausência de políticas educacionais que garantam um ensino de qualidade. A pesquisa permitiu verificar que a ausência de aulas experimentais (ou um ensino experimental precário) e a má formação dos docentes são alguns dos fatores mais importantes por trás do deficiente ensino de química na escola investigada.

AGRADECIMENTOS: À escola pública, em Sobral-CE, que acolheu os autores desse trabalho e permitiu sua realização, especialmente à direção, aos professores e alunos envolvidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BELTRAN, O.N.; CISCATO, C.A.M. Química Coleção Magistério 2° grau. Série formação geral. São Paulo: Cortez 1991.
CHASSOT, A.I. Para que(m) é útil o ensino? São Paulo. 1ª ed. Ulbra. 1995.
CHASSOT, A.I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 3ª ed. Unijuí. 2003.