ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Avaliação da atividade antioxidante de extratos vegetais de plantas do Mato Grosso

AUTORES: SOUSA, A.F (CEFET-MT) ; SILVA, C.S (CEFET-MT) ; SOUSA, G.J.C (CEFET-MT) ; GAMA, R.B (CEFET-MT) ; VIANA, S.C (CEFET-MT) ; RIBEIRO,T.A.N (UFMT) ; SILVA, L.E (UFMT/CEFET-M)

RESUMO: É de fundamental importância realizar um estudo farmacológico e químico de espécies vegetais, a fim de confirmar ou não a crença das pessoas com relação ao potencial curativo das mesmas.Neste sentido, realizamos uma triagem com 5 plantas do mato grosso afim de avaliar o potencial antioxidante.O material vegetal foi seco à temperatura ambiente e posteriormente pulverizado em moinho mecânico. Seguindo-se extração (maceração) com solventes orgânicos como hexano, etanol e metanol a temperatura ambiente. As soluções extrativas obtidas serão concentradas em evaporador rotativo, obtendo-se assim os extratos brutos.Realizou-se a avaliação antioxidante pelo método do DPPH, no qual observou-se os melhores resultados com os extratos Jambolão (Syzygium cumini L.)e Canela (Cinnamomum zeylanicum Breyn).

PALAVRAS CHAVES: atividade antioxidante,plantas medicinais

INTRODUÇÃO: O uso de produtos naturais com propriedades medicinais pela civilização humana é antigo e, por um longo tempo, o uso de produtos minerais, vegetais e animais foi a principal fonte de drogas terapêuticas.Estima-se que 80% da população mundial utilizam, preferencialmente, a medicina tradicional nos cuidados primários da saúde, sendo que a maior parte das terapias tradicionais envolve o uso de plantas in natura ou produtos manufaturados a partir de seus extratos ou princípios ativos. Estima-se a existência de aproximadamente 250.000 espécies de plantas no mundo e provavelmente apenas 10% foram testadas em ensaios biológicos. Em alguns países de clima tropical como o Brasil, a abundância de plantas medicinais oferece acesso a diversos produtos utilizados, através da automedicação, na prevenção e tratamento de doenças.Como estratégia para a investigação de plantas medicinais, a abordagem etnofarmacológica auxilia na seleção de espécies vegetais onde o uso tradicional pode ser encarado como uma pré-triagem quanto a utilidade terapêutica em humanos. A abordagem mecanicista baseia-se na interferência dos produtos em teste com mecanismos farmacodinâmicos pré-determinados, enquanto que a etnofarmacologia, partindo de relatos feitos, pode levar a identificação de produtos com mecanismo de ação sequer considerados. Esse fato é tanto mais relevante quanto se considera o chamado drop out (desistência de um composto em pesquisa e desenvolvimento) que continua a ser o maior impasse da indústria farmacêutica. Assim, os objetivos desse estudo foram avaliar a atividade antioxidantes das plantas medicinais utilizadas pela população mato-grossense.

MATERIAL E MÉTODOS: O material vegetal foi seco à temperatura ambiente e posteriormente pulverizado em moinho mecânico. Seguindo-se extração (maceração) com etanol à temperatura ambiente. As soluções extrativas obtidas foram concentradas em evaporador rotativo, obtendo-se assim os extratos brutos. Realizou-se o ensaio de atividade antioxidante nas concentrações de 100, 50 e 10 µg/mL, de acordo com o método desenvolvido por BAHORUM et al. (1994) e PRYOR et al. (1986), usando como controle positivo o ácido ascórbico (CE50= 28 µg/mL).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os radicais livres são substâncias instáveis e altamente reativas e estabilizam-se retirando elétrons de qualquer outra substância ou molécula, criando assim, um ciclo nocivo. Alguns radicais livres são indispensáveis ao nosso organismo, como são as reações metabólicas e enzimáticas. Outros agem de forma descontrolada podendo danificar proteínas dos tecidos corporais. O desequilíbrio entre a formação e eliminação destas espécies oxidativas em organismos vivos está relacionado à aceleração de sinais de envelhecimento, assim como diversas doenças como AIDS e câncer.
Uma substância ou um extrato pode ser considerado ativo quando apresentar o porcentual de descoloração superior a 50%. Foi avaliada a atividade antioxidante das plantas selecionadas, sendo observado melhor desempenho com o extrato bruto etanólico das folhas de Syzygium cumini L., conhecida popularmente como jambolão, sendo comprovada a inibição do radical DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) quando se efetuou o experimento nas concentrações 100 µg/mL, com uma porcentagem de inibição de 96,68%. Observou-se um percentual superior a 80 % também na dose de 50 µg/mL (Tabela 1). Resultados mais modestos foram obtidos com os extratos das demais plantas selecionadas, com destaque apenas para a canela (Cinnamomum zeylanicum Breyn) com um percentual de inibição na faixa de 50% para a dose de 100 µg/mL. Não foram realizados ensaios com as frações hexânicas devido à insolubilidade nas condições empregadas.







CONCLUSÕES: O extrato bruto etanólico da Syzygium cumini L. apresentou atividade significativa na dose de 100 µg/mL e 50 µg/mL, provavelmente devido à presença de compostos fenólicos como flavonóides e taninos, que podem atuar como doares de elétrons, interrompendo o ciclo nocivo provocado pelos radicais livres. Estudo de isolamento dos componentes biologicamente ativos estão em andamento em nosso laboratório.

AGRADECIMENTOS: Os autores são gratos CPP, CNPq, FAPEMAT e CEFET-MT

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BAHORUN, T., TROTIN, T., POMMERY, J., VASSEUR, J., PINKAS, M., Antioxidant activities of Crataegus monogyna extracts. Planta Médica, v. 60, p. 323-328, 1994.

BALBACH, Alfons. As plantas Curam. 1º ed, Revista e condensada. Edições Vida Plena, São Paulo; 1992. Pág. 63, 104, 137 e 148.

LORENZI, Harri; MATOS,Abreu.F.J.Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2º ed, São Paulo: Editora Nobel, 2003.


NOLDIN, V.F., MARTINS, D.T.O., MARCELLO, C.M., LIMA, J.C.S., MONACHE, F.D., FILHO, V.C. (2005) Phytochemical and Antiulcerogenic Properties of Rhizome from Simaba ferruginea St.Hill.(Simaroubaceae). Z. Naturforsch. 60c, 701-706.

PRYOR, W., Oxy-radical and related species: their formation, lifetimes, and reactions, Annual Review of Physiology, v. 48, p. 657-667, 1986