ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E FITOQUÍMICA DE MÉIS DE DIFERENTES FONTES BOTÂNICAS DO CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; BATISTA, W.P. (UECE) ; ALEXANDRINO, C.D. (UECE) ; SILVA, L.M.N. (UECE) ; RODRIGUES, B.S.F. (UECE) ; LIMA, C.M. (UECE)

RESUMO: RESUMO: Foram analisadas amostras de méis de diferentes microrregiões do Ceará, de diferentes fontes florais, com o objetivo de identificar suas propriedades. Foram realizadas análises de umidade, cinzas, fermentos diastásicos, acidez livre, pH, HMF, reação de Lugol, e proteína. Foram feitas análises qualitativas e quantitativas de fenóis e flavonóides nos méis. As amostras apresentaram índices de umidade, cinzas, pH e acidez livre compatíveis com a Legislação Vigente. A alteração dos fermentos diastásicos bem como no HMF podem estar relacionados às condições climáticas da região. Quanto aos flavonóides totais e fenóis totais estão em consonância com as espécies vegetais visitadas pelas abelhas na região de coleta, considerando-se a diversidade de vegetação e clima locais.

PALAVRAS CHAVES: méis, fitoquímicos, caracterização

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: O Nordeste do Brasil é reconhecido como uma das áreas de maior potencial para a apicultura no país (AIRES & FREITAS, 2001). Caracteriza-se por ser uma extensa região que mantém em sua quase totalidade, uma cobertura vegetal nativa, seja em estado virgem ou sucessional. Devido às suas características edafoclimáticas, a exploração agrícola intensiva é inviável na maior parte de seu território. A cobertura vegetal constitui-se basicamente da caatinga, característica da região semi-árida nordestina, rica em espécies que florescem ao longo do ano. Há uma vegetação característica da época chuvosa e uma de estiagem, mostrando que na caatinga, além de um ótimo fluxo de néctar e pólen ocorrido no período de chuvas há também um fluxo de alimento no período de estiagem que contribui decisivamente para a manutenção das colônias de abelhas diminuindo a necessidade de uso de alimentação artificial. O mel é produzido por abelhas melíferas a partir do néctar das flores e tem sido usado desde a antiguidade. Apresenta cerca de 200 substâncias e representa parte importante da medicina tradicional (KÜÇÜK et al. 2007). O mel está relacionado à sua origem com características que dependem da concentração de matérias-primas, de açúcares, minerais e vitaminas entre outros. É comum existirem variações na composição física e química do mel, tendo em vista variados fatores que interferem na sua qualidade, como o clima, espécie de abelha, processamento e armazenamento, além do tipo de florada (SILVA et al. 2004), da qual a função antioxidante que inclui flavonóides e ácidos fenólicos é dependente (GÓMEZ-CARAVACA et al. 2006). O objetivo desse trabalho foi caracterizar e avaliar os conteúdos de flavonóides e ácidos fenólicos e as características físico-químicas de méis do Ceará.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: As amostras foram obtidas a partir de coletas feitas por apicultores, associações e cooperativas, entre 2006 e 2007. Em seguida foram levadas ao Laboratório de Química de Produtos Naturais da Universidade Estadual do Ceará, onde foram identificadas quanto à sua origem botânica, a localidade e a data de coleta, sendo acondicionadas e armazenadas. A caracterização físico-química foi feita através das seguintes análises: Umidade: determinada por refratometria, seguindo o método nº 969.38b (AOAC, 1990). O método consiste na determinação do índice de refração do mel a 20°C, convertendo-se para o conteúdo de umidade através de uma tabela de referência. Hidroximetilfurfural: foi usada a Reação de Fiehe, qualitativa, que detecta a presença de HMF no mel (IAL,1985). Para a análise do pH utilizou-se um pHmetro , seguindo-se o método da AOAC (1990). A Acidez Livre foi determinada usando-se o método que se baseia numa titulação simples, acompanhando-se a medida do pH com um pHmetro (AOAC, 1990; BRASIL, 2000). As Cinzas foram determinadas aquecendo-se 20g de mel a 550°C até peso constante, seguindo-se o método da AOAC (1990). A pesquisa de Fermentos Diastásicos foi realizada usando-se reação qualitativa segundo método do IAL (1985). A Reação de Lugol foi realizada para pesquisa qualitativa de amido e dextrinas no mel (IAL, 1985). Para a pesquisa de Proteína foi usado o método de BRADFORD (1976). A caracterização fitoquímica usou método qualitativo de MATOS (1988), para Flavonóides (flavonóis, flavanonas, flavononóis e xantonas). Para Esteróides e Triterpenóides foi usado o teste qualitativo segundo método encontrado em MATOS (1988). O Teor de Flavonóides Totais e o Teor de Fenóis Totais foram obtidos usando-se métodos de FUNARI & FERRO (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: As análises foram feitas em triplicatas. A Tabela 1 apresenta a caracterização físico-química. O teor médio de umidade foi 15,54, (entre 12,95 e 17,85). Os valores estão abaixo do padrão da legislação brasileira que é de 20%, próximos aos encontrados por NORONHA (1997), e as diferenças, segundo ele, estão relacionadas à época da coleta. O valor médio de pH das amostras ficou em 3,77, (entre 3,43 e 4,61). A média é próxima à encontrada por RAMALHO (1985). As variações se devem às floradas pois o pH do néctar influencia o do mel (CRANE, 1983). A acidez livre variou de 17,0 a 40,7. Os valores estão nos limites recomendados pela legislação com máximo de 60meq/kg (BRASIL, 2000). O valor médio para as cinzas foi de 0,066 variando de 0,017 a 0,090. Os valores estão dentro dos padrões da legislação (BRASIL, 2000) com máximo de 0,6%. Houve correspondência entre maior valor de cinzas e cor mais escura do mel confirmando a relação entre minerais e cor encontrada por CRANE (1983). A pesquisa de fermentos diastásicos indicou presença nos méis de marmeleiro (MN), aroeira, bamburral e silvestre. Nos demais há alteração nas enzimas, talvez pelas altas temperaturas próprias da região (IAL, 1985). As amostras com altas concentrações de HMF foram vassourinha, bamburral e os 2 marmeleiros indicando superaquecimento ou adulteração com xarope de açúcar invertido (ALMEIDA-MURADIAN, 2008). A reação de Lugol mostrou variações no tom castanho. Quanto mais escuro maior a possibilidade de presença de glicose comercial. (IAL, 1985). A análise de proteína indicou o maior teor no mel de aroeira. A Tabela 2 apresenta a caracterização fitoquímica dos méis, os flavonóides estavam presentes na maioria deles. Os triterpenos são mais comuns nos méis do Ceará que os esteróides.





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: 1- As amostras de méis analisadas estão dentro dos padrões da legislação brasileira vigente em relação à umidade, pH, acidez livre e cinzas e apresentaram características físico-químicas compatíveis com valores encontrados na literatura.
2- Alterações apresentadas podem ter como fator preponderante às altas temperaturas do Estado do Ceará principalmente na época de estiagem, e não uma adulteração intencional.
3- As diferenças nas características físico-químicas e principalmente nas características fitoquímicas dos méis devem ter sido influenciadas pelo tipo de florada.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALMEIDA-MURADIAN, L.B. & BERA, A. 2008. Manual de controle de qualidade do mel. São Paulo: APACAME
AIRES, E. R. B. & FREITAS, B. M. 2001. Caracterização Palinológica de Algumas Amostras de Mel do Estado do Ceará. Ciência Agronômica – v.32, n°1/2, p.22-29
AOAC. 1990. Official methods of analysis. Washington, DC: Association of Official Analytical Chemists.
BALTRUŠAITYTĖ, V., VENSKUTONIS, P. R., ČEKSTERYTĖ, V. 2007. Radical Scavenging Activity of Different Floral Origin Honey and Beebread Phenolic Extracts. Food Chemistry. n.101. p.502-514.
BRADFORD, M. M. 1976. Rapid and Sensitive Method for quantification of microgram quantities of protein utilizing the principle-dye binding. Anal. Biochem. v.72. p. 248-254.
BRASIL. 2000. Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
CRANE, E. 1983. O livro do mel. São Paulo: Nobel.
FUNARI, C. S., FERRO, V. O. 2006. Análise de Própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos 26(1): 171-178.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis v.41. p. 1220-1234.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. 1985. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 3ed. São Paulo - v.1.
KÜÇÜK, M.; KOLAYH, S.; KARAOĞLU, Ş.; ULUSOY, E.; BALTACI, C.; CANDAN, F. 2007. Biological activities and chemical composition of three honeys of different types from Anatolia. Food Chemistry n° 100, p. 526-534.
MATOS, F.J.A. 1988. Introdução à Fitoquímica Experimental. Fortaleza. Edições UFC.
NORONHA, P. R. G. 1997. Caracterização de Méis Cearenses Produzidos por Abelhas Africanizadas: Parâmetros Químicos, Composição Botânica e Colorimetria. 147p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). UFC.
RAMALHO, M. 1985. Valores e critérios do concurso de méis. Apicultura no Brasil, São Paulo, v. 3, n.17, p.25-27.
SILVA, C.L.; QUEIROZ, A. J. M. & FIGUEIREDO, R. M. F. 2004.Caracterização físico-química de méis produzidos no Estado do Piauí para diferentes floradas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.8, n2/3, p.260-265.