ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE Fe, Zn, Cu E Mn EM PLANTAS MEDICINAIS

AUTORES: LOPES, M. F. G. (UFC/RENORBIO) ; ALMEIDA, M.M.B. (UFC) ; FERRO, E.S. (UFC) ; MAGALHÃES C.E.C. (UECE) ; MAGALHÃES, A. C. (UFC) ; ABREU, M. R. T. (UFC) ; MORAIS, S.M. (UECE)

RESUMO: Esse trabalho objetivou quantificar Fe, Zn, Cu e Mn em 5 espécies de plantas medicinais: Acmella uliginosa (Sw.) Cass. (agrião-bravo), Eucalipitus tereticornis Smith (eucalipto), Nerium oleander L. (espirradeira), Ocimum basilicum L. (mangericão branco) e Plectranthus barbatus Andr. (malva santa). As folhas das plantas depois de lavadas, dessecadas (105°C), calcinadas (550°C) e tratadas com HCl 1:1 (v/v) foram analisadas por espectrometria de absorção atômica com chama. Manjericão Branco apresentou os maiores teores de Zn e Cu, Agrião Bravo destacou-se por seu elevado conteúdo em Fe e no Eucalipto verificaram-se teores bastante elevados de Mn. Com base nos resultados obtidos, sugerem-se estudos adicionais para o uso seguro dessas plantas como auxiliares na reposição dos metais avaliados.

PALAVRAS CHAVES: plantas medicinais, microminerais, ingestão diária recomendada.

INTRODUÇÃO: O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL et al., 2002). O estudo dos minerais teve um grande avanço a partir da década de 70 com o desenvolvimento de técnicas analíticas mais sensíveis e precisas. Há um crescente reconhecimento da coexistência de deficiência de múltiplos micronutrientes em populações de países em desenvolvimento. Ferro (Fe), Zinco (Zn), Cobre (Cu) e Manganês (Mn) são oligoelementos que estão envolvidos na função de várias enzimas e são essenciais para manutenção da saúde humana (OLIVARES et al., 2004) . A deficiência de Fe é a principal causa de anemia. O Zn faz parte, junto com o Cu, da enzima superóxido dismutase, que participa do metabolismo dos radicais livres tendo, portanto, papel biológico essencial nos mecanismos de proteção antioxidante (KOURY; DONANGELO, 2003). Deficiências de Cu e Mn são encontradas com menos freqüência. Como há escassez de dados sobre o teor de Fe, Zn, Cu e Mn em plantas medicinais, o propósito deste estudo é gerar informação acerca da composição dos referidos minerais em Acmella uliginosa (Sw.) Cass. (agrião-bravo), Eucalipitus tereticornis Smith (eucalipto), Nerium oleander L. (espirradeira), Ocimum basilicum L. (mangericão branco) e Plectranthus barbatus Andr. (malva santa), consumidas como medicamento, principalmente por populações carentes.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas das plantas, coletadas no Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará, foram lavadas com água corrente, secas à temperatura ambiente, dessecadas (105°C) até peso constante, calcinadas a 550°C por 12 horas e tratadas com HCl 1:1 (v/v) (AOAC, 1990). Em seguida, essas amostras foram filtradas, diluídas e analisadas por espectrometria de absorção atômica utilizando-se um espectrômetro Varian modelo SpectrAA 55, provido com sistema de correção de fundo por lâmpada de deutério, equipado com chama como atomizador e lâmpada de catodo oco como fonte de radiação, seguindo o programa de aquecimento recomendado pelo fabricante. Todas as análises foram realizadas em triplicatas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na tabela abaixo se encontram os teores médios dos minerais pesquisados nesse estudo, expressos em mg/100g, com os respectivos desvios padrões. Manjericão Branco e Malva Santa apresentaram teores relativamente elevados de Cu. No entanto, estes se encontram na faixa de ingestão segura e adequada para Cu (1,5-3,0 mg/dia). Por outro lado, Eucalipto mostrou valores excessivamente elevados para Mn, quando comparados com a faixa de ingestão segura e adequada para esse mineral (2,0-5,0 mg/dia). A recomendação diária para Fe situa-se entre 10 e 28 mg/dia (BASGEL, 2006). Assim, apenas o Agrião Bravo merece destaque quanto ao teor de Fe, cujo valor obtido corresponde a média entre os limites máximo e mínimo recomendados. Com relação aos níveis de Zn encontrados nas plantas medicinais em estudo, Agrião Bravo, Eucalipto e Manjericão Branco, situaram-se em torno do limite inferior da faixa de recomendação diária admitida (RDA) para Zn que é de 5-19 mg/dia.



CONCLUSÕES: Comparando-se os dados obtidos com o consumo diário recomendado para os minerais Fe e Zn, pode-se sugerir que o Eucalipto deve ser consumido com moderação devido ao seu alto nível de Mn. Recomenda-se ainda o uso de Agrião Bravo em função do teor de Fe encontrado neste vegetal. Todas as plantas estudadas possuem teores significativos de Zn. Considerando-se os resultados obtidos, sugerem-se estudos adicionais para utilização segura das plantas analisadas como possíveis auxiliares na reposição dos minerais avaliados.

AGRADECIMENTOS: Ao Horto de Plantas Medicinais da UFC pelo material cedido e aos órgãos CNPq, CAPES e FUNCAP pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (AOAC). 1990. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 15th ed. Arlington, Virginia, USA: Association of Official Analytical Chemists, 1141 p.
BASGEL, S.; ERDEMOG˘LU, S.B. 2006. Determination of mineral and trace elements in some medicinal herbs and their infusions consumed in Turkey. Science of the Total Environment 359: 82–89.
KOURY, J. C.; DONANGELO, C. M. 2003. Zinco, estresse oxidativo e atividade física. Revista de Nutrição, 16: 433-441.
MACIEL, M. A.; PINTO A.C.; VEIGA JÚNIOR, V.F.; GRYNBERG, N. F.; ECHEVARRIA, A. 2002. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quimica Nova, 25: 429-438.
OLIVARES, M.; PIZARRO, F.; PABLO, S.; ARAYA, M.; UAUY, R. 2004. Iron, Zinc and Copper: Contents in Common Chilean Foods and Daily Intakes in Santiago, Chile. Nutriltion 20:205.