ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE SEQÜESTRADORA DE RADICAL LIVRE E TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS DE CLONES DE ESPÉCIES Spondias CULTIVADOS EM PACAJUS-CE

AUTORES: OLIVEIRA, M.S.C. (UECE) ; SILVA, A.R.A (UECE) ; MARQUES, M.M.M (UECE) ; QUEIROZ, V.A. (UECE) ; PEREIRA, C.M.C (UECE) ; SOUZA, F.X (EMBRAPA) ; OLIVEIRA, M.F (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; GUEDES, M.I.F (UECE)

RESUMO: O gênero Spondias pertencente à família Anacardiaceae apresenta várias espécies dentre elas, S.mombin e S.tuberosa. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o conteúdo de compostos fenólicos e a atividade antioxidante dos clones de cajá e umbu sendo comparados a padrões. As amostras I e IV do clone Cajá/umbu, amostra I do clone Cajá/cajá e amostra III do clone Umbu laranja/umbu foram os que apresentaram melhores resultados quando relacionadas com os padrões de BHT e ácido ascórbico, ação que esta pode estar relacionada à presença de fenóis, uma vez que as amostras apresentaram altos teores destes compostos. Dentre as diversas classes de substâncias de ocorrência natural os compostos fenólicos têm recebido muita atenção devido apresentarem forte atividade antioxidante.

PALAVRAS CHAVES: spondias-antioxidante-taninos

INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, a preocupação de proporcionar aos consumidores produtos de alta qualidade levou à adoção de medidas que permitem limitar o fenômeno de oxidação. Deste conjunto de ações, a adição de compostos antioxidantes é, sem dúvida, uma prática corrente, razão que justifica o atual interesse pela pesquisa de novos compostos com capacidade antioxidante (SILVA et al., 1999). Os compostos fenólicos funcionam como agentes antioxidantes agindo na proteção de células contra a oxidação, reduzindo os níveis de lipídios no plasma (RUSH et al., 2006). Esses benefícios vêm estimulando pesquisas na busca de novos compostos bioativos com capacidade antioxidante (LIM, LIM & TEC, 2007). De acordo com CORTHOUT et al. (1992) compostos fenólicos foram encontrados em espécies de Spondias como a cajazeira (Spondias mombin L.) e o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.), ambas pertencentes à família Anacardiaceae. As plantas são árvores frutíferas perene, de porte alto, lenhosa, de folhas caducas, tronco revestido por casca grossa e rugosa (SOUZA & BLEICHER, 2002). O presente trabalho tem como objetivo avaliar a atividade antioxidante e comparar ao conteúdo de compostos fenólicos dos clones de cajá e umbu e a padrões antioxidantes.

MATERIAL E MÉTODOS: Os extratos foram obtidos pelo método da percloração com metanol:água (80:20) por sete dias. Os solventes foram retirados, com auxílio de rota-evaporador. Os extratos foram submetidos a testes fitoquímicos (MATOS 1997). O teor de compostos fenólicos foi avaliado através do método de Folin–Ciocalteu utilizado por SOUSA et al (2007). Foi construída uma curva de calibração de ácido gálico diluído em metanol e após 120 minutos foram feitas leituras em 750nm e os resultados expressos em mg de EAG (equivalentes de ácido gálico) por grama de extrato. Para avaliação da atividade antioxidante dos extratos (YEPEZ et al., 2002) foi utilizado o método do DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil). Foram colocados 3,9mL de uma solução metanólica do radical (6,5x10-5M) com 0,1mL das amostras, nas concentrações de 10000, 5000, 1000, 500, 100, 50, 10 e 5 ppm. Após 60 minutos, a absorbância foi medida em 515nm e, em seguida foi calculado a EC50 (concentração eficiente), quantidade de antioxidante necessária para decrescer a concentração inicial de DPPH em 50%. Foram utilizados como padrão antioxidante o BHT e ácido ascórbico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da atividade antioxidante foram expressos em EC50 (mg/mL) e o teor de compostos fenólicos em mg de equivalente de ácido gálico por grama de extrato. As amostras foram feitas em triplicata e os resultados submetidos ao programa estatístico Origin 7.0. A análise fitoquímica constatou a presença de taninos condensados em todos os clones testados. De acordo com a tabela 1, as amostras I e IV do clone Cajá/umbu, amostra I do clone Cajá/cajá e amostra III do clone Umbu laranja/umbu apresentaram os maiores conteúdo de compostos fenólicos, bem como as melhores atividades antioxidantes, fato que sugere em parte que ação antioxidante está diretamente proporcional ao conteúdo fenólico. Porém a amostra III do clone Cajá/cajá apresentou uma atividade antioxidante melhor do que o composto sintético BHT, porém conteúdo fenólico não compatível com a ação. Mostrando assim que a planta produziu outros compostos com atividade antioxidante que não são fenólicos. A grande produção de compostos fenólicos nos clones pode está relacionada ao estágio da planta, tendo em vista que essas amostras de folhas quando coletadas estavam com frutos pequenos. Muitos compostos fenólicos são comumente identificados como ácidos fenólicos ou taninos condensados e esses constituintes são reportados na literatura por serem benéficos a saúde humana devido a suas propriedades antioxidantes e antiaterogênicas (ANDERSON et al., 2001; FUKUDA, ITO & YAOSHIDA, 2003), fato que corrobora os resultados obtidos neste estudo.
EAG= equivalente de ácido gálico
p<0,0001




CONCLUSÕES: Os clones das amostras I e IV de Cajá/umbu, amostra I de Cajá/cajá e amostra III de Umbu laranja/umbu apresentaram as melhores atividades antioxidantes quando comparados com BHT e ácido ascórbico, bem como os maiores conteúdos de compostos fenólicos. Estudos posteriores serão realizados a fim de isolar os possíveis compostos químicos responsáveis pela ação antioxidante.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao apoio financeiro concedidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDERSON, K.J.; TEUBER, S.S.; GOBEILLE, A.; CREMIN, P.; WATERHOUSE, A.L.; STEINBERG, F.M. 2001. Walnut polyphenolics inhibit in vitro human plasma and LDL oxidation. Journal of nutrition, 131: 2837-2842.

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