ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: QUANTIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS DE CARBONO DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS EM GRANJAS DE SUÍNOS: ESTUDO DE CASO DA GRANJA RIO PARAÍSO (Jataí – GO)

AUTORES: GARCES JUNIOR, W. B. (IFG) ; HAAG, J. (FH-TRIER) ; DOMINGUES, E. G. (IFG)

RESUMO: A fermentação anaeróbica de biomassa tem sido utilizada para a obtenção de biogás em diversos segmentos da cadeia produtiva, dentre os quais se destaca a suinocultura. Amparadas pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as granjas criadoras de suínos têm a oportunidade de reduzirem seus custos de produção, e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento sustentável. Ao implantarem projetos que visam a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, em conformidade com o MDL, as suinoculturas receberão os Certificados de Emissões Reduzidas (CERs) que podem ser comercializados, constituindo uma nova fonte de receita. Este artigo quantifica os créditos de carbono e a receita bruta proveniente da venda dos créditos de carbono.

PALAVRAS CHAVES: biogás; análise de viabilidade econômica; mdl

INTRODUÇÃO: Os biodigestores se apresentam como uma importante alternativa para o tratamento dos dejetos suínos. Além dos benefícios ambientais forma-se o biogás durante o processo de fermentação anaeróbia, o qual pode ser utilizado como combustível em diferentes atividades, como a geração de energia elétrica (LUCAS JUNIOR, 2006).
A análise de viabilidade econômica é feita empregando-se conceitos e critérios de engenharia econômica. O MDL permite que os países que não fazem parte do Anexo I ajudem os países do Anexo I a atingirem suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) (Manual do MDL, 2006). Em tal contexto, este projeto, que ainda se encontra em fase embrionária, tem por objetivo final analisar a viabilidade econômica da utilização do biogás produzido em granjas de suínos a partir de duas alternativas, a saber: queima no flare e geração de energia elétrica a partir de motores de combustão interna para a venda na concessionária de energia local. Neste artigo é apresentada somente a metodologia de quantificação dos créditos de carbono a partir da queima do metano pelo flare. Para isto é necessário calcular as emissões dos cenários de linha de base e do projeto. O próximo passo desta pesquisa é quantificar as emissões de projeto para a alternativa de geração de energia elétrica. Finalmente, obter-se-á os fluxos de caixa destas duas alternativas. Aplicando-se os conceitos e critérios de engenharia econômica, pode-se decidir qual é a melhor alternativa de investimento.


MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização da análise viabilidade econômica de projetos, é necessário a aplicação de conceitos e critérios de engenharia econômica, tais fluxo de caixa, taxa de desconto, VPL, TIR e Payback, entre outros. O fluxo de caixa de cada alternativa de investimento é obtido levando-se em consideração as taxas e tributos devidos, amortizações, depreciações dos equipamentos, entre outros, no decorrer do período de análise do investimento.
O IPCC – International Panel on Climate Changes tem disponibilizado metodologias para a quantificação de créditos de carbono que podem ser gerados em diversos segmentos produtivos. No presente estudo é utilizada a metodologia ACM0010, intitulada por Redução das emissões de GEE por meio de Sistemas de Gerenciamento de Dejetos. Por meio desta metodologia pode-se estimar os créditos de carbono a partir da obtenção dos cenários de emissão de linha de base e do projeto. Para o cenário de linha de base, esta metodologia adota a lagoa anaeróbia como opção de tratamento dos resíduos. Já para o cenário do projeto esta metodologia adota a queima do biogás produzido no flare ou no motor de combustão interna, sendo que as emissões são provenientes tanto do vazamento do biodigestor quanto da queima ineficiente do gás.
Além da receita advinda da venda dos créditos de carbono, outras entradas de caixas são também possíveis, tais como a venda de fertilizantes e venda de energia elétrica para a concessionária local.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para mostrar a aplicabilidade da metodologia apresentada, foi feito um estudo de caso na granja de suínos da fazenda Rio Paraíso, localizada no município de Jataí, GO. O plantel da granja é de cerca de 9280 animais, os quais são divididos em seis diferentes classes, a saber: leitões mamando, leitões na creche, cevados na recria, cevados na terminação, matrizes e cachaços.
Serão apresentados os resultados de simulação do potencial de créditos de carbono e do valor presente da receita bruta proveniente da venda dos créditos de carbono. O período de análise considerado foi de 10 anos, correspondente ao período de venda dos créditos de carbono. Foi considerando uma taxa de desconto igual a 9 % a.a.
O gráfico da figura abaixo mostra o resultado de simulação da linha de base e de emissões do projeto considerando a opção de queima no flare, para um período de 10 anos. Foi adotado um fator de eficiência de queima de 50% , por se tratar de um flare aberto (BARANCELLI, 2007).
A curva em vermelho mostra a distribuição das emissões de GEE em toneladas de CO2 equivalente para o cenário de linha de base. A quantidade de gases emitida por ano é 9.677 toneladas de dióxido de carbono equivalente. Tal quantia consiste em 76% de metano e 24% de óxido nitroso. Já a curva em azul mostra as emissões do projeto para o cenário de queima do gás pelo flare.
A tabela abaixo resume os cálculos das emissões da linha de base e de projeto, a receita bruta anual e o valor presente da receita bruta proveniente da venda de créditos de carbono.
As receitas provenientes da venda de créditos de carbono dependem das variações do mercado. Para o cálculo da receita bruta anual foi considerado o preço R$ 30 por tonelada de crédito de carbono.






CONCLUSÕES: Até o momento, foi realizada a quantificação das emissões de gases de efeito estufa apenas para o cenário de queima do metano no flare. O próximo passo deste projeto de pesquisa é quantificar as emissões para o cenário de produção de eletricidade a partir do uso de motores de combustão interna. Em seguida obter-se-ão as receitas brutas de venda da energia elétrica e biofertilizantes e os fluxos de caixa de cada uma das alternativas para que se possa fazer escolha da melhor alternativa de investimento.

AGRADECIMENTOS: Ao Professor Elder Geraldo Domingues, Orientador; Ao PIBIC/CNPq e IFGOIÁS; Ao pessoal da Fazenda Rio Paraíso, especialmente Sr. Waldir e Srta. Elisângela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARANCELLI, G. Estudo da Implantação de um Biodigestor para Produção de Biogás e Biofertilizante a Partir de Rejeitos da Suinocultura. Trabalho de Conclusão de Curso. UFRGS, 2007.
LUCAS JÚNIOR, J. ; SOUZA, C. F.; LOPES, J. D. S. Construção e operação de biodigestores: série energia alternativa. Viçosa-MG, CPT, 2006.
Manual do MDL para Desenvolvedores de Projetos e Formuladores de Políticas. Fundação do Centro Global para o Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente, Japão, 2006.