ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: INFLUÊNCIA DO SOLVENTE EXTRATOR NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DA Rollinia mucosa (Jacq.) Baill PELOS PARÂMETROS DE SNYDER

AUTORES: AFONSO,S. (UEL) ; SILVA,R.R. (UEL) ; SOUZA,E.B.R. (UEL) ; SCARMÍNIO,I.S. (UEL)

RESUMO: RESUMO: A Rollinia mucosa (Jacq.) Baill é utilizada no combate ao câncer. Para a extração dos metabólitos, a escolha do solvente foi baseada no triângulo de seletividade proposto por Snyder que apresenta valores de alfa(acidicidade), beta(basicidade) e pi(dipolaridade). Os resultados mostraram que os extratos com acetato de etila e acetona apresentam menor valor de acidicidade alfa. Os extratos com clorofórmio têm maior dipolaridade pi. Os extratos com acetona têm beta e pi altos. Os extratos com diclorometano têm menor beta. Os extratos com acetato de etila apresentaram valores de alfa baixo. Por meio dos métodos quimiométricos conclui-se que os parâmetros de seletividade de solvente são importantes na escolha dos solventes para extração de metabólitos secundários.

PALAVRAS CHAVES: rollinia mucosa (jacq.) baill, metabólitos secundários, parâmetros de snyder

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Há centenas de anos que as plantas e os extratos vegetais têm sido usados na produção de compostos fitoquímicos, que são muito utilizados na preparação de produtos farmacêuticos, agrícolas e cosméticos (SIMÕES et al., 2004). A Rollinia mucosa (Jacq.) Baill, conhecida como fruta-do-conde, pertence à família Annonaceae e é utilizada no combate às células do câncer (SHI et al, 1997). A análise metabolômica dessas plantas tem como objetivo analisar tantos metabólitos quanto possíveis em uma única análise. Estes metabólitos representam muitas classes de diferentes compostos incluindo aminoácidos, gorduras e ácidos orgânicos. Isto gera problemas na escolha do protocolo de extração, porque as condições de extração diferem muito para os diferentes tipos de compostos. A escolha dos reagentes envolve um compromisso entre maximizar a eficiência da reação e garantir o maior ou menor número de metabólitos dependendo do caso em estudo (NETO et al., 2007). A impressão digital cromatográfica tem mostrado ser o método mais conveniente e efetivo para assegurar à qualidade de materiais a base de plantas, especialmente quando existe falta de padrões autênticos para identificação dos componentes ativos. Um problema de grande importância na cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é a escolha da melhor fase móvel para uma dada amostra (HANAI, 1999). Uma alternativa para este problema é usar o esquema de polaridade proposto por Snyder (SNYDER et al., 1993). Este trabalho teve como objetivo investigar o efeito do solvente no processo de extração de metabólitos secundários das folhas da Rollinia mucosa (Jacq.) Baill utilizando os parâmetros de Snyder.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: A escolha do solvente foi baseada no triângulo de seletividade proposto por Snyder e apresenta valores de alfa(acidicidade), beta(basicidade) e pi(dipolaridade). Esses parâmetros são medidas relativas da força de interação molecular do soluto com solventes. A vantagem do esquema de Snyder é o agrupamento de solventes de acordo com o tipo de interação os quais eles fazem parte. Solventes quimicamente semelhantes que possuem parâmetros de seletividade similares fazem parte do mesmo grupo, embora possam apresentar diferentes valores de polaridade (POOLE; DIAS, 2000). O etanol tem valores de alfa e beta muito próximos e o valor de pi mais baixo entre os cincos solventes puros. O acetato de etila apresenta valores próximos para pi e beta e alfa igual a 0. A acetona pertence ao mesmo grupo do acetato de etila. O diclorometano possui o maior valor de pi. Já o clorofórmio tem maior valor de alfa em relação ao diclorometano. Os extratos brutos foram preparados pesando-se 20,00 g de folhas secas e extraídas com 70 mL dos solventes etanol, acetato de etila, diclorometano, acetona e clorofórmio. O excesso de solvente foi evaporado em um evaporador rotatório a temperatura de 70°C. Os extratos puros foram fracionados em um fracionamento líquido-líquido de acordo com DI STASI (1996). Desse fracionamento obteve-se a fração básica, a fração polar, a fração de polaridade intermediária e a fração neutra. A fração básica é a que contém maior quantidade de alcalóides, a fração polar contém alcalóides quaternários e N-óxidos, a fração de polaridade intermediária contém terpenóides e compostos fenólicos e a fração neutra contém gorduras e graxas. A fração de polaridade intermediária e a fração básica foram analisadas por CLAE e métodos quimiométricos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 e Figura 1 mostram que no grupo I predomina os solventes extratores acetato de etila e acetona, que resulta em misturas com uma baixa acidicidade alfa, preferencialmente para a amostra 24, composta por acetato de etila-diclorometano-acetona. E o grupo III predomina em todos os extratos a acetona como solvente extrator puro ou em misturas. Estes grupos vão apresentar valores relativamente altos de pi e beta e baixos valores de alfa. Logo irão interagir melhor com substâncias de caráter mais ácido. O grupo II possui a maior parte das amostras com misturas ternárias, e na maioria dessas misturas há como um dos solventes extratores o clorofórmio. Este grupo encontra-se com valores variados de alfa, beta e pi, sendo os maiores valores para pi. O grupo IV predomina o diclorometano puro ou em misturas, ele está presente em mais de 77% das composições. Estas amostras apresentam os maiores valores de pi, e baixos valores de beta. Portanto, este grupo irá extrair compostos quimicamente semelhantes, como éteres, ésteres, sulfetos, sulfóxidos, tióis, hidroxilas, halogênios, aldeídos, cetonas, compostos com ligação nitro (-NO2) e nitrila (-CN), entre outros. O grupo V composto pelas misturas acetato de etila-diclorometano-clorofórmio, aceteto de etila-clorofórmio e etanol-diclorometano apresenta altos valores de pi e alfa e baixos de beta, isso faz com que estes solventes extraiam preferencialmente compostos de caráter mais básico. Já o grupo VI, que possui como solvente extrator o acetato de etila em torno de 60% nas misturas ou puro, apresenta valores altos de beta e pi e baixos de alfa, sendo fortes receptores de prótons e interagindo melhor com compostos que são fortes doadores, tais como ácidos carboxílicos, álcoois, fenóis, entre outros.





CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que os extratos com acetato de etila e acetona (grupo I) têm menor alfa. Os extratos com clorofórmio (grupo II) têm maior pi. Os extratos com acetona (grupo III) têm beta e pi altos. Os extratos com diclorometano (grupo IV) têm menor beta. O grupo V apresentou altos valores de pi e alfa. Os extratos com acetato de etila (grupo VI), têm alfa baixo. E através dos métodos quimiométricos conclui-se que os parâmetros de seletividade de solvente (parâmetros de Snyder) são importantes na escolha dos solventes para extração de metabólitos secundários.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq e a Fundação Araucária pelo auxílio financeiro e a CAPES e a CNPq pelas bolsas concedidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DI STASI, L. C. 1996. Plantas medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: Editora Unesp.
HANAI, T. 1999. HPLC a pratical guide. Royal Society of Chemistry.
NETO, B. B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. 2007. Como fazer experimentos: Pesquisa e desenvolvimento na ciência e indústria. 3ª ed. Campinas: Editora Unicamp.
POOLE, C. F.; DIAS, N. C. 2000. Practitioner’s guide to method development in thin-layer chromatography. Journal of Chromatography A, 892: 123-142.
SHI, G.; MACDOUGA, J. M. L; MCLAUGHLIN, J. L. 1997. Bioactive annonaceous acetogenins from Rollinia mucosa. Phytochemistry, 45: 719-723.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. 2004. Farmacognosia da planta ao medicamento. 5ª ed. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS/UFSC, p. 1090.
SNYDER, L. R.; CARR, P. W.; RUTAN, S.C. 1993. Solvatochromically based solvent-selectivity triangle. Journal of Chromatography A, 656: 537-547.