ÁREA: Ambiental

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE METAIS POLUENTES EM PEIXES, SEDIMENTOS E ÁGUA NA BACIA DO RIO ARAGUAIA EM GOIÁS

AUTORES: SOUZA NETO, G.P (UCG) ; LOPES, D.V (UCG) ; SILVA, R.L (UCG) ; ROCHA, C (UCG) ; TEJERINA-GARRO, F.L. (UCG) ; ZARA, L.F. (UNB)

RESUMO: O objetivo deste estudo foi determinar metais poluentes (Cd, Zn, Cr e Cu) em peixes, sedimentos e água em três cursos d’água da Bacia do rio Araguaia - GO. As amostras de peixes e sedimentos foram submetidas a digestão ácida antes da determinação dos metais por ICP-AES. Nas amostras de água o Cr encontra-se abaixo dos limites do Conama para águas doce classe 1, Cu e Zn estão acima destes limites. Nas amostras de sedimentos o Cd encontra-se acima dos valores de prevenção da Cetesb. Nos peixes Cu está dentro dos limites aceitáveis pela FAO/WHO e o Zn encontra-se acima destes limites. Conclui-se que a água destes cursos estão contaminadas com Cu e Zn, para o sedimento a maior preocupação é o Cd. Os peixes estão contaminados com Zn.

PALAVRAS CHAVES: metais poluentes, peixes, sedimentos

INTRODUÇÃO: Metais poluentes são elementos químicos que ocorrem nos ecossistemas em baixos teores que variam em ordem de grandeza, de ppm (partes por milhão) a ppb (partes por bilhão). Diferentes atividades antrópicas, como o desenvolvimento industrial, a atividade agrícola e a expansão urbana, elevaram as concentrações destes elementos no ambiente, particularmente nos ambientes aquáticos (Esteves, 1998).
Nos ambientes aquáticos, mais de 90% da carga de metais está associada ao material particulado em suspensão e ao sedimento (Zheng et al. 2008). A preocupação associada aos químicos presentes no sedimento decorre do fato de muitas espécies da cadeia trófica passarem a maior parte de seu ciclo de vida no sedimento. Surge assim, uma rota para que esses compostos possam ser consumidos por animais “superiores”, incluindo aves e o próprio homem (Adams et al. 1992).
Diversos trabalhos científicos investigaram as concentrações de metais em sedimento e biota de ambientes estuarinos e nas zonas costeiras (Joyeux et al. 2004, Lacerda & Molisani 2006, Seixas et al. 2007, Hortellani et al. 2008). Entretanto, poucos são os estudos realizados no alto curso de rios, especialmente no Centro-Oeste do Brasil.
Desta forma, este trabalho objetivou verificar a contaminação de peixes, sedimentos e água por metais poluentes (As, Cd, Pb, Zn, Cr, Cu e Hg) coletados em cursos d’água da Bacia de drenagem do rio Araguaia, no estado de Goiás.


MATERIAL E MÉTODOS: Foram amostrados, córrego Vardu, córrego Dorinha e rio do Peixe, durante a estação seca de 2007, pois nestas condições as concentrações de contaminantes são mais elevadas, devido a da diminuição do volume dos corpos d’água (Vliet & Zwolsman 2008).
As amosras de água e sedimentos foram coletadas ate 5cm de profundidade em dois pontos (inicial e final), em trechos de 50m (córregos Vardú e Dorinha) ou 1000m (rio do Peixe).
As amostras de sedimento foram coletadas com auxílio de tubo plástico ou com draga do tipo Eckman, armazenadas em sacos plásticos, identificadas e levadas ao laboratório onde foram secas em estufa à 60ºC por 48 horas, maceradas, homogeneizadas em almofariz de porcelana e peneiradas em malha de 2mm.
Os peixes foram coletados com o emprego de rede de arrasto e acondicionados em sacos plásticos, congelados e levados ao laboratório onde foram liofilizados.
Amostras de sedimentos e de peixes foram submetidas à digestão ácida oxidativa segundo metodologia da Agência Ambiental Americana (USEPA- 3050 1995), para posterior determinação de metais. Cada amostra foi analisada em triplicata.
A água foi coletada em garrafa plástica, contendo ácido clorídrico (APHA, 2001).
As amostras de água, peixes e sedimentos foram analisadas para determinações dos teores de As, Cd, Cr, Cu, Hg, Pb e Zn por espectrometria de emissão atômica complasma indutivamente acoplado (ICP-AES).
Os resultados obtidos passaram por análise estatística para teste das médias entre grupos. Para tanto, foram empregados dois testes não- paramétricos para análise dos dados, a análise de Mann-Whitney e a de Kruskal-Wallis, com 95% de confiança (p =0,05). Os valores foram obtidos através do Programa Statistica v.7.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os teores dos metais poluentes na água, peixes e sedimentos dos córregos Vardu e Dorinha e no Rio do Peixe estão indicados na Tabela 1.
Os teores de Cr nos cursos d’água estão dentro e o Cu acima dos limites do Conama para águas doces classe 1.
Ao se comparar com os valores referência da Cetesb, o sedimento do ponto Dorinha final, apresentou teores de Zn e Cu acima da referência. As concentrações de Cr no córrego Vardu e rio do Peixe ficaram abaixo do valor da Cetesb. O teor de Cd em todos os sedimentos encontra-se acima dos propostos pela Cetesb.
Os peixes coletados no Córrego Vardu são do gênero Astyanax (1A) e Aspidoras ( 1B), respectivamente omnívoro e iliófago. No Córrego Dorinha foi coletado apenas um peixe do gênero Astyanax (2). No Rio do Peixe, foram coletados dois peixes: Prochilodus nigricans e Serrasalmus rhombeus (3), respectivamente iliófago e carnívoro. (Fish Base 2008).
A legislação brasileira para alimentos não regulamenta níveis máximos para os metais detectados neste estudo. As concentrações de Cu encontram dentro dos limites aceitáveis e as de Zn acima dos limites estabelecidos pela FAO/WHO e EPA/USA apud Virga et al. (2007).
Análise de Mann – Whitney para comparar os teores de metais em peixes com hábitos alimentares distintos foi realizada no córrego Vardu e no rio do Peixe e mostraram diferença significativa para o Zn no córrego Vardu (p=0,04), provavelmente devido sua alta concentração no sedimento.
Análises de Kruskal-Wallis para comparação das médias dos teores de metais em peixe nos três cursos d’água mostram diferenças significantes apenas para Zn, o que pode ser resultado das diferentes capacidades de diluição, o rio do Peixe por ser um curso d’água com maior vazão, dilui os metais mais facilmente que os córregos Dorinha e Vardu.




CONCLUSÕES: Pelas características de contaminação apresentadas pelos sedimentos e peixes, afirmar-se que a região da Bacia do Rio Araguaia necessita de monitoramento e gestão de atividades potencialmente poluidoras, como a pecuária e a agricultura para minimizar o efeito de metais poluentes sobre o ambiente aquático. Evidencia-se a necessidade de estudos sobre a presença de metais poluentes na bacia do rio Araguaia a fim de determinar níveis naturais e antrópicos destes contaminantes no ambiente.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro para realização desta pesquisa e a Universidade Católica de Goiás - UCG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Adams, W. J., R. A. Kimerle & J. W. Barnett Jr. 1992. Sediment quality and aquatic life assessment. Environmental Science & Technology, 26 (10) :1864 -1875. APHA. 2001. American Public Health Association. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.
Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de Limnologia. Interciência/FINEP. 575 p.
Fish Base. 2008. Global Information System on Fish. Disponível em: http://www.fishbase.org.
Joyeux, J. C., E. A. C. Filho & H. C. Jesus. 2004. Trace metal contamination in estuarine fishes from Vitoria Bay, ES, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,47 (5): 765-774.
US/EPA. .1995. United States Environmental Protection Agency. Method 3050B.SW-846. Test Methods for Evaluating solid easte physical/chemical methods. 3rd. Ed.
Vliet, M.T.H. & J.J.G. Zwolsman. 2008. Impact of Summer droughts on the water quality of the Meuse river. Journal of hidrology,353:1-17.
Zheng, N., Q. Wang, Z. Liang & D.Zheng. 2008. Characterization of hezy metal concentrations in the sediments of three freshwater rivers in Huludao City, Northeast China. Environmental Pollution, 154: 135-142.