ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO DA EMISSÃO VEICULAR DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) SOBRE VEÍCULOS AUTOMOTIVOS MOVIDOS A DIESEL

AUTORES: MELO JÚNIOR, A. S (IPEN) ; DOMINGUES L. G (IPEN) ; AGOURAKIS, D. C. (IPEN) ; ALVIM, D. S (IPEN) ; GATTI, L. V. (IPEN) ; GENARO, A.C. (IPEN) ; CORREA, S. M. (UERJ) ; DAmelio, M. T. S. (IPEN)

RESUMO: O estudo da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera é de fundamental importância devido as mudanças climáticas globais e suas consequência para os ecossistemas. Estudos envolvendo a emissão veicular são de grande importância devido ao seu papel na emissão de GEE. O intuito da pesquisa foi determinar a emissão dos principais GEE (CO2, CH4 e N2O) na frota a diesel. Por tal, foram estudados 3 veículos utilitários movido à Diesel em ensaio de emissão no dinamômetro do LACTEC em Curitiba. Foram ensaiados veículos fabricados em 2003,2007 e 2008.

PALAVRAS CHAVES: emissão veicular, gases de efeito estufa, fator de emissão

INTRODUÇÃO: A intervenção humana no ciclo de carbono global vem ocorrendo a milhares de anos. Entretanto somente nos dois últimos séculos, o fluxo antropogênico de carbono atingiu uma magnitude comparável com o fluxo global natural do carbono, e somente nos últimos anos do século vinte é que a humanidade começou a reconhecer as consequências adversas de sua interferência e começou a responder coletivamente.
Esta interferência está sendo sentida no aquecimento global e suas consequências climáticas, fenômeno conhecido como efeito estufa. Efeitos positivos e negativos podem estar associados com o aumento da temperatura global média. Ainda não há segurança nos efeitos que este fenômeno pode causar e tampouco é possível fazer previsões muito precisas para regiões específicas antes de fatos concretos acontecerem devido às incertezas que ainda existem nos inventários, na previsão da reação da natureza a estas mudanças, etc. No entanto, modelos, prevêem um aumento global na temperatura nas próximas décadas, dependendo de alguns cenários assumidos como possíveis.
O termo efeito estufa deve-se à existência de gases na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), que têm a propriedade de absorver energia na forma de calor, que é emitida pela crosta terrestre e o redirecionam de volta à atmosfera, impedindo que a radiação da superfície regresse ao espaço, mantendo assim a troposfera aquecida, fazendo com que a temperatura média global aumente.
A queima de combustível fóssil é uma fonte importante de emissão de GEE. Ainda não existe legislação nem fatores de emissão para o CH4, N2O nem os NMVOC (compostos orgânicos voláteis não metano) no Brasil. O objetivo deste trabalho é calcular os Fatores de emissão dos principais GEE: CO2, CH4, N2O.


MATERIAL E MÉTODOS: Para avaliar a emissão veicular foram realizados estudos no Laboratório de Emissão Veicular do LACTEC/LEME (Laboratório de Emissões Veiculares) em Curitiba.
O ensaio foi realizado com três veículos tipo utilitário (caminhonete) movidos a diesel. O ensaio conforme NBR 6601 é composto por três fases:
Primeira Fase ou Fase Fria – inclui a partida com motor frio, tem duração de 505s e um percurso de 5,7 km;
Segunda Fase ou Fase estabilizada – duração de 866 segundos e um percurso de 6,2 km;
Entre a segunda e a terceira fases há um tempo de 10 minutos, quando o veículo em teste fica parado com o motor desligado. Não há amostragem de gás nesse período;
Terceira Fase ou Fase quente – inclui uma partida com motor aquecido e é similar à primeira fase.
Foram coletados 4 canisters de aço inoxidável eletro polido internamente de 6 litros de volume. As amostras foram referentes a FASE 1, FASE 2, FASE 3 e uma do ar diluente.
A figura 1 mostra o organograma de funcionamento do sistema para ensaios veiculares.
No LACTEC/LEME foram medidos os gases CO2 e CH4 e no Laboratório do IPEN foram medidos os gases CH4 e N2O.
O N2O foi determinado utilizando um cromatógrafo gasoso com detector de captura eletrônica. A separação de compostos contaminantes é realizada com a utilização de pré-coluna e coluna de Hysep. Os desvio padrões são de 2.6ppb e 0.33ppb para as medidas de CH4 e N2O respectivamente.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: A determinação dos Fatores de emissão veicular dos GEE foi feita com a aplicação das equações 1 e 2
EG = Ved. Dgás. [Hce – Hcd . (1 – 1/RD)] /1000 (1)
Onde:
EG = Emissão do gás (g/fase);
Ved = Volume amostrado;
dgás = densidade do gás;
Hce = concentração no balão (ppm);
Hcd = concentração no ar e
RD = Razão de diluição.

Os dados de EG são transformados para unidade g.km-1, utilizando o percurso de teste percorrido por cada veículo em cada respectiva fase.
Finalmente, os dados são agrupados para uma única fase por uma média ponderada, conforme a equação 2 mostra.

g/km = 0,43 . [(fase 1 + fase 2)/kmrodado1 + kmrodado2)] + 0,57. [(fase 2 + fase 3)/kmrodado2 + kmrodado3)] ( 2)

Onde:
Kmrodado1, Kmrodado2 e Kmrodado3 = quilometragem rodada do veículo em cada fase.

Utilizando a equação 2 nos dados levantados na Cetesb e no LQA permitiram o agrupamento das concentrações de GEE numa única fase. Sendo verificado na tabela 1.
Tabela 1 – Concentrações de GEE medidos pelo LACTEC/LEME e pelo IPEN/LQA.

Os veículos de 2008 e 2007 mostraram uma emissão similar para CO2 enquanto que o veiculo de 2003 apresenta uma emissão superior. No caso do metano os resultados apresentam uma situação inversa, com o veiculo mais antigo emitindo menos. Na comparação dos resultados do LACTEC e IPEN, observa-se uma boa concordância, apesar das medidas terem uma grande diferença de sensibilidade. Os resultados de N2O são de grande importância pela falta de informação de estudos para este gás. Observa-se que a emissão não se altera com o desgaste

CONCLUSÕES: Este resultado de emissão de gás em grama por quilometro rodado possibilita uma extrapolação para frotas maiores, podendo ser uma importante ferramenta em trabalhos de inventario de emissão veicular. A determinação de N2O mostrou uma estabilidade de emissão, apesar do desgaste do veiculo.
Considerando que o CH4 tem um potencial de aquecimento global (PAG) 21 maior que o CO2, e que o N2O tem um PAG 310 vezes maior, ainda assim o CO2 representa 99.4% da contribuição para o aquecimento global.


AGRADECIMENTOS: A ELEKTRO pelo financiamento deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CETESB. Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo 2006, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2007b.

ABNT. Veículos rodoviários automotores leves – Determinação de hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, dióxido de carbono e material paticulado no gás de escapamento. NBR 6601. 44pg. 2005.