ÁREA: Ambiental

TÍTULO: TRATAMENTO DE ÁGUA ALTERNATIVO UTILIZANDO SEMENTE DE MORINGA OLEIFERA LAM COMO CLARIFICANTE NATURAL DE ÁGUAS DO RIO NEGRO-AM

AUTORES: SARGENTINI, E. C. P. (UEA) ; RODRIGUES, E. S. (INPA) ; SARGENTINI JUNIOR, É. (INPA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo o estudo da viabilidade do uso de Moringa oleífera Lam como auxiliar de Coagulação/floculação de águas coletada no Rio Negro – AM. Estudos da quantidade de coagulante natural com as variáveis de tempo de decantação foram estudados, observando as determinações de Turbidez e Cor de acordo com os limites aceitáveis pela resolução CONAMA. As concentrações de 0,8 g de Moringa por litro de água do Rio Negro a partir de 6 horas, apresentaram valores de condutividade, pH, condutividade e cor, de acordo com a exigência do órgão fiscalizador. A Moringa olifera apresenta potencial de coagulante natural em águas escuras do Rio Negro.

PALAVRAS CHAVES: rio negro, coagulante natural, moringa oleífera lam

INTRODUÇÃO: Nos municípios situados na região do Alto Rio Negro (AM), a principal fonte de abastecimento de água dos moradores é o Rio Negro e seus tributários1. Devido à dificuldade de acesso, as populações ribeirinhas não têm a água tratada, e segundo o IBGE a quantidade de água tratada disponível a estas populações é limitada e a maior parte da água tratada recebe somente tratamento primário2. Moradores dessas comunidades enfrentam dificuldades em relação à coloração da água usada para consumo diário, em geral é altamente túrbida, contendo material sólido em suspensão, bactérias e outros microrganismos. Sendo necessária a remoção da maior quantidade possível desses materiais antes de usá-la para consumo, normalmente, isso é obtido pela adição de coagulantes químicos, como o sulfato de alumínio, que às vezes não estão disponíveis a um preço razoável para essas populações. De acordo com o Ministério da Saúde3, toda água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade. Dessa forma, diversos coagulantes/floculantes estão sendo utilizados, para remoção de cor e turbidez da água bruta de forma a torná-la potável. Das espécies de plantas testadas como coagulantes naturais para diminuir a cor e turbidez de águas in naturas, a espécie Moringa oleífera Lam quando usada como coagulante natural, na clarificação da água, para diminuir sua cor e turbidez têm apresentado bons resultados4,5. Baseado no exposto e nas poucas informações sobre este tema, o objetivo deste trabalho propõe a utilização da semente de Moringa, para verificar a eficiência de remoção da cor e turbidez de águas e fornecer subsídios para o uso desse tratamento em comunidades rurais que utilizam o Rio Negro como fonte de água para uso doméstico.

MATERIAL E MÉTODOS: O sítio de amostragem fica à margem esquerda do Rio Negro-AM, entre as confluências dos Rios Tarumã Mirim e Tarumã Açu, a cerca de 20 km a oeste da cidade de Manaus-AM. A parte experimental dessa pesquisa foi realizada, no laboratório de Química Analítica Ambiental/INPA, onde foram feitos os ensaios de coagulação/floculação e determinação dos parâmetros necessários para se avaliar a eficiência das sementes de Moringa oleífera Lam como coagulante natural para ser utilizado na clarificação da água do Rio Negro - AM.
Para os ensaios de coagulação/floculação, foi preparada a solução de coagulante natural de sementes de Moringa, obtida pela dissolução de 10 g da semente e triturado no liquidificador em 1 litro de água destilada. Em seis copos (reator) do Jart Test, foram adicionados 1 litro de água do Rio Negro que foi previamente analisado os parâmetros de pH, condutividade, cor e turbidez, e posteriormente 20, 40, 70, 100, 130 e 150 mL da solução do coagulante natural a ser estudada. Depois deste procedimento, ligou-se o Jar Test, numa velocidade máxima de 120 rotações por minuto (rpm), durante 2 minutos, para propiciar uma mistura rápida, em seguida diminui-se a velocidade para 30 rpm, por cerca de 15 minutos, com o objetivo de consolidar a coagulação/floculação. Os ensaios dos reatores ficaram em repouso. Retirou-se uma alíquota de 100 mL de cada reator para análise dos parâmetros escolhidos com 2 horas de sedimentação e repetiu-se o procedimento com até 12 horas de decantação ou sedimentação, respeitando o intervalo 2 horas entre as análises.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A ocorrência dos fenômenos coagulação/floculação química e a decantação ou sedimentação propiciam a clarificação, que é definida como o processo de remoção de cor e turbidez de águas naturais DI BERNARDO E DANTAS, (2006). Os experimentos com as sementes de Moringa Oleífera como coagulante natural, geraram os resultados das análises de condutividade, cor e turbidez, da água visualizados nas Figuras 1 e 2. Na Figura 1, visualiza-se que com a concentração de 0,1 g de Moringa não ultrapassou o limite aceitável de 40 UNT de turbidez da água. Para as demais concentrações houve um acréscimo da Turbidez proporcinal a concentração de moringa adicionada. Com o aumento do tempo de floculação e decantação, os valores de turbidez tendem a ficar dentro do limite aceitável. Com a adição de 0,2 de Moringa, formou um material em suspensão (solução coloidal) com alta turbidez. Com as demais concentrações o tempo de decantação para ficar dentro do limite dentro aceitável dos padrões de turbidez é proporcional a quantidade de Moringa adiconada. A cor é um parâmetro determinado por comparação visual da amostra com solução padrão de platina-cobalto de concentração conhecida, sendo o resultado fornecido em unidades de cor (Pt/L). Os resultados dos testes de cor realizados com solução floculante da semente de Moringa (Figura 2), mostra que com adição acima de 0,4 g por Litro, após 6 horas de decantação, os níveis de cor ficaram dentro dos limites aceitáveis de acordo com a resolução descrita pela CONAMA.





CONCLUSÕES: Nos experimentos preliminares de clarificação de água realizados, mostraram que para concentrações de 0,8 g do polieletrólito natural de Moringa por litro de água do Rio Negro a partir de 6 horas, apresentaram valores de condutividade, pH, condutividade e cor, de acordo com a exigência do órgão fiscalizador.
A Moringa Oleífera Lam apresenta potencial de coagulante natural em águas escuras do Rio Negro, lembrando que Para a potabilidade há necessidade de maiores estudos.


AGRADECIMENTOS: FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas
UEA - Universidade do Estado do Amazonas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. SARGENTINI Jr, É.; ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; ZARA, L. F. Substâncias húmicas aquáticas: fracionamento molecular e caracterização de Rearranjos internos após complexação com íons metálicos. Quim. Nova, Vol. 24, No. 3, 339-344, 2001.

2. PATERNIANI, J. E. S.; ROSTON. D. M. Tecnologias para tratamento e reuso da água no meio rural. Água, Agricultura e Meio Ambiente no Estado de São Paulo Avanços e Desafios. Embrapa Meio Ambiente. Jaguariúna, 2003.

3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 2004.

4. DI BERNARDO, Luis. Métodos e técnicas de tratamento de água. Volume I, 2. ed. ABES, São Carlos: RiMa, 1993.

5. BORBA, L.R. Viabilidade do uso da Moringa oleifera Lam no tratamento simplificado de água para pequenas comunidades. 2001. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente)–Universidade Federal da Paraíba.

6. DI BERNARDO, Luiz; DANTAS, Ângela Di Bernardo. Métodos e técnicas de tratamento de água. Eng Sanit. Ambient., Rio de Janeiro, v. 11, n.2, June 2006 disponível:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413 -acesso em: 06 May 2009. doi: 10.1590/S1413-41522006000200001.

7. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 (DOU 18.03.2005). Capitulo - III. Padrões Nacionais de qualidade da Água, disponívelhttp://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Resolu%A3o_CONAMA_357-Cap%C3%ADtulo_III, acesso em: 02/02/2009.