ÁREA: Ambiental

TÍTULO: TEORES DE ÂNIONS EM ÁGUA DE CHUVA NA REGIÃO DE CUIABÁ – MT: REFLEXO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA.

AUTORES: MAGALHÂES, M.R.L. (UFMT) ; SILVA, E.C. ( UFMT) ; MARQUES, R. (USP) ; MAGALHÃES, A. (UFMT) ; GUEDES, S.F. (UFMT) ; SILVA, A.S. (UFMT)

RESUMO: A composição química das chuvas tem sido objeto de estudo para avaliar impactos ambientais causados pela poluição atmosférica. Pretendeu-se neste estudo determinar através da técnica de cromatografia iônica, teores de ânions em águas de chuva de Cuiabá (Fluoreto, Cloreto, Fosfato, Nitrato, Sulfato), coletadas entre novembro de 2007 a abril de 2008, incluindo dados físico-químicos (pH e condutividade elétrica). Foram analisadas 39 amostras num volume de chuvas coletadas de 974,2 mm. Os resultados de pH variaram entre 5,51 e 6,78 e de condutividade entre 3,27 a 28,0 uS/cm. Com relação aos ânions, fluoreto variou de 3,89 ug/L a 52,13 ug/L; cloreto de 16,29 ug/L a 15262,39 ug/L; Nitrato de 35,32 ug/L a 898,15 ug/L; Fosfato de 50,42 ug/L a 135,39 ug/L; e Sulfato de 51,58 ug/L a 553,34 ug/L.

PALAVRAS CHAVES: ph, água de chuva, ânions.

INTRODUÇÃO: A química da precipitação tem sido um objeto de estudo bastante abordado, visando tanto avaliar impactos ambientais, quanto preocupação com a saúde coletiva. Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, sofre principalmente com os poluentes gerados na queimadas e com atividades agroindustriais situadas aos arredores. O objetivo do presente trabalho foi determinar através da técnica de cromatografia iônica, teores de fluoreto, cloreto, fosfato, nitrato e sulfato em águas de chuva de Cuiabá, coletadas no período de novembro de 2007 a abril de 2008, além de obter dados físico-químicos (pH e condutividade elétrica). Durante os meses estudados, o satélite MODIS MD registrou 716 focos de queimadas em Mato Grosso, segundo o banco de dados de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O pH natural da água de chuva é em torno de 5,6 (GOLDEMBERG E VILLANUEVA, 2003), devido a existência de ácido carbônico, que é um ácido fraco. As queimadas podem influenciar na acidez da chuva, modificando o pH conforme os poluentes presentes.
Como o sítio urbano de Cuiabá está assentado em uma topografia suave, com a ocorrência de extensos chapadões a sua borda, verifica-se que estes fatores contribuem para que haja uma fraca ventilação, inferior a 2 m/s. Isto pode dificultar a dispersão dos poluentes, aumentando a concentração dos mesmos sobre a cidade.(MARQUES,2006)


MATERIAL E MÉTODOS: Um amostrador foi instalado na estação metereológica Mestre Bombled (localizada na UFMT), em área aberta, livre de interferentes e lavado diariamente com água ultra pura. Na ocorrência de precipitações, amostravam-se as águas de chuva em 2 frascos de polietileno (previamente esterilizados), sendo um para realização de medidas de pH e condutividade e o outro, para análise de ânions. No período estudado (novembro de 2007 à abril de 2008), obteve-se um total de 39 amostras, e um volume de precipitação de 974,2 mm. As medidas de pH e condutividade eram realizadas no momento da coleta, utilizando um pHmetro (verificado com soluções tampão pH 4,00 e 7,00) e um condutivímetro (verificado com solução tampão 146,7 uS/cm) respectivamente. Antes da medida de pH da amostra,realizava-se a leitura de pH de uma solução de ácido clorídrico (HCl) a uma concentração de 2x10-4 mol/L, minimizando possíveis erros na obtenção de valores de pH para água de chuva, segundo um estudo nos EUA (HARRIS,2001). As amostras de chuva foram armazenadas em freezer e antes da análise no cromatógrafo de ânions, foram filtradas com membrana filtrante 0,22 um. O cromatógrafo iônico teve como eluente carbonato e bicarbonato 8 e 1 mmol/L, e solução regenerante de ácido sulfuríco 50 mN/L. As curvas de calibração foram construídas com soluções diluídas de padrão de ânions a 1000 ug/L.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados de pH variaram entre 5,51 e 6,78, dos quais 2,4% ficaram abaixo de 5,6, 29,3% se encontravam na faixa de 5,6 a 6,0 e 68,3% ficaram acima de 6,01. Verificou-se nesses resultados que a água de chuva no período se classifica como neutra, visto que o pH natural da água de chuva é em torno de 5,6. Quanto à condutividade elétrica, observou-se uma variação entre 3,27 e 28,0 uS/cm. Com relação aos ânions, das 39 amostras analisadas, foram encontradas fluoreto em 15 amostras, com uma variação que se estende de 3,89 ug/L a 52,13 ug/L; Cloreto em 38 amostras, com variação entre 16,29 ug/L e 15262,39 ug/L; Fosfato em apenas 4 amostras, variando entre 50,42 ug/L e 135,39 ug/L; Nitrato em 32 amostras, com variação de 35,32 ug/L a 898,15 ug/L; e Sulfato em 30 amostras, com valores entre 51,58 ug/L a 553,34 ug/L. As maiores concentrações de ânions encontradas correspondem aos meses de novembro de dezembro de 2007. Tal fato pode estar relacionado ao maior número de queimadas neste período, onde somente no mês de novembro o satélite MODIS MD detectou 555 focos de queimadas, segundo o banco de dados de queimadas do INPE. Um estudo mais aprofundado necessita ser realizado para investigar a correlação das queimadas com a composição química das águas de Cuiabá-MT.





CONCLUSÕES: As análises de pH indicam que a água de chuva de Cuiabá, no período de novembro de 2007 a abril de 2008, não apresentou característica ácida, visto que a média ponderada para os valores de pH foi de 5,95.
Águas de chuvas não possuem padrões de qualidade especifícas. Através das análises das espécies estudadas, observou-se que a água de chuva de Cuiabá está de acordo com os padrões da Resolução CONAMA nº 357/2005, podendo ser considerada como água doce classe I.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao CNPq e IPEM pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. In: MMA. Livro das Resoluções do CONAMA. Brasília, 2005. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano. Acesso em: 01 jun.2009.

GOLDEMBERG, J.;VILLANUEVA, L.D. Energia, Meio ambiente e Desenvolvimento. Tradução de André Koch. 2 ed. São Paulo: Edusp, 2001, p.74-95.

HARRIS, Daniel C. (2001). Análise Química Quantitativa. Tradução de Carlos Alberto da Silva Riehl e Alcides Wagner Serpa Guarino. 5.ed. Rio de Janeiro:LTC, 2001.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE. Dados de focos de queimadas em Cuiabá-MT. Disponível em http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas. Acesso em 03 jun.2009.

MARQUES, Rodrigo. A poluição atmosférica em Cuiabá-MT: a água de chuva, deposição seca e o material particulado inalável. Cuiabá, 2006, 113p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Pós-Graduação em Geografia, 2006.