ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E A FORMAÇÃO DE LICENCIANDOS EM QUÍMICA

AUTORES: VIDIGAL, A. E. C. (UFV) ; RUBINGER, M. M. M. (UFV) ; CARNEIRO, A. P. S. (UFV)

RESUMO: O projeto de extensão Química em Ação complementa a formação de licenciandos em Química, com práticas didático-pedagógicas diferenciadas e contínuas. A participação dos estudantes conta como parte da carga horária da disciplina Estudos Independentes. Os licenciandos lecionam para 1 turma fixa de alunos na UFV (Espaço Ciência em Ação) durante o ano letivo, preparam aulas, testam e realizam experimentos, constroem e utilizam jogos educativos e avaliam a aprendizagem dos alunos. Outro objetivo é a melhora da aprendizagem e o despertar do interesse dos alunos pela Química no EM. Em 2008 estagiaram no projeto 17 licenciandos e foram atendidos 100 alunos de escolas estaduais, cujas notas foram cerca de 20% superiores às dos colegas não participantes. Não houve reprovações entre os participantes.

PALAVRAS CHAVES: licenciatura; extensão universitária; melhoria da aprendizagem

INTRODUÇÃO: A Química no Ensino Médio (EM) é vista por muitos como algo complicado, fora da realidade cotidiana e de difícil compreensão. Muitas vezes o aluno cria um bloqueio em aprender por não se sentir estimulado e atraído pelo assunto. Outros problemas importantes são a falta do componente experimental no ensino e de conhecimentos prévios. O CBC (Conteúdo Básico Comum) do estado de Minas Gerais (ROMANELLI, et al., 2007) ressalta ainda a importância do despertar de atitudes e valores que busquem o respeito ao próximo e o trabalho cooperativo, a responsabilidade com a biodiversidade e com a manutenção de um ambiente sustentável para gerações futuras. Nesses sentidos, em 2005 iniciou-se na UFV um trabalho envolvendo escolas públicas do município e estudantes do curso de licenciatura em Química, com o duplo propósito de melhorar a aprendizagem de Química no EM e de fornecer oportunidades diferenciadas de treinamento didático-pedagógico para os universitários. Entre 2005 e 2007 foram testadas metodologias de trabalho e, segundo SILVA et al (2007), as notas médias bimestrais dos alunos que participaram do projeto tiveram um aumento significativo em relação aos demais alunos. A figura 1 mostra como exemplo a comparação das notas bimestrais desses dois grupos de alunos em 2005. Os bons resultados alcançados resultaram na ampliação do projeto “Química em Ação”, que atualmente atende 330 alunos de Escolas Estaduais do município de Viçosa-MG e fornece treinamento para 23 estudantes de Química da UFV.



MATERIAL E MÉTODOS: Os dados analisados nesse trabalho se referem ao ano de 2008, período em que participaram 17 licenciandos em Química, sendo 2 bolsistas (FAPEMIG e PEC/UFV) e foram atendidos 100 alunos das Escolas Estaduais do município de Viçosa-MG: Dr. Raimundo Alves Torres, Raul de Leoni, Santa Rita de Cássia, Effie Rolfs. Os estágios voluntários (15) foram registrados na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFV. Os licenciandos formaram 3 equipes para preparação das aulas, conforme o ano para o qual lecionaram, para haver uniformidade na abordagem didática e de conteúdos para as turmas de cada ano. O trabalho junto aos alunos consistiu em 2h/aula semanais, com resolução de exercícios e realização de jogos educativos e experimentos. A maioria dos experimentos utilizou materiais do cotidiano, para associar a Química a uma realidade mais próxima aos alunos. Cada estagiário foi responsável por uma turma de 9 alunos, que foram escolhidos por sorteio dentre os inscritos e agrupados conforme a escola de origem. Os estagiários foram selecionados por análise do histórico escolar. A aprendizagem dos alunos foi acompanhada a partir da coleta das notas bimestrais nas escolas. Também se aplicou um questionário para a avaliação da situação sócio-econômica dos alunos e para do trabalho dos estagiários e da metodologia do projeto. Outro questionário coletou as opiniões dos estagiários sobre a influência dessa proposta em sua formação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os alunos participantes do projeto tiveram melhores notas que demais alunos. Além disso, não ocorreram reprovações entre alunos participantes. Como exemplo, a tabela 1 mostra as notas médias finais do 1º. ano do EM nas escolas atendidas em 2008. Para comparação, foi selecionado por sorteio aleatório igual número de não participantes e aplicado o teste t de Student, que mostrou que as diferenças observadas foram significativas. Semelhantes resultados foram observados para os 2º. e 3º. Anos. Além disso, as notas dos alunos participantes apresentam um crescimento ao longo do ano, o que não se observa em relação aos demais alunos. Outro resultado encontrado foi que os alunos que já participaram do projeto em anos anteriores obtiveram os melhores resultados em 2008. Esses dados demonstram a eficácia da metodologia utilizada como ferramenta de uma aprendizagem significativa. Em resposta ao questionário, 100% dos estagiários afirmaram que sua participação foi de importante para sua formação, sendo os principais aspectos levantados: treinamento para a preparação de aulas mais interessantes para os alunos, trabalho contínuo junto aos alunos durante o ano letivo, revisão de conceitos de Química. A análise dos questionários sócio-econômicos mostrou que 50% dos pais dos alunos atendidos não completaram o EM e suas famílias apresentam renda per capita média inferior ao salário mínimo. A maioria das mães são empregadas domésticas (40%) ou donas de casa (29%). Os pais são pedreiros (14%), funcionários públicos (12%), entre outras, confirmando a renda familiar informada pelos alunos. Conclui-se que foram atendidos alunos de camadas carentes da população. No questionário os alunos marcaram as atividades que mais gostaram de realizar. Os experimentos foram preferidos aos jogos.





CONCLUSÕES: A participação de estudantes universitários em projetos de extensão da área educacional amplia a sua formação acadêmica, além de beneficiar alunos de escolas públicas, melhorando sua aprendizagem e aumentando seu interesse pela Química.

AGRADECIMENTOS: PEC/UFV, FAPEMIG, MEC – SESu/PROEXT, CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ROMANELLI, L. I.. et al; CBC – Conteúdo Básico Comum. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, 2007. 71p.

SILVA, P. G.; FARGNOLI, A. G.; BERNARDINELLI, S.; LIBERTO, N. A.; RUBINGER, M. M. M.; Tutoria em química como instrumento de auxílio no processo ensino-aprendizagem e treinamento didático para a licenciatura., XXI Encontro Regional da SBQ-MG, Uberlândia, CD-ROM , 2007.

VIDIGAL, A. E. C.; SILVA, P. G.; RUBINGER, M. M. M.; Ciência em Ação: Melhoria da formação de Licenciandos e da Aprendizagem de Química no Ensino Médio. XXII Encontro Regional da SBQ - MG, Belo Horizonte, CD-ROM, 2008.