ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS

AUTORES: CAVALCANTE, D. A. (UFC) ; LIMA, M. A. A. (UFC) ; MAGALHÃES, J.S. (UFC) ; SILVA, M. S. P. (UFC) ; GRAMOSA, N.V. (UFC) ; SANTIAGO, G. M. P. (UFC)

RESUMO: O jogo didático é uma ferramenta que pode ser utilizada no ensino de química para ajudar o estudante a construir novas descobertas, possibilitando que o professor seja um estimulador e avaliador da aprendizagem. Um jogo didático englobando conhecimentos sobre propriedades físicas e testes químicos foi elaborado tendo como base o “jogo de detetive”. O objetivo do jogo é contribuir para o aprendizado de nomenclatura e identificação dos grupos funcionais de compostos orgânicos através de testes químicos. O jogo foi aplicado em alunos dos cursos de graduação em Química da Universidade Federal do Ceará. A atividade demonstrou-se satisfatória do ponto de vista lúdico e de aprendizagem pelos participantes, resultando no aumento das discussões teóricas durante as aulas e em estudos extraclasse.

PALAVRAS CHAVES: jogos didáticos, funções orgânicas, ensino de química

INTRODUÇÃO: O jogo didático ajuda a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece a personalidade do estudante e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem (PIEROZAN & BRANCHER, 2003). Alguns materiais exteriores à sala de aula e sua conseqüente manipulação facilitam a aquisição de conceitos materiais concretos, subsidiando a prática docente (SOARES & CAVALHEIRO, 2006). Os jogos são uma estratégia de ensino que podem contribuir para dinamizar as aulas. Jogar é reconhecer as regras, entendê-las, identificar os contextos em que elas são utilizadas e até inventar novos contextos modificando essas mesmas regras. Através do jogo se revela a autonomia, a originalidade, a possibilidade de desenvolver o senso investigativo e de poder expressar o próprio desejo convivendo com as diferenças. Acredita-se que os jogos de conteúdo educativo possam contribuir de forma bastante substancial para o desenvolvimento da cidadania, do raciocínio, da personalidade, da interação social e do aprendizado. Assim, o objetivo deste trabalho é criar uma atividade simples e curiosa que aborde assuntos das disciplinas química orgânica teórica e experimental, usando a imaginação, o raciocínio lógico e a criatividade para mostrar que é possível aprender química brincando.

MATERIAL E MÉTODOS: O jogo didático foi confeccionado com materiais de baixo custo: caneta colorida, cola, folhas de cartolina, lápis de cor, papel 40 quilos, percevejos ou tampas de frascos, régua e tesoura. Este jogo poderá ser realizado como um momento de avaliação coletiva onde os conteúdos referentes à funções orgânicas e caracterização química serão exercitados através do jogo. O jogo proposto chama-se “Detetive Químico” uma adaptação do jogo de tabuleiro denominado Detetive. Deve-se dividir a turma de alunos em no máximo oito equipes. O jogo consiste em cerca de 20 bloquinhos, contendo as propriedades químicas e físicas referentes a cada um dos diferentes compostos. O tabuleiro que simula um laboratório de química orgânica experimental (Fig. 1), constituído de mesa central onde os competidores partirão, de “azulejos” que servirão como caminho a ser percorrido até às bancadas dos testes de caracterização (bromo, Bayer, Lucas, Tollens, pH, ponto de fusão, ácido hidroxâmico e do 2,4-dinitrofenilhidrazina). Antes da atividade distribui-se, previamente, aos alunos um material teórico referente ao conteúdo do jogo e ao assunto ministrado anteriormente pelo professor. Para iniciar o jogo uma equipe jogará o dado e caminhará no sentido de uma bancada de teste que será fornecida pelo professor a pista (resultado do teste referente à bancada). E assim continua o jogo até que uma das equipes acerte o composto que o professor sorteou. Lembrando que a equipe que anunciar um palpite e este estiver errado, será imediatamente eliminada. A equipe vencedora será aquela que acertar o composto e justificar corretamente o seu palpite levando em conta a caracterização química.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Verifica-se, na prática, que para uma aula ser atrativa é necessário usar a criatividade, a segurança em abordar os conteúdos e um elemento motivador, no caso os jogos didáticos. O jogo apresentado neste trabalho é um recurso disponível para executar em sala e em laboratório, sendo um instrumento adicional de aprendizagem que o professor dispõe. A aplicação desse jogo mostrou-se eficaz em suprir algumas deficiências encontradas na aprendizagem de alguns conteúdos explorados como na caracterização de grupos funcionais através das reações orgânicas. As respostas obtidas em relação à aplicação do jogo foram satisfatórias, uma vez que este modelo de ensino-aprendizagem provoca inúmeras mudanças no comportamento do aluno em relação às aulas de química despertando um maior interesse dos alunos na disciplina. Exemplo, uma melhora significativa da assimilação do ponto de fusão com as forças intermoleculares presentes nos compostos citados pelo jogo. Constatando-se que alguns professores que não vêem os jogos como suporte pedagógico no aprendizado em Química. Em parte dos casos, o professor não tem a visão de que com o lúdico, o aluno aprende tão bem ou até melhor do que com qualquer outra atividade tradicional, limitada a livros, caderno e quadro-negro. O fato de utilizar o jogo não representa um momento de lazer para o aluno sem propósito educativo, mas uma forma alternativa de ensinar o conteúdo, consolidando o conhecimento já apresentado em aulas expositivas anteriores.



CONCLUSÕES: A proposta desse jogo educativo não se limita a repassar informações, mas estimular a curiosidade através do mistério, investigação e oferecer mais uma ferramenta onde o professor possa escolher entre muitas que existem, aquela que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com circunstâncias adversas de cada um. O lúdico como material disponível para ser executado em sala de aula e laboratório, tendo os próprios estudantes como aliados é mais uma ferramenta de ensino-aprendizagem que o professor dispõe. Com este método aprende-se que o professor não deve atuar como unicamente como apresentador dos conteúdos de química e sim como mediador, criando um ambiente de construção e exploração do conhecimento.

AGRADECIMENTOS: Ao Laboratório de Química Orgânica e a Universidade Federal do Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: PIEROZAN, C. & BRANCHER, J. D. Importância do Jogo Educativo e Suas Vantagens no Processo Ensino e Aprendizagem. CONAHPA - Congresso Nacional de Ambientes Hipermídia para Aprendizagem. Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis, 21 a 24 de Junho de 2004.
SOARES, M. H. F. B. & CAVALHEIRO, E. T. G. “O Ludo Como Um Jogo Para Discutir Conceitos em Termoquímica”. Química Nova na Escola. 23: 27-31, 2006.