ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: JOVEM CIENTISTA: DESPERTANDO O GOSTO PELA CIÊNCIA COM MELHORIA DE APRENDIZADO

AUTORES: CUNHA, A. A. (UFV) ; LOPES, C. S. (UFV) ; OLIVEIRA, M. R. L. (UFV) ; RUBINGER, M. M. M. (UFV) ; FERREIRA, S. O. (UFV) ; CARNEIRO, A. P. S. (UFV)

RESUMO: O projeto JOVEM CIENTISTA busca despertar o gosto pela Ciência através de aulas experimentais e jogos educativos para alunos do Ensino Fundamental. Em 2008 foram atendidos alunos de 6 escolas e estagiaram no projeto estudantes dos cursos de Química e Física da UFV. Verificou-se que a metodologia utilizada propicia também a melhora no desempenho escolar da maioria dos alunos, a partir da análise estatística das notas nas escolas, em comparação com as médias obtidas pelos colegas não participantes. Uma avaliação qualitativa por meio da coleta de impressões de professores das escolas e de estagiários do projeto mostrou que no decorrer do ano melhorou a capacidade de observação e relato de fenômenos, e a capacidade de análise e de proposição de hipóteses explicativas pelos alunos.

PALAVRAS CHAVES: popularização da ciência, ensino-aprendizagem, aulas práticas.

INTRODUÇÃO: No Ensino Fundamental (EF), a disciplina de Ciências dá ênfase aos conteúdos da área de Biologia. Somente no 8º. e 9º. anos os alunos estudam mais diretamente temas de Química e Física. A metodologia de ensino mais usual nas escolas públicas envolve apenas aulas teóricas (MIRANDA, 2007). Assim, há uma tendência a uma aprendizagem mecânica dos conteúdos, uma vez que a Química e a Física se baseiam amplamente na experimentação. O Projeto Jovem Cientista se propõe a estimular o gosto por temas científicos auxiliando na melhoria da aprendizagem da disciplina de Ciências, mais especificamente em relação aos conteúdos de Química e Física, através de experimentos e jogos educativos. Em 2008, numa fase piloto, foram atendidos 70 alunos do 9º. ano das escolas: E. E. Dr. Raimundo Alves Torres, E.E. Raul de Leoni, E.E. Padre Álvaro Corrêa Borges, E. E. Santa Rita de Cássia, E. E. Effie Rolfs, E. M. Ministro Edmundo Lins. Com os bons resultados obtidos e a confirmação da adequação da metodologia, em 2009 o atendimento foi ampliado para cerca de 100 alunos e estagiam no projeto 8 estudantes do Curso de Química e 1 do curso de Física da UFV. Neste trabalho apresentamos os resultados obtidos em 2008, a partir da coleta de notas nas escolas participantes e de entrevistas com o público envolvido.

MATERIAL E MÉTODOS: No início de 2008 foi divulgado o Projeto nas escolas. A demanda foi superior ao número de vagas e os participantes foram escolhidos por sorteio dentre os inscritos. Os estudantes sorteados frequentaram aulas práticas semanais de 1 h em laboratórios da UFV. Durante a realização dos experimentos os assuntos foram correlacionados com situações do dia a dia, problemas ambientais e com a matéria dada em sala de aula nas escolas. Em algumas aulas foram aplicados jogos educativos. Os laboratórios contêm equipamentos (Bomba de vácuo, estufa, agitador magnético, balança digital, gerador de van der Graaf, multímetro, destilador, entre outros) e reagentes convencionais, mas também são utilizados materiais do cotidiano (Extratos vegetais e produtos comerciais encontrados em farmácias, supermercados e casas agrícolas, por exemplo) para que os alunos percebam a presença dos fenômenos ditos científicos em situações comuns e conhecidas. Ao final de cada bimestre foram coletadas as notas dos alunos do 9º. ano nas escolas atendidas. A análise foi feita pela comparação das médias obtidas pelos alunos participantes de 5 escolas em comparação com as dos não participantes, em uma amostragem estatística randômica. Para essa análise foram considerados dos 70 alunos inscritos apenas aqueles que frequentaram mais de 75% das aulas. Para a sexta escola não foi realizada a análise estatística devido à flutuação na freqüência dos alunos no decorrer do ano (o público não foi fixo). Durante as visitas às escolas os professores foram entrevistados para avaliação qualitativa do desenvolvimento dos alunos e para acompanhamento dos assuntos que estavam sendo ensinados nas escolas. Os alunos também foram entrevistados para coleta de depoimentos sobre as atividades realizadas e seu progresso individual.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 mostra médias finais obtidas pelos participantes do projeto (JC) em 5 escolas em 2008. Para comparação, foi selecionado por sorteio aleatório um grupo de igual número de alunos de cada escola (NP), e foram obtidas as médias. Pode-se observar que as notas finais JC foram superiores às dos não participantes em todas as escolas. A tabela mostra também que as notas máxima e mínima do grupo JC foram maiores que as notas controle (NP), e que, o número de aprovações (sem considerar exames de recuperação) foi maior entre estudantes que frequentaram as aulas do projeto de 4 das escolas. A situação da Escola 4 pode ser explicada pela precariedade em termos de conhecimentos prévios da maioria dos alunos atendidos, mostrando que nesse caso, um reforço escolar paralelo teria sido necessário. Da 6ª. Escola apenas 2 alunos frequentaram todas as aulas, obtendo as notas finais 70,5 e 83,0. Por isso não foi realizado estudo estatístico para essa escola. Através das entrevistas com os professores verificou-se que alunos participantes do Projeto descrevem suas experiências práticas para colegas em classe, enriquecendo as aulas. Alguns professores se sentiram estimulados a realizar experimentos na escola e alguns disseram ter repetido a prática descrita pelos alunos devido ao interesse despertado na turma e à simplicidade das experiências. Nas entrevistas, 100% dos alunos disseram gostar de participar do projeto, sendo que muitos acrescentaram que passaram a se interessar mais por Ciências por verem na prática os conceitos aprendidos na escola e por correlacionarem esses assuntos com fatos do dia a dia. Os alunos apontaram os experimentos e jogos de que mais gostaram, e isto permitirá uma seleção ou alterações de atividades para anos subsequentes.



CONCLUSÕES: Os resultados obtidos até o momento mostram que a realização semanal de experimentos por alunos do Ensino Fundamental melhora a aprendizagem de Química e Física e aumenta seu interesse por temas científicos, levando a uma provável continuidade de estudos.

AGRADECIMENTOS: DEQ/PEC/UFV; MEC – SESu/PROEXT2008; FAPEMIG; Escolas participantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MIRANDA, L. D. L.; RAPOSO, J. D. A.; RUBINGER, M. M. M.; Laboratórios de química nas escolas públicas do município de Viçosa, XXI Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química, Uberlândia - Minas Gerais, CD-ROM , 2007.

LOPES, C. de S.; MIRANDA, L. D. L.; OLIVEIRA, M. R. L.; FERREIRA, S. O.; RUBINGER, M. M. M.; O ensino de ciências e o treinamento de licenciandos em química e física através do projeto de extensão da UFV: Jovem cientista , XXII Encontro Regional da SBQ-MG, Belo Horizonte, ED60, CD-ROM , 2008.