ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: UMA ABORDAGEM AMBIENTAL NO ENSINO DE RADIOATIVIDADE EM TURMAS DA EJA

AUTORES: SOUZA, N. S. (IFPB/UFPB) ; FIGUEIRÊDO, A. M. T. A. (IFPB) ; BRANDÃO, E. M. (IFPB)

RESUMO: A Educação Ambiental tem sido uma importante temática dentro do Ensino de Química. Na Escola E. E. F. M. Profª. Mª Geny S. Timoteo, situada em João Pessoa, foi proposto uma série de seminários sobre ‘Radioatividade’. Este trabalho desenvolveu-se com duas turmas da 3ª série do Ensino Médio da modalidade EJA, no ano letivo de 2008. Os alunos foram organizados em grupos e, mesmo com pouca infraestrutura, produziram diversos materiais didáticos audiovisuais. Os estudantes promoveram discussões, como também, um aprendizado significativo e conscientizador sobre meio ambiente, triagem de resíduos, impactos ambientais e suas implicações econômicas e sociais, ações do poder público e importantes descobertas químicas, além de criar metodologias alternativas para o ensino de Química.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química nuclear; educação de jovens e adultos; abordagem ambiental

INTRODUÇÃO: A Educação Brasileira tem passado por várias transformações nas últimas décadas com problematizações sobre tecnologia, trabalho, inclusão e meio ambiente. A interdisciplinaridade é um dos tópicos citados nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCN-EM). Estes aconselham que os conteúdos devam ser tratados de forma abrangente, com o intento de melhorar a percepção dos fenômenos clássicos e da atualidade, da temática ambiental e da visão do ser humano como transformador do meio ambiente (BRASIL, 1999, p. 20).
Já as competências e habilidades são propostas onde os conhecimentos científicos são adquiridos e fixados pelo aluno para que ele interprete e intervenha no mundo. O aprendizado de Química proporciona uma compreensão dos sistemas produtivo, industrial e agrícola, bem como, das aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL, 1999, p. 65).
Em se tratando de Educação Básica, temos ainda, uma modalidade denominada Educação de Jovens e Adultos (EJA), que é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria (BRASIL, 1996, Art. 37). Tal modalidade deve ser obrigatoriamente oferecida obedecendo aos parâmetros nacionais de educação (BRASIL, 2000, Art. 2).
Este trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Profª. Maria Geny S. Timoteo em turmas de EJA do Ensino Médio em 2008, onde aconselhamos aos alunos: mudanças no método de pesquisa, coleta de informações e a forma de apresentação dos seminários. Para isso, levou-se em consideração a produção de materiais audiovisuais didáticos e a conscientização sobre as conseqüências ambientais que o uso atual da Química Nuclear tem proporcionado nos últimos tempos.

MATERIAL E MÉTODOS: A abordagem escolhida foi qualitativa. A pesquisa-ação e a pesquisa-participante foram usadas conjuntamente, pois ‘quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Participante se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas’ (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1985).
O estudo realizou-se no segundo semestre do ano letivo de 2008 na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Profª. Maria Geny S. Timoteo, na cidade de João Pessoa. Trabalhou-se com a disciplina Química em duas turmas (A e B) da EJA da 3ª série do Ensino Médio no período da noite. O intuito era sugerir que os seis grupos de cinco alunos cada, apresentassem seminários com o tema principal “Química Nuclear ou Radioatividade”, com produção de material audiovisual e conclusões gerativas de conscientização ambiental.
Esta escola, na época, não possuía laboratório de ciências nem sala de recursos específica, logo o espaço disponível era a própria sala de aula e a biblioteca, na qual continha uma TV de 29 polegadas e um aparelho de DVD. Em duas semanas, ocorreram as reuniões dos grupos em sala, devido à dificuldade dos discentes para se encontrarem em horário extra.
Os grupos produziram materiais com liberdade e criatividade, e organizaram atividades para expor aos colegas. Além disso, foi dialogado sobre a importância da citação de exemplos em cada tópico sobre os impactos ambientais positivos e/ou negativos a respeito da Química Nuclear.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A coordenação e planejamento dos seminários aconteceram de acordo com as idéias freireanas de educação, onde o ato de educar ‘não pode ser a de depósito de conteúdos, mas a da problematização dos homens em suas relações com o mundo’(FREIRE, 1987, p. 38).
Após as reuniões, cada grupo mostrou seus materiais para os colegas assistirem e discutirem. A seguir, a Tabela 1 ilustra a organização dos grupos por ordem cronológica de apresentação, as ações e os materiais produzidos:
TABELA 1 – DIVISÃO DOS ASSUNTOS POR GRUPO, TURMA E ATIVIDADES EXECUTADAS
Apesar dos poucos recursos eletrônicos (TV e DVD), do espaço reduzido nas salas e biblioteca, e das turmas trabalhadas serem da EJA (carga horária reduzida, faixa etária variada e pouco tempo para estudos extra-classe), foi obtida uma diversidade de atividades desenvolvidas pelos estudantes, conforme demonstra a supracitada Tabela e Figura 1, envolvendo cada assunto proposto.
FIGURA 1- AMOSTRAGEM DOS MATERIAS PESQUISADOS E PRODUZIDOS PELOS ALUNOS
A explanação para uma conscientização preventiva surpreendeu muitos alunos. Questões sobre triagem e armazenamento do lixo atômico, outros rejeitos especiais e o acidente radiológico de Goiânia-GO, promoveram alguns depoimentos e várias discussões relevantes.
Nestes debates, alguns alunos que trabalharam como catadores de lixo descreveram situações de risco que haviam presenciado. Isto foi muito enriquecedor a todos, elucidando a importância dos conhecimentos científicos trabalhados para um melhor entendimento da realidade.
A correlação entre a teoria e a prática surgiu da discussão sobre os limites éticos e morais do desenvolvimento da Química Nuclear no Brasil e no mundo, respeitando os saberes dos educandos (FREIRE, 2008, p. 16).






CONCLUSÕES: Com criatividade e planejamento, pôde-se promover práticas educativas diferenciadas, com conscientização ambiental, sensibilizando para uma mudança de atitude dos alunos com o meio ambiente e melhorando o processo de ensino-aprendizagem em aulas de Química. Pois, a tão sonhada relação teoria/prática aconteceu naturalmente, levando-os a pensar criticamente o ontem e o hoje, para melhorar o amanhã.

AGRADECIMENTOS: À Coordenação de Projetos Institucionais do IFPB e à comunidade da E.E.E.F.M. Profª Maria Geny S. Timoteo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Vide Adin 3324-7, de 2005, Vide Decreto nº 3.860, de 2001. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: 12 de mai. 2009.
_____.Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio:ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Volume III. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999.
_____.Resolução nº1, de 5 de julho de 2000. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: Conselho Nacional de Educação-Câmara de Educação Básica. Disponível em: < http://www.eja.org.br/ cadernometodologico/resolucoes/index.php?acao3_cod0=09ec1cb8bacebfebbbe0dfcdb90c96c4> Acesso em 12 de maio de 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Disponível em<http://paulofreirefinland.org/wp-content/uploads/2007/02/ pedagogia_do _oprimido.pdf> Acesso em 13 de maio 2009.
_______. Pedagogia da Autonomia . 37ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.: Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo. Ed. Atlas, 1985.
MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2007.