ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Avaliação da atividade antioxidante de algas do litoral de Ilhéus – BA.

AUTORES: JESUS, K. (UESC) ; PASSOS, M. S. (UESC) ; OLIVEIRA, F. F. (UESC) ; OLIVEIRA, R. A. (UESC)

RESUMO: Tendo em vista que a maior biodiversidade existente em todo o mundo se concentra nos
oceanos e ainda que os metabolitos secundários de organismos marinhos figuram-se entre
as substâncias mais ativas isoladas de organismos vivos, as plantas e animais marinhos
tem recebido especial atenção dos pesquisadores de Química de Produtos Naturais. No
litoral baiano, que apresenta uma grande extensão litorânea, com um ecossistema formado
por complexa biodiversidade, coletou-se duas espécies do gênero Rhodofhyta e uma do
gênero Fheophyta. Estas foram analisadas quanto às suas capacidades antioxidantes, os
resultados obtidos revelam que estas apresentam um bom potencial antioxidante, que para
o gênero Fheophyta pode ser comparado ao poder de antioxidantes comerciais, o BHT e o
Ácido ascórbico.

PALAVRAS CHAVES: atividade antioxidante, rhodophyta, fheophyta.

INTRODUÇÃO: Apesar da diversidade de vida no ambiente terrestre ser extraordinária, a maior
biodiversidade existente em todo o mundo se concentra nos oceanos, com 34 dos 36
filos representantes da vida. Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície terrestre
e abrigam cerca de 300.000 espécies descritas de animais e plantas (JIMENO, 2002;
POMPONI, 1999). Nos últimos 30 anos animais e plantas marinhas tem recebido uma
atenção especial dos pesquisadores de Química de Produtos Naturais. Uma pequena
quantidade de animais, plantas e micróbios estudados, levaram a obtenção de mais de
12.000 novas substâncias químicas. São centenas de compostos isolados e identificados
a cada ano.
Os metabólicos secundários de organismos marinhos figuram entre as substâncias mais
ativas isoladas de organismos vivos. Algumas destas substâncias se apresentam com
toxinas extremamente potentes, entretanto, estas mesmas substâncias podem ser a
esperança para o tratamento, e possível cura de determinadas doenças. Dentre os
organismos marinhos mais estudados, destacam-se as esponjas, algas (azuis, pardas e
vermelhas) e moluscos, organismos que podem ser encontrados distribuídos por todo o
ecossistema marinho.
A Bahia apresenta uma extensão litorânea com aproximadamente 1.198 km, banhada pelo
oceano atlântico, com inúmeras reentrâncias com praias, mangues, dunas, recifes,
baías, restingas, costões etc. Este ecossistema apresenta uma biodiversidade
extremamente complexa de animais e plantas, e ocorrência de um grande número de
espécies de algas vermelhas e pardas. Este trabalho realizou o estudo da
potencialidade antioxidante dos extratos orgânicos de espécies de algas encontradas
na costa litorânea da cidade de Ilhéus, Sul da Bahia.

MATERIAL E MÉTODOS: O material vegetal foi coletado nos costões da região litorânea ao sul do município
de Ilhéus. Após lavagem e secagem, foi triturado e submetido à extração exaustiva por
contato direto, utilizando-se etanol como solvente. Posteriormente foi submetido à
filtração e rotaevaporação a vácuo.
1.Preparação das soluções e análise da atividade antioxidante: As soluções dos
extratos das algas em metanol foram preparadas a 10%, diluídas em duplicatas com
concentração decrescente (10 a 10E-5%) e avaliadas quanto ao poder de captura de
elétrons frente ao DPPH. A análise foi feita em espectrofotômetro (Varian 50) a 517
nm. Seguindo a mesma metodologia, preparou-se com concentrações decrescentes,
soluções de BHT e Ácido Ascórbico para comparação da capacidade da atividade
antioxidante. Para análise espectrofotométrica, as amostras continham 30 μL da
solução a ser avaliada e 3 mL da solução de DPPH a 0,004%, a amostra zero continha 3
mL de metanol e a amostra branco continha 30 μL de metanol e 3 mL da solução de
DPPH
a 0,004%. A leitura em espectrofotômetro após 30 min em que a reação se processou no
escuro a temperatura ambiente.
2.Cálculo da percentagem da atividade antioxidante e CE50: A percentagem da atividade
antioxidante (AAO%) foi calculada utilizando a fórmula proposta por Mensor et al,
(2001): AAO% = 100-{[(ABSamostra – ABS branco) x 100]/ABSzero}. Os valores de AAO% e
as concentrações das soluções foram relacionados, obtendo-se a equação da reta
através do programa Excel for Windows. Da equação obtida, seguindo a proposta de
Mensor et al (2001), substitui-se Y por 50 para obter o valor de CE50 (concentração
necessária para produzir metade (50%) de um efeito máximo estimado em 100% para o
extrato”) (BOSCOLO et al, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O método para teste da atividade antioxidante utilizado é baseado na redução do
radical DPPH na presença de doadores de hidrogênio. A solução alcoólica de DPPH é
relativamente estável e mostra forte banda de absorção em 517 nm, no entanto, em
presença de compostos antioxidantes a solução captura os hidrogênios e passa para sua
forma mais estável, o DPPH-H, mudando sua coloração de violeta para amarelo.
Os resultados da percentagem da atividade antioxidante, apresentados no Gráfico 1, e
CE50, apresentados na Tabela 1, mostram que ,dentre as amostras de algas analisadas,
a Fheophyta apresentou o maior potencial antioxidante, pois necessita de uma menor
concentração para redução de hidrogênio em 50% de sua capacidade máxima. A capacidade
antioxidante das algas torna-se ainda mais significativa se levado em consideração
que trata-se de compostos orgânicos comparados à antioxidantes comerciais, os valores
de CE50 calculados para as algas podem ser comparados com o potencial do BHT e do
Ácido ascórbico. Os resultados corroboram com a pesquisa de Pessuto (2009) que
atribui valores de CE50 ao BHT (7,52) e ao Ácido ascórbico (7,18).





CONCLUSÕES: As análises da capacidade de redução frente ao DPPH em espectrofotômetro revelaram que
as algas estudadas possuem potencial antioxidante que pode, no caso da Fheophyta, ser
comparado ao poder antioxidante do BHT e do Ácido ascórbico. Essa pesquisa é um ponto
de partida para estudos posteriores para isolamento e elucidação dos compostos
antioxidantes presentes nos extratos orgânicos dessas algas.

AGRADECIMENTOS: À fAPESB e à UESC pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOSCOLO, O. H.; MENDONÇA-FILHO, F. S.; MENEZES, F. S.; SENNA-VALLE, L. Potencial antioxidante de algumas plantas de restinga citadas como medicinais. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 9, n. 1, p. 8 – 12, 2007

JIMENO J. M.;. Anticancer Drugs, 13 (suppl. 1) 15 – 19. 2002.

MENSOR, L. L. ET AL. Screening of brazilian plant extracts for antioxidants activity by the use of DPPH free radical method. Phytotherapy Researche, v. 15, p. 12 – 30, 2001.

PESSUTO, M. B.; COSTA, I. C.; SOUZA, A. B.; NICOLI, F. M.; MELLO, J. C. P. Atividade antioxidante de extratos e taninos condensados das folhas de Maytenus ilicifolia mart. ex reiss. Revista Química Nova, vol. 32, n. 2, p. 412 – 416. 2009.

POMPONI, S. A.; Journal Biotechnology, vol. 70, p. 5 – 15. 1999