ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DOS EXTRATOS METANÓLICOS DE PRÓPOLIS DE CAMOCIM E ALTO SANTO

AUTORES: MACHADO, L. K. A. (UECE) ; LIBERATO, M. C. T. C. (UECE) ; MOREIRA, D. R. (UECE) ; ALENCAR, J. E.S. (UECE) ; COSTA, S. M. O. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE)

RESUMO: O presente trabalho mostra o estudo da atividade anticolinesterásica dos extratos metanólicos de duas variedades de própolis produzidas em Alto Santo e Camocim no Ceará. Foi utilizado o método de ELLMAN adaptado para cromatografia em camada delgada por RHEE, os resultados foram positivos para as duas amostras de própolis analisadas, o que mostra a capacidade de utilizar esses extratos para a produção de novos fármacos.

PALAVRAS CHAVES: própolis, acetilcolinesterase

INTRODUÇÃO: A própolis é uma resina obtida de plantas, acrescida de cera, que as abelhas utilizam para proteger sua colméia contra a entrada de correntes de ar, de predadores e de microrganismos. Por conter resinas de origem vegetal, a composição da própolis é diretamente dependente da flora em volta das colméias, bem como do tipo de abelha, que escolhe a planta a ser usada (SAWAYA, 2006). A Doença de Alzheimer (DA) é uma desordem neurodegenerativa do cérebro, responsável por cerca de 50-60% do número total de casos de demência dentre pessoas acima dos 65 anos (Viegas Junior et al., 2004). É caracterizada por perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Em nível celular, está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh) no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina e glutamato. A acetilcolinesterase (AChE) é responsável pela diminuição da acetilcolina na sinapse nervosa, causando a perda de neurônios colinérgicos, responsáveis pelas funções cognitivas. Sugere-se que uma elevação no nível da acetilcolina poderia ser útil para melhorar um dos sinais da doença, a deficiência de aprendizagem. Até hoje, os inibidores da colinesterase demonstraram eficiência no tratamento clínico na doença de Alzheimer. A necessidade de novos inibidores naturais de AChE, sem efeitos colaterais, tem proporcionado inúmeras pesquisas na medicina popular, no tratamento da amnésia, depressão, ansiedade e desordens cognitivas. O objetivo desse trabalho foi analisar a atividade anticolinesterásica de extratos metanólicos de própolis produzidas em Alto Santo e Camocim no Ceará.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de própolis foram obtidas de associações e cooperativas do Ceará, que vieram de Alto Santo e Camocim entre 2007 e 2008. Foram levadas ao Laboratório de Química de Produtos Naturais, da Universidade Estadual do Ceará, mantidas sob refrigeração, retiradas sujidades aparentes e obtidos extratos metanólicos por Soxhlet (FUNARI & FERRO, 2006). O estudo da atividade anticolinesterásica consiste em um ensaio baseado no método de ELLMAN (1961) adaptado para cromatografia em camada delgada por RHEE et al. (2001), é um método colorimétrico e pode ser utilizado de forma qualitativa e quantitativa. Neste ensaio, utiliza-se a solução dos reagentes ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e, posteriormente, aplica-se a enzima AChE (3 U/mL). A visualização da inibição dá-se pela observação de halos brancos. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca, após a evaporação do solvente pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão 1), aguardou-se a secagem por 3 a 5 minutos e borrifou-se a enzima a uma concentração de 3 U/mL, após aproximadamente 10 minutos a cromatoplaca desenvolveu uma coloração amarela. O aparecimento de halos brancos em tornos dos ´spots´ das amostras são indicativos de que ocorreu a inibição da enzima AChE, responsável pela hidrólise do substrato, depois verificamos o tamanho dos halos e comparamos com o padrão Carbachol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado do estudo anticolinesterásico dos extratos metanólicos, de duas variedades de própolis produzidas no Ceará, estão indicados na Tabela 1. Os dois extratos metanólicos apresentaram atividade anticolinesterásica, sendo que a própolis de Camocim mostrou melhor atividade do que a própolis de Alto Santo, quando comparadas com o padrão Carbachol.



CONCLUSÕES: A introdução de novos fármacos anticolinesterásicos de origem natural no tratamento de pessoas que sofrem da Doença de Alzheimer traz muitos benefícios, devido ao baixo custo e maior acessibilidade dessas novas drogas por aqueles que precisam do tratamento contra a doença. Considerando que as amostras analisadas apresentaram atividade anticolinesterásica, com o aprofundamento dos estudos desses extratos eles se tornarão fortes candidatos à produção de novos fármacos.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Ceará e aos orgãos financiadores: CNPQ e FUNCAP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ELLMAN, G.L;1961. Biochem.Pharmacol. 7: 88.
RHEE, I. K; MEENT, M.; INGKANINAN, K.; VERPOOTE, R.; J.2001. Chromatogr., 915: 217.
VIEGAS JUNIOR, C., BOLZANI, V. S. e FURLAN, M.; FRAGA, C. A. M.; BARREIRO, E. J.2004. Quim. Nova, 27, 4: 655.
MARCUCCI, M. C. 2006 Própolis Tipificada: Um Novo Caminho para a Elaboração de Medicamentos de Origem Natural, Contendo este Produto Apícola. Revista Fitos v.1 n.03..
SAWAYA, A. C. H. F. Análise da composição química de própolis brasileira por espectrometria de massas, Tese de Doutorado,Unicamp, Campinas, Agosto, 2006.
FUNARI, C. S., FERRO, V. O. 2006. Análise de Própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos 26(1): 171-178.