ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Análise Físico-Química e Aplicação em Domissanitários do Óleo Essencial de Lippia alba (Mill) N. E. Brown

AUTORES: BRANDÃO, S.S.F. (IFPE) ; PAIVA, A.B. (IFPE) ; ANJOS, T.G.C. (IFPE) ; FÉLIX, A.K.A. (IFPE) ; BARBOSA, V.S.L. (IFPE)

RESUMO: RESUMO: Lippia alba (Mill.) N. E. Brown é conhecida popularmente como erva cidreira e utilizada na medicina popular. Esta pesquisa visa analisar as propriedades físico-químicas do óleo essencial de folhas de L. alba, coletada em Recife - PE, no período de estiagem, identificar os compostos químicos e aplicá-los em domissanitários. O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação em sistema de Clevenger adaptado com rendimento de 0, 34%. A análise físico-química do óleo obteve os seguintes parâmetros: densidade: 0, 88676 g/mL, índice de refração de1, 438 e o óleo foi solúvel em 1 volume de etanol (90%) a 20ºC. A composição química do óleo foi obtida através da CG-EM que apresentou monoterpenos oxigenados (77,55%), neral (31,74%) e geranial (38,91%), sendo os componentes majoritárários.

PALAVRAS CHAVES: erva cidreira, análises físico-químicas, cromatografia gasosa

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Os óleos essenciais são substâncias de extrema importância para a sobrevivência das plantas. Estão associados a várias funções necessárias à sobrevivência do vegetal em seu ecossistema, exercendo papel fundamental na defesa contra microrganismos e predadores, e também na atração de insetos e outros agentes fecundadores. (SIANI et al., 2000, p.38). Por serem metabólitos secundários, sua composição química varia de acordo com as condições climáticas, ou seja, de acordo com a estação do ano em que a planta foi coletada (CASTRO et al., 2002). Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, conhecida como erva cidreira, é uma erva aromática, pertencente à família Verbenaceae que possui aproximadamente 90 gêneros. É uma planta nativa do Brasil e desenvolve-se em solos arenosos nas margens de rios e lagos, em regiões de clima tropical e subtropical (ATTI-SERAFINI, 2002). A erva cidreira é uma planta que tem seus óleos essenciais extensivamente estudados, pelas importantes ações terapêuticas que apresentam seus constituintes majoritários. O citral tem sido apreciado pelas indústrias de cosméticos e perfumes, como também pelas indústrias de alimentos e farmacêuticas (LALKO e API, 2006). Além disso, o citral tem apresentado atividade como agente anti-mutagênico, inibidor enzimático, antimicrobiano e atua como feromônicos em insetos (RAO et al, 2005; SHIN, 2005). A composição química do óleo essencial pode indicar a viabilidade de estudos de suas ações terapêuticas e flavorizantes. Desse modo seu estudo é um critério de suma importância para análises qualitativas e quantitativas. O presente trabalho visa a extração pelo método de arraste a vapor, a análise das propriedades físico-químicas e o estudo da composição química do óleo essencial de folhas de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: A erva cidreira foi coletada em Recife-PE. A identificação botânica foi realizada sob a responsabilidade da Dra. Elba Maria N Ferraz Ramos. Foi depositada a exsicata sob n° 49853 no Herbário Professor Vasconcelos Sobrinho da UFRPE. Para extração do óleo essencial, uma massa de 100 g de folhas secas foi submetida à hidrodestilação em sistema de Clevenger adaptado, por duas horas. A densidade relativa foi determinada de acordo com a norma NBR 5784 (ABNT, 1985), onde se fez uso de um picnômetro de 5mL. Estabeleceu-se a solubilidade segundo a norma NBR 5791 (ABNT, 1989). Para a determinação do índice de refração seguiu-se a norma NBR 5785 (ABNT, 1985), realizado em refratômetro modelo Baush Lomb. A identificação dos constituintes químicos do óleo essencial por CG-EM, foi feita comparando-se com os espectros da biblioteca do (NIST). Utilizou-se um cromatógrafo a gás, com a seguinte programação de tempo/temperatura: 0minutos a 60°C, variando 10°C/min até 280°C, aguardando 35 minutos nesta última temperatura. A temperatura do injetor foi de 200°C e do detector de ionização de chamas a 290°C. O hidrogênio foi utilizado como gás de arraste. A cromatografia gasosa aclopada a espectrômetro de massa (CG-EM) foi desenvolvida nas condições de programação de tempo/temperatura seguintes: 0min a 60°C, variando 10°C/min até 275°C, aguardando 30min. A temperatura do injetor foi de 250°C e o gás de arraste utilizado foi o hélio. As análises foram realizadas na Central Analítica do DQF da UFPE. O óleo obtido foi aplicado em domissanitários, onde 0,1 mL do óleo participou da formulação, como essência, na preparação de 250mL de detergente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A extração durou cerca de 2 horas e forneceu um óleo que apresentou cor amarelo claro e um odor agradável. Em relação à análise sazonal das amostras dos óleos essenciais das folhas de L. alba citadas na literatura (DARROW & BOWERS, 1997 apud NOGUEIRA, et al., 2007), o melhor rendimento foi de 0,3365%. Este resultado de rendimento se aproxima do obtido no presente trabalho, que foi de 0,3407%. As propriedades físico-químicas forneceram os seguintes valores: densidade 0,88665 g/cm³, índice de refração de 1,438 (a 20ºC). Em dados da literatura, a densidade apresentou um valor de 0,6206 g/cm³, e o índice de refração teve um resultado de 1,4795 a 30ºC (SILVA et al., 2004). Estes valores podem variar em função do quimiotipo da planta e de fatores externos, como técnica de extração, horário de coleta e estações do ano. A solubilidade em etanol constitui importante característica física que distingue este óleo de outros óleos essenciais. 1,0 mL de óleo essencial de L.alba foi solúvel em 7,2 mL de etanol (90%) a 20ºC. Resultados obtidos com L. multiflora mostraram que o óleo foi solúvel em etanol (80%) a 28 ºC (OLADIMEJI et al.,2004). O resultado da análise da solubilidade em etanol comprova que, as substâncias presentes caracterizam-se mais por compostos oxigenados tendo grande afinidade com etanol. Esta composição foi confirmada por CG/MS, que apresentou os seguintes componentes, com respectivos tempos de retenção e teores: sabineno (4,432 min; 1,36%), mirceno (4,601 min; 8,95%), para-cimeno (5,110 min; 3,04%), beta-ocimeno (5,382 min; 2,21%), gama-terpineno (5,585 min; 2,66%),1,4-undecadieno (7,320 min; 1,47%), neral (8,276; 31,74%), geranial (8,710 min; 38,91%), trans – cariofileno (10,907 min; 6,24%), óxido de cariofileno (13,054 min; 3,43%).

CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Os resultados das análises físico-químicas, como também da composição química do óleo essencial estudado reforçam sua importância em estudos de verificação da influência de fatores diversos, como o quimiotipo da planta e fatores externos, como técnica de extração, horário de coleta e estações do ano. Constatou-se, também, que a planta estudada pertence a uma variedade de quimiotipo na qual apresenta o citral (mistura dos isômeros neral e geranial) como componentes majoritários do óleo essencial.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: Ao Institutouto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco que concedeu as bolsas de PIBIC Técnico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS:
ABNT. NBR 5784: Óleos Essenciais, determinação da massa específica e densidade relativa, método de ensaio. Rio de Janeiro, 3p, 1985.
ABNT. NBR 5791: Óleos Essenciais, determinação da solubilidade em etanol. Rio de Janeiro, 2p, 1989.
ABNT. NBR 5785: Óleos Essenciais, determinação do índice de refração, método de ensaio, Rio de Janeiro, 2p, 1985b.
ATTI-SERAFINI, L.; PANSERA, M. R.; ATTI-SANTOS, A. C.; ROSSATO, M.; PAULETTI, G. F.; ROTA, L. D.; PAROUL, N.; MOYNA, P. 2002. Variation in essential oil yield and composition of Lippia alba (Mill.) N.E.Br. grow in Southern Brazil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 4:72-74.
BALLERO, M.; POLI, F.; SANTUS, M. 1998. Plants used in folk medicine of Monteleone (Northern Sardinia), Fitoterapia. 69: 52-64.
DARROW & BOWERS, 1997, In: NOGUEIRA, M.A.;DIAZ, G.;SAKUMO, L. 2007. Caracterização química e atividade biológica do óleo essencial de Lippia alba cultivada no Paraná. Paraná: Revista de Ciências Farmacêuticas Básicas e Aplicadas, 28: 273 – 278.
LALKO, J.; API, A.M.. 2006. Investigation of the dermal sensitization potential of various essential oils in the local lymph node assay. Food and Chemistry Toxicology, 44: 739-746.
LEMOS, T. L. G. ; MONTE, F. J. Q.; MATOS, F. J. A. ; ALENCAR, J. W.; CRAVEIRO, A.; BARBOSA, R. C. S. B.; LIMA, E. O. 1992. Chemical composition and antimicrobial activity of essential oils from Brazilian plants, Fitoterapia. 63: 266-268.
MATOS, F. J. A. As ervas cidreiras do nordeste do Brasil. Estudo de três quimiotipos de Lippia alba(Mill). N. E. Brow Verbenaceae. Revista Brasileira de Farmácia, 77: 137-141.
OLADIMEJI,F.A.;ORAFIDYA,L. O.; OKEKE,I.N. 2004. Physical properties and antimicrobial activities of leaf essential oil of Lippia multiflora Moldenke. International Journal of Aromatherapy, 14: 162-168.
RAO, G.N; RAO, S.J; ANANTHANARAYANAN, K; SHAHI, S.K.; PATRA, M.; SHUKLA, A. C.; DIKSHIT, A. 2005. Antifungical activity of some chemicals against human pathogenic fungi (dermatophytes). Proceedings of the National Academy of Sciences India, section B: Biological Sciences, 75: 288-293.
SIANI, A.C.; SAMPAIO, A. L.F.; SOUSA, M.C.; HENRIQUES, M.G.M.O.; RAMOS, M. F. S. 2000. Óleos essenciais. Biotecnologia: Ciência & desenvolvimento, 16: 38-43.
SILVA, N. A.; BIZZO, H.R.;OLIVEIRA, F.F.; OLIVEIRA, R. A. 2004. Estudo Químico da Erva Cidreira da Região de Uruçuca e de Ilhéus. In: 10o Seminario de Iniciação Científica da UESC, Livro de resumos da X Seminário de Iniciação Científica da UESC. Ilhéus : Editus-Editora da UESC, 233-234.
TERBLANCHÉ, F.C.; KORNELIUS, G. 1996. Essential oil constituents of the genus Lippia (Verbenaceae) – a literature review, J. Essent. Oil Res. 8: 471-485.