ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Constituintes Voláteis em Própolis do Ceará

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; MACHADO, L. K. A. (UECE)

RESUMO: RESUMO: Própolis é uma resina constituída por substâncias naturais produzidas pelas plantas e abelhas, com função de selar colméias e proteger contra predadores. Apesar de diferenças na composição, a maioria das própolis tem a mesma natureza química, constituindo-se de resina, cera, óleos essenciais, pólen e outros compostos orgânicos. Amostras de própolis, das cidades de Alto Santo e Crato, passaram pelo processo de hidrodestilação para obtenção de seus óleos essenciais que foram analisados por GC-EM. Os principais constituintes voláteis identificados foram beta-Cariofileno, Óxido de Cariofileno, alfa-Copaeno, gama-Cadineno, beta-Bourbuneno, Espatulenol na própolis de Alto Santo e beta-Cariofileno, Óxido de Cariofileno, Espatulenol, beta-Bourbuneno, alfa-Pineno, na de Crato.

PALAVRAS CHAVES: própolis, compostos voláteis, apis mellifera l.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Própolis é a denominação genérica utilizada para descrever uma mistura complexa de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas colhidas por abelhas melíferas de brotos, flores e exsudatos de plantas (CASTRO et al., 2007), às quais as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração do produto final. Sua função principal é selar as colméias e proteger contra predadores. Apesar de diferenças na composição devido à fonte floral, a maioria das própolis tem praticamente a mesma natureza química, constituindo-se de 50% de resina, 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos orgânicos (GÓMEZ-CARAVACA et al., 2006). Diversas atividades biológicas comprovadas já foram relatadas para própolis tais como antiviral, antiinflamatória, antioxidante, anticancerígena. A composição química da própolis está diretamente relacionada com o tipo de vegetação da região onde é bioproduzida. Compostos voláteis, mesmo presentes em pequenas concentrações podem dar importantes informações sobre a atividade antimicrobiana da própolis. Estudos sobre óleos essenciais de própolis brasileiras indicaram a existência de diferenças significativas na sua composição, embora em todos a presença de sesquiterpenos seja acentuada e quase sempre predominante (TORRES et al., 2008). O Ceará possui 11 formações vegetais distintas (FIGUEIREDO, 1991) distribuídas em quatro regiões apícolas principais: litoral, sertão, serras e Cariri (NORONHA, 1997) e é o 2º maior exportador de mel do Brasil, porém, estudos sobre suas própolis ainda são reduzidos. Este trabalho tem como objetivo analisar a composição das frações voláteis das própolis de Apis mellifera oriundas das cidades de Alto Santo e Crato, no Ceará.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: As amostras de própolis foram obtidas entre 2007 e 2008, a partir de coletas feitas por apicultores, nas cidades de Alto Santo e Crato, no Ceará. 15 g de própolis com 250mL de água foram submetidas ao processo de hidrodestilação. Após 2 horas, a porção aquosa destilada contendo o óleo foi extraída por três vezes com Acetato de Etila. Foi adicionado Sulfato de Sódio anidro para retirada de resíduo de água e realizada uma filtração após 30 min. Depois da evaporação do solvente no rotaevaporador, os óleos essenciais obtidos foram mantidos sob refrigeração (4°C) até seguir para análise no cromatógrafo gasoso acoplado a um espectrômetro de massas. Os constituintes voláteis foram identificados, por tentativa, comparando os espectros obtidos com os registros da literatura e pela determinação experimental dos índices de Kovats, aplicando-se uma série homóloga de n-alcanos nas mesmas condições usadas para a injeção dos óleos essenciais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apontaram para predominância de hidrocarbonetos sesquiterpênicos (68,84%) e sesquiterpenos oxigenados (18,21%) na própolis oriunda de Alto Santo, com pequena proporção de hidrocarbonetos alifáticos (Tabela 1), enquanto a própolis de Crato apresenta além dos sesquiterpênicos (45%) e sesquiterpenos oxigenados (31%), menores quantidades de monoterpenos, monoterpenos oxigenados e benzaldeído (Tabela 2). Semelhantemente às própolis do Piauí que apresentaram como componentes 1,8-cineol, exo-fenchol, terpin-4-ol e fenchone (Teresina), alfa-pineno, óxido de cariofileno, beta-pineno e alfa-copaeno (Pio IX), cariofileno, alfa-copaeno, alfa-pineno, óxido de cariofileno e delta-cadineno (Campo Maior), (E)-cariofileno, alfa-gurjuneno e beta-selineno (Pedro II) e beta-cariofileno, alfa-gurjunene, delta-cadineno e alfa-copaeno (Lagoa de Sao Francisco), os sesquiterpenos são dominantes e os principais como cariofileno e óxido de cariofileno são comuns assim como em outras regiões do mundo (TORRES et al., 2008) sendo diferente da própolis verde cujos principais constituintes são, em ordem de percentual, nerolidol, linalol e 1-fenil-etanona (MARÓSTICA JÚNIOR et al., 2008) Os compostos beta-cariofileno, espatulenol e delta-cadineno presentes em menor percentual na própolis verde são comuns com as própolis cearenses. Alguns compostos são comuns às diversas própolis e estes podem exercer importantes papéis na conservação da colméia. Beta-cariofileno, componente principal nas duas própolis, é um sesquiterpeno largamente distribuído em óleos essenciais de várias plantas. Várias atividades biológicas são atribuídas ao beta-cariofileno como anti-inflamatória antibiótica, antioxidante, anti-carcinogênico e anestésico local (LEGAULT & PICHETTE, 2007).





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Algumas diferenças foram observadas na composição dos óleos voláteis das duas própolis analisadas que podem ser devidas às diferenças dos tipos de floradas. A presença de beta-cariofileno, dentre outros constituintes nas própolis do Ceará estudadas, indica que estas constituem uma fonte importante de substâncias voláteis biologicamente ativas.



AGRADECIMENTOS: Ao SEBRAE-CE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTRO, M. L., CURY, J. A., ROSALEN, P. L., ALENCAR, S. M., IKEGAKI, M., DUARTE, S., KOO, H. 2007. Própolis do sudeste e nordeste do Brasil: influência da sazonalidade na atividade antibacteriana e composição fenólica. Química Nova, v. 30, n. 7, p. 1512-1516.
FIGUEIREDO, M.A. 1991 A Cobertura Vegetal do Estado do Ceará e as Condições Ambientais. UFC.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis v.41. p. 1220-1234.
LEGAULT, J.; PICHETTE, A. Potentiating effect of β-caryophyllene on anticancer activity of α-humulene, isocaryophyllene and paclitaxel. Journal of pharmacy and pharmacology. v. 59, n. 12, p.1643-1647, 2007.
MARÓSTICA JÚNIOR, M. R.; DAUGSCH, A.; MORAES, C. S.; QUEIROGA, C. L.; PASTORE, G. M.; PARK, Y. K. 2008. Comparison of volatile and polyphenolic compounds in Brazilian green própolis and its botanical origin Baccharis dracunculifolia. Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 28, no. 1, p. 178-181.
NORONHA, P. R. G. 1997. Caracterização de Méis Cearenses Produzidos por Abelhas Africanizadas: Parâmetros Químicos, Composição Botânica e Colorimetria. 147p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). UFC.
TORRES, R. N. S.; LOPES, J. A. D.; MOITA NETO, J. M.; CITÓ, A. M. das G. L. 2008. Constituintes Voláteis de Própolis Piauiense. Química Nova, v. 31, n. 3, p. 479-485.