ÁREA: Alimentos

TÍTULO: ANÁLISE DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE MELÃO

AUTORES: SILVA, A.M. (UECE) ; PINHEIRO, J.L. (UECE)

RESUMO: O melão é um importante produto do agronegócio no Nordeste, e o Brasil se destaca como 5º no ranking dos exportadores mundiais, sendo que 90% da produção está localizada na Região Nordeste, principalmente no Ceará, constituindo importante fonte de emprego e renda na Região do Semi-Árido. O cultivo do melão envolve o uso de grande quantidade de pesticidas, entretanto quando utilizados acima dos valores máximos permitidos constituem um risco inaceitável para a saúde dos consumidores. A crescente preocupação da sociedade com a contaminação do meio ambiente e também com possíveis quantidades remanescentes de pesticidas nos alimentos. Este trabalho propõe um método alternativo de controle sobre possíveis quantidades de pesticidas remanescentes no melão.

PALAVRAS CHAVES: melão, pesticida

INTRODUÇÃO: Uma das atividades econômica que mais têm apresentado desenvolvimento nos últimos anos no Estado do Ceará é o cultivo de frutas para exportação, visando principalmente o mercado europeu e o norte-americano. Dentre as frutas que mais tem contribuído para esse crescimento, encontra-se o melão. Sua produção está localizada na Região Nordeste, principalmente no Ceará. Com a exportação dessas frutas veio a necessidade de um rigoroso controle dos resíduos de pesticidas presentes, visto que nos países de primeiro mundo, alimentos que apresentam resíduos de pesticidas acima dos valores estabelecidos pelas suas legislações não são admitidos nesses mercados. No Brasil, a legislação também impõe normas de uso e limita as quantidades de pesticidas que podem estar presentes nos alimentos. Infelizmente, para os produtos que são consumidos no mercado interno não há condições ideais de fiscalização, ficando a nossa população exposta a produtos que possuem resíduos de pesticidas acima daqueles permitidos pela lei. A maior parte das análises realizadas para determinar quantidades remanescentes de pesticidas em alimentos, água e solos são realizadas por técnicas cromatográficas. O presente trabalho propõe um método alternativo de análise por métodos cromatográfico, tendo sido escolhido para esse trabalho um pesticida que é bastante usado na lavoura do melão, Dithane, cujo princípio ativo contém em sua formulação o metal manganês (o que torna possível a sua determinação por métodos cromatografico). Este trabalho foi realizado no laboratório de química.


MATERIAL E MÉTODOS: No laboratório foram realizados quantificação do teor de manganês no pesticida Dithane por espectrofotometria de absorção molecular. Foram utilizadas vidrarias comuns de laboratório: erlenmeyer (250mL), pipetas, chapa aquecedora, balão Volumétrico (100mL) e balança analítica. As principais espécies químicas empregadas foram: KIO4, HNO3 1:1, H2SO4 1:1 e H3PO4 1:1. O processo completo de análise é composto pelas etapas principais de amostragem, Preparação da amostra e determinação espectrofotométrica. O melão da amostra analisada foi adquirido na CEASA (Central de Abastecimento do Ceará – S/A) em Fortaleza-CE. A amostra foi dividida em 9 pedaços de 100 gramas aproximadamente cada. Preparou-se uma solução de 100 mg/kg do pesticida escolhido para esse estudo com 1 l de água destilada. Em seguida, enriqueceu cada pedaço (através de uma injeção) com solução aquosa do pesticida escolhido para esse estudo. As amostras enriquecidas foram então submetidas ao processo de maceração manual, a uma temperatura de 25º C, depois do qual foram tratadas de modo a converter o manganês presente em permanganato desenvolvendo assim, cor característica do permanganato para poder ser determinado por método espectrofotométrico de absorção molecular na região do visível.




RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados iniciais obtidos para as várias absorbâncias das amostras analisadas permitiram evidenciar a viabilidade do emprego do método espectrofotométrico de absorção molecular para a determinação de resíduos de pesticidas no melão. As absorbâncias obtidas para a recuperação dos pesticidas nas concentrações de 1 mg/kg, 3mg/kg e 5mg/kg foram, respectivamente, 0.546, 0.655, e 0.827, os quais estão acima dos valores esperados. Isto nos permite considerar a possibilidade de que a amostra utilizada para os testes de recuperação já continham certas quantidades remanescentes de pesticida mancozeb como princípio ativo, indicando a presença do pesticida Dithane ou outro similar contendo manganês em sua composição.
Utilizando-se a curva de calibração pode-se calcular que a amostra já pudesse conter uma quantidade de cerca de 9,8 mg/kg de uma espécie pesticida que contivesse o citado princípio ativo, sendo que o limite aceitável pela legislação brasileira é de 7 mg/kg, o que corresponde a um excedente de 40%. Subtraindo–se a absorbância relativa a 9,8mg/kg, das absorbâncias obtidas nos testes de recuperação. os resultados de recuperação mostraram-se bons (na faixa aceitável de 70-120%), e a precisão dos dados, expressa pela estimativa do desvio padrão, também se mostrou satisfatória.

CONCLUSÕES: Infelizmente pela curva de calibração obtida no experimento, pode-se observar que a amostra já contém uma certa quantidade de pesticida. Isto foi detectado na amostra utilizada para os testes de recuperação e que essas quantidades remanescentes de pesticida encontrada é a mancozeb como princípio ativo, indicando a presença do pesticida Dithane ou outro similar contendo manganês em sua composição. Significa informar que o melão que estamos consumindo, vindo do fornecedor, nos deixa preocupados pois estamos consumindo com pesticida e sem saber se encontra no limite aceitável. É lamentável.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRADE, R.M.B. Determinação de resíduos de herbicidas em derivados da cana-de-açúcar através de métodos analíticos de alta resolução (SFE, HRGC, GC/MS), Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo - USP, julho 1995.

ANDREI, E. Compêndio de defensivos agrícolas, 7.ed. S.Paulo: Editora Andrei, 2005.

GOMES, R. P. Fruticultura Brasileira. 12.ed. S.Paulo: Nobel, 1993.

LANÇAS, F. M. Cromatografia em Fase Gasosa. São Carlos-SP: Acta, 1993.